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Cerveja mais cara, ação barata: por que BofA e Itaú estão mais otimistas com Ambev

Analistas projetam recuperação de margem no quarto trimestre e projetam potencial de alta de pelo menos 20% para a ação; balanço será divulgado no fim de fevereiro

Spaten: marca tem ajudado Ambev a conquistar participação de mercado (Divulgação/ Ambev/Site Exame)

Spaten: marca tem ajudado Ambev a conquistar participação de mercado (Divulgação/ Ambev/Site Exame)

Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 11h52.

Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 11h54.

A Ambev (ABEV3) está entre as últimas empresas brasileiras a divulgar balanço do quarto trimestre, previsto apenas para 29 de fevereiro. Mas o resultado já é aguardado com otimismo pelo mercado.

Com a cerveja mais cara, analistas do Bank of America esperam que a Ambev apresente recuperação de margens em suas operações no Brasil no trimestre. Para a margem Ebitda, a projeção é de uma alta de 5,1 pontos percentuais (p.p.) para 36,9%, após cinco anos de contração.

Aumento de margem e ganho de mercado

"Esperamos que essa estratégia continue a apoiar muito as margens em 2024, reforçada pelos preços da cerveja, custos mais baixos e sinergias em gastos gerais, administrativos e com vendas (SG&A, na sigla em inglês). Além de aumentar os preços, a Ambev tem conseguido ganhar participação de mercado", afirma o Bank of America em relatório. Os analistas estimam 1,3 p.p. de ganho de mercado para a Ambev, muito devido ao "fenômeno Spaten", e de 5,3 p.p. desde 2022, enquanto a Heineken perdeu 2,6 p.p. no período. Segundo o BofA, a Ambev teria 61,3% do mercado de cerveja do Brasil, a Heineken, 31,1% e a Petrópolis, 7,5%.

"Vemos um mercado de cerveja ainda competitivo, mas muito mais racional no Brasil em comparação com alguns anos atrás. Isso permitiu à Ambev aumentar os volumes ao mesmo tempo em que aumentou os preços e começou a recuperar margens. Apesar de uma difícil comparação de volumes, ainda vemos uma combinação de demanda resiliente e preços sustentados."

Dado o momento e o nível de preços, o BofA reiterou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 16, cerca de 20% acima da cotação atual.

Mesmo no Itaú BBA, onde insistem em manter recomendação neutra para a ação, os analistas veem sinais positivos por vir. "Nós concordamos que o custo por produto vendido (COGS, na sigla em inglês) na divisão Cervejas Brasil deverá impulsionar o momento positivo da companhia."

A projeção do Itaú BBA é de que a companhia apresente R$ 7,5 bilhões de Ebitda, com aumento de margem de 3,1 p.p. na comparação anual. Para o volume, no entanto, a expectativa dos analistas é de que a companhia apresente números estáveis em relação ao quarto trimestre de 2022, quando a Copa do Mundo contribuiu para o aumento de vendas. Para o Itaú, as altas temperaturas registradas no último trimestre ajudariam nas vendas, "mas chuvas acima do normal pressionaram os volumes no trimestre."

Itaú vê potencial de alta, mas mantém cautela

Apesar da melhora de momento, os analistas do BBA justificaram que o nível de valuation ainda não está tão atrativo a ponto de recomendar a compra. Na casa, porém, o preço-alvo para a ação está em R$ 17, sugerindo um potencial de alta de pelo menos 25%. Pelas contas da casa, a ação estaria sendo negociada a um preço/lucro próximo de 16 vezes, abaixo do histórico, mas há riscos que não podem ser ignorados.

"A aceleração do impulso na divisão Cervejas Brasil provavelmente beneficiará a Ambev nos próximos trimestres, mas preferimos ficar à margem devido à falta de visibilidade sobre temas importantes que poderiam ter um impacto significativo no valuation da Ambev", escreveram os analistas. Entre esses temas, os analistas elencaram a baixa visibilidade sobre passivos fora do balanço, potencial taxação seletiva sobre seus produtos e cenário desafiador para as operações na Argentina.

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