Prédio verde: ativos são mais resilientes e tendem a atrair mais grandes corporações (EXAME/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 25 de junho de 2022 às 07h00.
Prédios verdes têm custo maior, mas têm se mostrado eficientes na performance do ativo ao longo do tempo. Edifícios com certificações de sustentabilidade têm menor taxa de vacância e maiores aluguéis, o que os tornam boas opções para investidores, tanto pessoas físicas como fundos imobiliários.
É o que apontou Satoshi Yadoya, diretor de desenvolvimento de negócios da Cushman & Wakefield. O executivo participou do programa FIIs em EXAME, que vai ao ar no YouTube às sexta-feiras, 15h, e é apresentado por Arthur Vieira de Moraes, especialista no tema.
A média do preço pedido do aluguel nos prédios de escritórios classificados como A e A+ é 24% maior se comparadas à média de preço de edifícios com qualidade sem certificação. Nos prédios certificados, é cobrado R$ 109,19 por metro quadrado locável, enquanto em edifícios sem certificação é cobrado R$ 89,90.
Já a vacância de prédios certificados é de 26,90%, quando em prédios sem certificação é quase o dobro: 41,84%. Os certificados tem menor vacância, pois acabam sendo mais resilientes nas crises, e também são os mais requisitados pelos grandes ocupantes, empresas internacionais.
O universo da pesquisa são 777 prédios administrados pela Cushman & Wakefield, dos quais 113 são certificados.
Um prédio certificado pode interferir até mesmo no bem estar das pessoas que trabalham ou vivem no empreendimento, bem como em seu entorno.
"A certificação não leva em conta apenas fatores ambientais, mas sim práticas ESG. Para medir o bem-estar, pode acompanhar se o local oferece comidas mais saudáveis, tem ar de qualidade, provoca muitos ruídos e oferece amenidades de conforto. É uma tendência que vem se acelerando no pós-pandemia".
No campo de eficiência de consumo, analisados por grandes locadores, a certificação exige equipamentos no empreendimento, como arejador de torneira, lâmpadas LED de alta eficiência, uso de iluminação natural e coleta seletiva.
O empreendimento também exige responsabilidades com fornecedores e tem regras até para iluminação externa, que pode interferir em microambientes de insetos, aves e vizinhos. "Quem já viu prédio comercial ao lado de residencial com holofotes de luz sabe o quanto não agrada. Dá para fazer isso sem ter impacto no outro", explica Yadoya.
Já existem 316 espaços certificados no país. Apesar de estar muito atrás de países como os Estados Unidos, nos quais existem 11.948 espaços certificados, Yadoya aponta uma grande evolução na quantidade de certificações no país na última década. Tanto que boa parte dos novos selos do mercado são mais recentes.
Entre as principais, estão o Aqua, Leed Zero, Edge e Procel. Há até mesmo certificados que têm foco na saúde e bem estar no espaço de trabalho, como o Fitwel. "As certificações são evoluções de iniciativas pioneiras na Europa, dilapidadas ao longo do tempo. Exigem uma série de pré-requisitos, como produtos, materiais, cadastros de fornecedores e destinação de resíduos da obra".
Fundos imobiliários: como escolher em qual investir?
Fundos imobiliários: o que falta você enxergar nos escritórios?
A certificação, apontao Yadoya, deve começar na concepção projeto. "Isso é fundamental para o sucesso dela". Mas, explica, nao significa que prédios que passem por retrofit não possam ser certificados. "Contudo, dependendo dos sistemas construtivos existentes no empreendimentos, eles podem restringir e até impedir certificações."
Yadoya recomenda um selo de manutenção do edifício, com licença renovável, além da certificação de desenvolvimento. "Dessa forma, é garantido não apenas que o prédio é verde, mas que o proprietário está zelando por tudo. É um atrativo para investimentos. Na pandemia, esses prédios tiveram menor risco vacância e geraram menor saída de empresas. São resilientes".