Rodrigo Leone (à esquerda) e Walter Forte, sócios-fundadores da Octo Capital, escritório de agentes autônomos parceiro do BTG Pactual na região Nordeste | Foto: Octo Capital/Divulgação (Octo Capital/Divulgação)
Marcelo Sakate
Publicado em 28 de dezembro de 2021 às 07h00.
Última atualização em 28 de dezembro de 2021 às 08h26.
O aumento da concorrência no mercado financeiro, que tem como grande vencedor o investidor, tem nova frente de disputa: as grandes cidades do Nordeste. Assim como já ocorre em outras regiões do país, o investidor ganha alternativas para superar a limitação de produtos e retornos dos bancos por meio do acesso à prateleira das plataformas abertas das corretoras.
Um dos players que estão liderando a disputa pelo investidor da região é a Octo Capital, um escritório de agentes autônomos com sede em João Pessoa, na Paraíba, e comandado por Walter Forte e Rodrigo Leone.
O escritório mais do que triplicou de tamanho neste ano, saltando de cerca de 120 milhões de reais em ativos sob custódia para aproximadamente 400 milhões de reais. A evolução ganhou tração com o início de sua parceria com o BTG Pactual digital.
"O alinhamento com o BTG Pactual, que é o maior banco de investimento da América Latina, veio ao encontro do que está no nosso DNA. Servimos como porta de entrada do BTG no Nordeste e reforçamos a sua presença na região", disse Walter Forte, sócio-fundador da Octo Capital, em entrevista à EXAME Invest.
A Octo conta com escritórios em João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba, e em Mossoró, no Rio Grande do Norte, além de outros dois em fase de preparação, em Fortaleza, Ceará, e em Natal, capital potiguar. Há assessores e clientes também em Caruaru, em Pernambuco, em Brasília, em Porto Alegre e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.
Conte com o maior banco de investimento da América Latina. Invista com o BTG Pactual
Uma das razões para a parceria da Octo Capital com o BTG foi ganhar acesso a uma oferta maior de produtos de renda fixa estruturados, como debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), muitos dos quais são originados no próprio banco de investimento. São ativos de especialização da Octo.
"O objetivo da parceria é acelerar o crescimento. Vamos ser um mini banco de investimento para os clientes, tanto na parte da distribuição de títulos e valores mobiliários como na originação de crédito para empresas de middle market, aproveitando a estrutura do banco e a parceria que foi acertada", afirmou o sócio-fundador.
A Octo nasceu no começo da década passada, originalmente com o nome Go Up Investimentos. Rodrigo Leone, que na época trabalhava como consultor financeiro para clientes de alta renda e montava carteiras de investimentos em parceria com Fortes, acabou sendo chamado alguns anos depois da fundação para ser sócio do escritório.
O parceiro da casa nos seus primeiros anos era a corretora do Citibank, até a compra das operações de varejo do grupo americano no Brasil pelo Itaú Unibanco em 2016. Daí a Octo passou a trabalhar com a então recém-criada Guide Investimentos.
"Temos ótimo relacionamento com a Guide, mas a marca do BTG Pactual é muito mais conhecida no Nordeste, tanto em João Pessoa e em outras capitais, como Fortaleza, Natal, Recife etc. Isso ajuda na captação de clientes", disse Leone.
O objetivo de crescimento já começou a trazer resultados para os dois lados logo em seu primeiro ano de operação, como destacado acima no volume de ativos sob custódia. Na virada de 2020 para 2021, a equipe da Octo tinha Forte, Leone e mais três assessores. Atualmente são cerca de 25 assessores, além dos dois sócios.
A meta é chegar a 2 bilhões de reais em ativos sob custódia e a cem assessores em até mais dois anos.
"O momento é muito propício para o nosso crescimento, dado que a nossa expertise é fazer a gestão ativa de crédito privado. Há muitas oportunidades de financiamento em infraestrutura e no agronegócio", disse Forte.
Uma das principais estratégias da Octo é entrar nas ofertas iniciais de produtos estruturados, voltadas a investidores profissionais (com ao menos 10 milhões de reais em aplicações financeiras), e negociá-los posteriormente com ágio no mercado secundário, com um ganho livre de impostos estimado entre 16% e 20% ao ano, disse Leone.
Em um segundo momento, os produtos chegam a investidores qualificados e depois aos de varejo, com ganhos decrescentes, mas ainda acima do que obteriam sem o acesso da casa.
São ativos de renda fixa voltados para financiar projetos na área de infraestrutura, como linhas de transmissão, portos e concessões rodoviárias, além de outros nos segmentos imobiliário e do agronegócio. "Com a alta das taxas de juros, é um um investimento que oferece boa remuneração sem o risco da renda variável", disse Leone.
Mas é uma estratégia, segundo ressalva do sócio, recomendada para investidores com no mínimo 100 mil reais aplicados com a Octo, para que o risco de crédito de um emissor possa ser diluído na carteira entre outros investimentos. O perfil médio atendido é de clientes com ao menos 1 milhão de reais, embora haja investidores de varejo também.
Para o começo do próximo ano, a Octo Capital planeja colocar em operação uma gestora especializada em crédito privado e uma securitizadora, justamente aproveitando a expertise dos sócios e dos assessores nessa categoria de ativos. "Queremos fazer um pouco de tudo no mercado de capitais", contou Leone.
Ele contou que a mudança de parceira trouxe efeitos na própria base. "Muitos clientes que tinham 2 milhões, 3 milhões de reais conosco passaram a ter 20 milhões, 30 milhões de reais, porque ganharam confiança com o BTG ao nosso lado e porque passamos a ter a capacidade de oferecer todo tipo de operação, de câmbio e crédito a offshore", afirmou.
A chegada do BTG Pactual também reforçou a capacidade de atração de profissionais do mercado para a Octo, em movimento semelhante ao que ocorre há mais tempo nos estados das regiões Sudeste e Sul: a migração de gerentes de bancos para escritórios de agentes autônomos.
Um dos exemplos se deu com uma das principais agências do Santander em João Pessoa que atende clientes de alta renda com a bandeira Select: o então gerente-geral, Pablo Montibeller, e três dos cinco gerentes logo abaixo mudaram de casa atraídos pelo modelo de partnership (sociedade) e de remuneração da Octo.
"Não foi uma decisão fácil abrir mão de uma carreira em ascensão em um banco internacional, além dos direitos trabalhistas, mas hoje me sinto mais realizado e com mais qualidade de vida", afirmou Montibeller.
"Tenho mais tempo para me dedicar à profissão: consigo buscar mais conhecimento para melhorar o atendimento e oferecer as soluções financeiras mais adequadas ao perfil e aos objetivos do cliente final, que é efetivamente o meu patrão", disse o especialista em investimentos, que lidera o plano de expansão regional do escritório.
Da equipe com cerca de 25 assessores de investimento, 15 eram gerentes de bancos quando foram recrutados para a Octo.