B3: O Brasil sinalizou que uma alta prevista para maio provavelmente será sua última depois de aumentar a taxa básica em quase 10 pontos percentuais em apenas 13 meses (Germano Lüders/Exame)
Bloomberg
Publicado em 11 de abril de 2022 às 11h21.
Última atualização em 11 de abril de 2022 às 15h08.
Traders de títulos de mercados emergentes têm um novo desafio: prever quais bancos centrais serão os primeiros a interromper os aumentos das taxas de juros, e depois comprar títulos desses países.
Embora isso possa parecer prematuro para investidores que estão digerindo o primeiro aumento de juros do Federal Reserve desde 2018, a América Latina saiu na frente nesse jogo de adivinhação de alto risco depois que as nações da região começaram a apertar agressivamente suas políticas monetárias há cerca de um ano.
O Brasil sinalizou que uma alta prevista para maio provavelmente será sua última depois de aumentar a taxa básica em quase 10 pontos percentuais em apenas 13 meses, e os bancos centrais do Chile e da Colômbia aumentaram o custo do dinheiro no mês passado.
É claro que a inflação acima do esperado ainda pode inviabilizar isso, mas a promessa de “pico de alta” para certas nações da região faz com que BNP Paribas Asset Management e PineBridge Investments prevejam as curvas se acentuando na América Latina, criando oportunidades em títulos de curto prazo.
O Goldman Sachs está recomendando uma estratégia em que os investidores apostam em títulos de curto prazo versus títulos de longo prazo - principalmente no Brasil e no Chile.
“Esperamos que alguns bancos centrais latino-americanos comecem a desacelerar o ritmo de seu ciclo de alta, pois achamos que estão se aproximando de suas taxas finais”, disse Clemente Niel, gestor de fundos no BNP Paribas Asset Management em Londres.
O contraste com mercados emergentes na Ásia não poderia ser mais gritante. Bancos centrais da Índia, Malásia, Indonésia, Tailândia e Filipinas devem começar a aumentar as taxas apenas no segundo semestre deste ano, de acordo com a estimativa mediana de economistas consultados pela Bloomberg.
O aperto monetário provavelmente pesará sobre os títulos de vencimento mais curto e achatará a curva de rendimentos.
Na Europa, enquanto as autoridades na Polônia, Hungria e República Tcheca já aumentaram as taxas acima dos níveis pré-pandemia, devem permanecer hawkish, pois a proximidade com a guerra na Ucrânia está adicionando incerteza extra às suas perspectivas econômicas, além de causar a disparada nos preços de suas importações de energia. Ambos os fatores são negativos para seus títulos.
Isso colocou o foco firmemente na América Latina, onde as curvas de juros têm muito espaço para se inclinarem, já que agora estão abaixo de suas médias de longo prazo.
A ponta mais curta da curva de juros brasileira está atualmente invertida, com rendimentos de dois anos mais de 0,7 ponto percentual acima dos de cinco anos, contra o spread médio de 1,47 ponto percentual desde abril de 2017.