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Fusão entre Marfrig e BRF inclui super dividendo de R$ 6 bilhões

Marfrig vai distribuir R$ 2,5 bi aos acionistas e BRF outros R$ 3,5 bilhões no contexto da operação que acaba de ser anunciada

BRF: Fusão consolida uma ofensiva da Marfrig que começou em 2021 (Germano Lüders/Exame)

BRF: Fusão consolida uma ofensiva da Marfrig que começou em 2021 (Germano Lüders/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 15 de maio de 2025 às 20h23.

A proposta da Marfrig (MRFG3) para a fusão com a BRF (BRFS3), empresa da qual já tem 50,5% do capital, inclui uma grande distribuição de dividendos aos acionistas.

Antes da incorporação, a dona da Sadia e da Perdigão vai distribuir R$ 3,5 bilhões aos acionistas, o máximo previsto pelo estatuto. A Marfrig, por sua vez, vai distribuir R$ 2,5 bilhões.

A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF detida, considerando a distribuição máxima de proventos.

A união cria uma empresa de receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses e com 38% do portfólio de produtos processados e sacramenta uma fusão especulada desde 2021.

No primeiro semestre daquele ano, a Marfrig avançou com apetite voraz na BRF chegando a uma participação de 25% comprada em bolsa em poucos pregões, mas prometendo uma posição 'passiva', o que deixou muitos investidores à época coçando a cabeça.

Ao longo dos meses, foi aumentando ainda mais participação até superar os 30% e ficar perto da barreira de um terço do capital que dispararia a necessidade de uma oferta pelo controle da companhia.

A poison pill só foi abandonada em julho de 2023, quando a BRF chamou um cheque de R$ 4,5 bilhões para reduzir seu endividamento, com boa parte bancada pela empresa de Marcos Molina, que chegou a 40%. (A Salic, da Arábia Saudita, entrou na operação e ficou com uma fatia de 16%)

O controle inconteste veio em dezembro daquele ano, quando a Marfrig voltou às compras e gastou mais R$ 300 milhões para chegar a 50,5% do capital.

O que são dividendos?

Os dividendos são uma forma de remuneração ao investidor, representando uma parte dos lucros gerados por empresas, fundos imobiliários e outros investimentos que oferecem esses pagamentos.

Cada tipo de ativo segue uma legislação específica para a distribuição de dividendos, que define não apenas a proporção mínima de lucros a ser distribuída, mas também as regras de tributação desses rendimentos.

Quando alguém possui participação em uma empresa, essa participação dá direito a remunerações específicas, como os dividendos, que são pagos proporcionalmente ao número de ações que cada investidor possui.

Todas as empresas listadas na Bolsa de Valores são obrigadas a distribuir dividendos sobre os lucros gerados, pelo menos uma vez ao ano. Contudo, as empresas têm liberdade para determinar o percentual a ser pago, inclusive para ações de baixo valor que pagam dividendos mensais.

A porcentagem mínima de lucros a ser distribuída deve estar estipulada no estatuto social da empresa, conforme a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S/A). Se isso não estiver previsto no estatuto, a empresa deve distribuir 50% do lucro líquido ajustado.

Embora não seja obrigatório estabelecer um percentual mínimo, desde que mencionado no estatuto, muitas empresas optam por pagar dividendos elevados para atrair mais investidores, o que é um fator importante na decisão de se tornar acionista.

Como escolher ações que pagam bons dividendos?

Uma das questões a serem avaliadas na escolha das melhores ações desse tipo é o seu payout, que representa o percentual do lucro da empresa que foi destinado aos investidores durante um certo período.

Além disso, outra métrica importante para avaliar isso é o dividend yield, que corresponde ao retorno teórico em porcentagem dos dividendos distribuídos dentro de um determinado período. Nesse caso, ele é obtido pela relação entre os valores por ação pagos aos acionistas pelo preço do papel.

Embora esses dois indicadores sejam importantes, eles não devem ser levados em consideração de maneira isolada. Isso porque os rendimentos pagos no passado não são garantia de retorno futuro.

Assim, é relevante fazer uma análise fundamentalista daquela empresa e verificar qual a perspectiva para ela no futuro. Afinal, será que ela continuará tendo retornos consistentes que permitem a continuidade no patamar atual de distribuição? Quais são as expectativas para o futuro, considerando o contexto da companhia e da economia brasileira e mundial? Tudo isso deve ser levado em conta.

Ademais, o perfil de investidor e os objetivos financeiros pessoais também não podem ficar de fora dessa análise. Isso porque as ações que pagam dividendos contam com seus próprios riscos e o acionista deve ter isso em mente na hora de escolher qualquer empresa para investir.

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