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Entre os melhores: o trader representa o Brasil na Copa do Mundo de Investimentos

Eduardo Ramos conquista mais um pódio no World Cup Trading Championship, iniciado em 1984 e com competidores do mundo inteiro

Eduardo Ramos: trader competidor do World Cup Trading Championship (Leandro Fonseca/Exame)

Eduardo Ramos: trader competidor do World Cup Trading Championship (Leandro Fonseca/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 06h45.

Última atualização em 11 de janeiro de 2024 às 10h40.

O trader brasileiro Eduardo Ramos voltou a ganhar lugar de destaque no World Cup Trading Championship, o maior campeonato de investimentos do mundo. Na competição desde 2017, Ramos conquistou seu segundo troféu ao ficar na terceira colocação do campeonato trimestral de day trading. Seu retorno, em apenas um trimestre, foi de 34%. Foram cinco anos desde seu primeiro pódio, quando ficou em segundo no campeonato semestral de Índice e Juros futuros em 2018.

"Esse segundo troféu foi bastante importante, porque demonstra consistência de meu trabalho, que é fundamental para um trader", afirma Eduardo Ramos em entrevista exclusiva à Exame Invest.

Ramos é engenheiro formado pela Poli-USP, assim como um dos gestores que mais admira, Luis Stuhlberger, da Verde Asset. Mas enquanto um entrou cedo no mundo dos investimentos, o outro fez carreira na Receita Federal, distante dos escritórios de fundos e corretoras da Faria Lima, centro financeiro da capital paulista. No campeonato, porém, o trader enfrenta competidores do mundo inteiro, sendo muitos com larga experiência em grandes instituições financeiras.

O brasileiro, no entanto, passa longe de ser um novato no mercado financeiro. Já se foram quase 30 anos desde que comprou suas primeiras ações, em 1997. Tudo que aprendeu foi em cursos e em livros, especialmente do investidor americano Larry Williams, uma das inspirações que o levou a participar do World Cup Trading Championship. Williams venceu a competição de trading em 1987, na quarta edição do campeonato iniciado em 1984, com um retorno de 11.376%. Ninguém nunca superou a marca.

"Foi lendo os livros de Larry Williams que comecei a montar minhas séries históricas em busca de padrões. A partir daí, fui aprimorando os modelos."

Como base para suas negociações, Ramos mescla o uso de padrões históricos com sinais de tendência, como médias móveis de preços. No campeonato, opera apenas um ativo: o microcontrato de S&P 500. A cada dia é feita apenas uma operação de compra ou de venda, colocando em risco, no máximo, 10% do capital. As travas de ganho ou perdas nas negociações, conta, variam de acordo com a volatilidade do mercado e são sempre espelhadas. "Quando está mais volátil, é preciso ter mais espaço para o stop loss, pois há maior risco de a operação ser encerrada antes de uma eventual recuperação", afirma.

Até os anos anteriores, Ramos tinha o Índice VIX como medida de volatilidade, mas passou a utilizar as médias móveis. "Quando a tendência é de queda, por exemplo, o mercado costuma ser muito mais volátil". O trader também deixou de montar posições vendidas, que se beneficiam da queda de preços. "As ações costumam subir mais do que cair em períodos de um mês ou um ano. Então, tento utilizar a estatística a meu favor." Quando os sinais estão desfavoráveis, Ramos prefere ficar de fora a apostar na queda.

Ramos, inclusive, atribui a inclusão de padrões que permitissem a aposta vendida como um dos fatores para a perda na Copa do Mundo de 2019, quando chegou a liderar a competição anual do World Cup Trading Championship com uma rentabilidade de 385%. "Hoje, meus modelos estão mais próximos do que eram no início daquele campeonato."

Neste ano, Ramos volta a competir pela categoria anual do World Cup Trading Championship e trimestral. Os valores mínimos para a competição são de US$ 10.000 no campeonato que dura o ano inteiro e de US$ 2.500 no trimestral.

Clube Horizon: onde o trader vira gestor

Embora esteja acostumado a correr riscos ao montar suas operações de trading, Ramos prefere o tradicional buy and hold na gestão do próprio patrimônio. Boa parte de suas reservas é gerida por meio de um clube de investimentos, o Horizon, tocado com seu amigo Fernando Falchi, que conheceu quando estudaram juntos no Colégio Naval, desde 2009. Seu retorno líquido, desde então, é próximo de 230%. "Mas a rentabilidade começou a melhorar mesmo a partir de 2016, com a evolução do modelo de gestão. Quando alguém pergunta meu histórico de rentabilidade, esse é o meu histórico." Sob gestão estão quase R$ 1 milhão.

Além dele e de seu amigo que ajuda na gestão, outras 20 pessoas estão no clube, que, por questões regulatórias, é limitado a 50 cotistas. O clube chegou a ter mais cotistas durante a pandemia, mas alguns decidiram sair porque esperavam por um posicionamento mais agressivo no mercado. "Explicamos que não iríamos correr riscos desnecessários e, depois de algum tempo, veio a queda de preços."

No clube, Ramos busca formar um produto que dê o máximo de retorno com um nível de volatilidade quase sempre inferior ao do Ibovespa. Isso, afirma, ajuda a reduzir o potencial de perda máxima do fundo. Em março de 2020, por exemplo, quando a chegada da pandemia derrubou o Ibovespa em 30%, o Horizon perdeu apenas 3,9%.

Para controlar o risco, Ramos mantém parte do portfólio vendido em futuros do índice Ibovespa. São 17 ações que formam o clube, sendo que algumas posições estão montadas há mais de uma década, como em Petrobras, Vale, Bradesco, Itaú e B3.

Os critérios para a compra de uma ação, segundo Ramos, são um histórico de lucros consistentes por pelo menos seis anos e alta liquidez de forma a representar pelo menos 0,5% do Ibovespa.

A seis anos de se aposentar na Receita Federal, Ramos espera que as experiências adquiridas nos campeonatos de trading e na gestão não remunerada do Horizon contribuam para depois da aposentadoria. "Até lá quero me consolidar em uma nova carreira, que é a de gestão de investimentos. Então, estou trabalhando para isso."

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