Petrobras: Retorno total ao acionista compensa riscos da tese, diz BTG (André Motta de Souza / Agência Petrobras/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 10 de março de 2025 às 15h47.
As ações da Petrobras acumulam queda de mais de 10% em dólar desde a divulgação do balanço do quarto trimestre, que frustrou as expectativas do mercado com uma distribuição de dividendos menor que esperado e gastos maiores com investimentos.
Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame), a reação do mercado foi exagerada, abrindo um bom ponto de entrada no papel. “Ainda vemos um retorno total ao acionista bastante relevante, que mais do que compensa os riscos envolvidos na tese de investimento”, escreveu a equipe liderada pelo analista Luiz Carvalho.
O banco prevê um preço-alvo de R$ 58 para as ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) listadas na B3 para o fim do ano – um potencial de valorização de 29% e 56%, respectivamente, em relação aos patamares atuais.
Ao retorno potencial, soma-se ainda um dividend yield de pelo menos 14%, aponta o BTG, que tem o papel como sua principal recomendação no setor de petróleo e gás.
Carvalho afirma que, apesar do mercado ser ‘traumatizado’ com decisões de investimento ruins da Petrobras na última década, desta vez o aumento inesperado de capex anunciado junto com o balanço do quarto trimestre tem uma natureza diferente.
Segundo a Petrobras, os gastos foram acelerados para evitar riscos de atraso na evolução de produção de Búzios, um dos principais campos na companhia.
“O aumento do capex agora é inteiramente direcionado para o core business, especialmente em seu campo mais rentável. Nenhum projeto de refinarias e em outras áreas não core foi anunciado”, escreveu o analista. “E os principais mecanismos de governança corporativa da empresa continuam funcionando, o que protege contra uma virada de 180 graus no seu plano de negócio.”
O BTG reconhece que a comunicação do aumento de capex foi muito atrapalhada – o que gera ainda mais ruídos num mercado que já tem o pé atrás em relação a uso da companhia como forma de estimular a economia.
A avaliação do banco é que a aceleração dos gastos em 2024 provavelmente vai reduzir os gastos para este ano. A projeção do BTG é de um capex de US$ 16,65 bilhões, 10% abaixo do guidance oferecido pela companhia – um número que, em sua visão, pode ainda ser revisado para baixo.
“O que nos mantém confortável com a tese de investimento de Petrobras é que, mesmo sob hipóteses conservadoras, os payouts em dividendos continuam elevados – e essa é a métrica mais importante para reduzir a percepção de risco no curto prazo", diz Carvalho, ressaltando que é possível que o mercado espere ‘ver para crer’ que o aumento dos investimentos foi um fator extraordinário.