Computação na nuvem: Microsoft é o BDR mais recomendado para quem deseja investir no segmento (Jeenah Moon/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 27 de outubro de 2022 às 06h00.
A computação na nuvem, sistema que permite que servidores, redes, ferramentas de desenvolvimento e aplicativos sejam hospedados e usados na própria internet, é oferecida por gigantes como Microsoft e Amazon. Apesar de já ter crescido consideravelmente, é um setor que está apenas começando a evoluir, o que gera oportunidade para investidores, de acordo com um relatório temático feito pelos analistas Guilherme Bellizzi e Ricardo Peretti, do banco Santander.
O gasto global com tecnologia da informação estimado para 2023 é de 2,3 trilhões de dólares. Desse total, o setor representa 15%, calcula a consultoria Gartner. A projeção dos analistas é de que os gastos com TI em 2032 saltem para 5,4 trilhões de dólares, quando é esperado que a computação em nuvem corresponda a 40% dos gastos totais, ou seja, 2,2 trilhões de dólares. Isso significa um crescimento anual na casa de 20% durante uma década.
O segmento deve crescer de forma intensa porque o serviço representa um alívio financeiro para empresas que desejam fazer investimento em tecnologia, mas não conseguem realizar grandes gastos com equipamentos, licenciamentos, manutenções e contratações de profissionais de TI. Além de poder ser pago conforme o uso, ele é seguro, pois os dados são replicados diversas vezes no ambiente digital de forma a gerar backups.
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A terceirização de todo esse investimento por meio do serviço oferecido pelas empresas de computação em nuvem tornam acessível um investimento do qual as empresas não poderão correr, sob o risco de se tornarem obsoletas ou desaparecer. Além disso, é um investimento que deve crescer à medida em que mais dados digitais precisam ser armazenados. De acordo com pesquisa publicada no MIT Technology Review, 90% dos dados existentes atualmente foram gerados apenas nos últimos dois anos.
As ações de gigantes da tecnologia são negociadas nas bolsas americanas. Mas é possível investir nesses papéis mesmo sem abrir conta no exterior: basta aplicar o dinheiro nos BDRs, os Brazilian Depositary Receipts. Eles nada mais são do que recibos de ações dos Estados Unidos, negociadas na B3 e em reais.
Mesmo negociados em reais, os BDRs acompanham a desvalorização ou valorização do real ante a moeda americana. Portanto, o investimento em BDRs inclui o risco da moeda.
Ativos que acompanham o dólar são recomendados para uma parte da carteira de investimentos. Isso porque o dólar, como moeda forte, serve como contrapeso em cenários de aumento de riscos. Por exemplo, quando a bolsa de valores cai e os juros sobem no Brasil, o real se desvaloriza ante o dólar, e quem investe na moeda americana ganha.
Os analistas do Santander apontam que, em geral, empresas de computação na nuvem conseguem obter margens de lucro elevadas mesmo oferecendo um serviço que é economicamente vantajoso aos clientes
Contudo, é necessário ter cautela. O setor de tecnologia é composto por diversas startups que apresentam risco operacional elevado. Na outra ponta, grandes empresas podem negociar a múltiplos elevados de seu valor de mercado, e sofrer em um cenário global de alta de juros como o atual.
Por isso, com base em suas linhas de negócios, mercados e projeções internas de resultado, os analistas recomendam seus papéis preferidos em um relatório temático. A análise também filtrou empresas por sua capitalização de mercado, volume de negociação e existência de programas de BDRs. A conclusão dos analistas é de que as empresas mais recomendadas para se expor à computação em nuvem são a Microsoft, a Amazon e a Salesforce.
Microsoft (MSFT34)
Principal recomendação da corretora, a unidade da empresa de software, Azure, vem registrando forte adesão de clientes empresariais e ganhando consistentemente participação no mercado: a fatia da empresa no setor já atinge 22%. O modelo de negócios da empresa permite uma estratégia bem-sucedida de vendas casadas, já que oferece diversas soluções para empresas. Na projeção divulgada pela Microsoft, é esperado um crescimento de dois dígitos da receita líquida em 2023, crescimento do lucro operacional e margens estáveis.
Amazon (AMZO34)
O maior faturamento do grupo já vem de sua unidade de publicidade digital e da computação em nuvem, segmento no qual detém uma fatia de 30%, o que a torna líder do setor. A Amazon Web Services (AWS) já multiplicou sua receita por cerca de 80 vezes nos últimos dez anos, saltando de 1 bilhão de dólares para 80 bilhões de dólares previstos para o final deste ano. Segundo os analistas, seu modelo de negócios, que gera receitas conforme seus recursos são demandados, é atrativo e gera previsibilidade. O guidance da empresa para o terceiro trimestre do ano é estimado entre 125 e 130 bilhões de dólares, versus 126,9 bilhões de dólares registrados no segundo trimestre.
Salesforce (SSFO34)
Gigante em programa de relacionamento com clientes (CRM), a empresa oferece soluções para que empresas gerenciem, analisem e automatizem interações com clientes, e gera receita por meio de vendas de assinaturas de computação em nuvem nesta plataforma. Hospedada na nuvem, a plataforma é acessível e tem interface intuitiva e simples. A empresa vem expandindo suas margens operacionais acima do esperado, o que reforça o foco da gestao em incremento de rentabilidade e maior eficiência.
Datadog (D1DG34), Snowflake (S2NW34) e Crowdstrike (C2RW34)
O relatório da corretora ainda indica BDRs de empresas líderes de software que fornecem ferramentas para equipes de desenvolvimento, serviços de análise, gerenciamento de banco de dados e aplicações de cibersegurança. Mas como os negócios estão em estágio menos maduro, esses BDRs são mais indicados para quem tem perfil arrojado e objetivos de longo prazo.