J.P. Morgan: ouro tem potencial para crescer ainda mais, ultrapassando o recorde de US$ 3,5 mil por onça (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 22 de abril de 2025 às 17h15.
Última atualização em 22 de abril de 2025 às 17h24.
O preço do ouro superou pela primeira vez os US$ 3,5 mil por onça. O DXY, índice que mede o desempenho do dólar americano frente a uma cesta de moedas, por outro lado, caiu tanto que voltou a níveis vistos em 2022. Isso é resultado do temor de desaceleração econômica nos Estados Unidos após o “tarifaço” do presidente Donald Trump.
Além disso, o republicano também flertou com a ideia de demitir Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve, fazendo com que o mercado largasse mais um pouco a mão do dólar — e fechasse com o ouro.
Para analistas do J.P. Morgan, o metal tem potencial para crescer ainda mais, ultrapassando o recorde visto hoje.
O banco prevê um aumento significativo nos preços do ouro, antecipando que ultrapassarão os US$ 4 mil por onça até o segundo trimestre de 2026.
“Espera-se que os riscos de recessão e estagflação impulsionados por tarifas continuem a superalimentar a corrida de alta estrutural do ouro”, afirmam os analistas, que veem os preços do ouro atingindo uma média de US$ 3,6 mil por onça já no quarto trimestre de 2025.
A previsão de preços é baseada nos ganhos já obtidos no primeiro trimestre, e os analistas apontam para a forte demanda contínua de investidores e bancos centrais como os principais impulsionadores.
O J.P. Morgan não acredita que a diversificação de reservas esteja esgotada, e acreditam que a atual incerteza política e comercial e as alianças geopolíticas mais imprevisíveis e em mudança continuarão a alimentar a compra de ouro. Os analistas também não enxergam um potencial cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia e o retrocesso das restrições à Rússia como fatores capazes de prejudicar as compras de ouro pelos bancos centrais.
“O potencial de um reengajamento entre a Rússia e o Ocidente não muda o fato de a Rússia ter sido rapidamente excluída do sistema SWIFT em 2022, um elemento chave que desencadeou a onda de compras de ouro pelos gestores de reservas em primeiro lugar”, explicam no relatório.
Quanto o assunto são os investidores, os analistas afirmam que o ouro continua sendo uma das coberturas ideias para o cenário que une estagflação, recessão, desvalorização e riscos de política dos EUA para os próximos anos. “O aumento das probabilidades de uma recessão nos EUA e o potencial para cortes mais rápidos das taxas de juro por parte da Fed em resposta reforçam ainda mais esta narrativa de alta”, opinam.
Uma queda inesperada na procura dos bancos centrais é o maior risco fundamental à alta do ouro, afirmam os analistas do J.P. Morgan. De uma perspectiva macroeconômica, uma rápida sucessão de acordos comerciais bilaterais, incluindo um acordo com a China em pouco tempo, poderia afetar o preço do metal, à medida que as probabilidades de recessão diminuem.
Mesmo assim, a incerteza comercial e política deve permanecer “extremamente elevada”, e isso não é necessariamente visto como uma mudança radical na tendência da procura de ouro.
O que de fato colocaria o preço do ouro em xeque seria um crescimento econômico dos EUA a despeito das tarifas.
“Caso o país permanecesse extremamente resiliente, permitindo que a Fed se tornasse muito mais proativo no combate aos riscos de inflação, levando os mercados a precificarem aumentos de taxas mesmo antes que a inflação preocupante realmente chegasse. Ainda pensamos que este cenário está longe do nosso caso base agora, mas desencadearia uma rotação acentuada e sustentada dos investidores para fora do ouro", opinam os analistas.