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O que a Petz viu na Zee.dog: da internacionalização à fábrica de alimentos

Aquisição da Zee.dog, que custou 715 milhões de reais, pode abrir as portas de outros mercados para a Petz e coloca a empresa em posição-chave para liderar segmento de alimentos naturais para pets

Zimerman, CEO da Petz: aquisição da Zee.dog deve adicionar novas avenidas de crescimento para a empresa (Divulgação/Divulgação)

Zimerman, CEO da Petz: aquisição da Zee.dog deve adicionar novas avenidas de crescimento para a empresa (Divulgação/Divulgação)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 4 de agosto de 2021 às 16h59.

Última atualização em 4 de agosto de 2021 às 18h43.

Quando se propôs a ter o mais completo leque de produtos e serviços para animais de estimação do mundo, a Petz (PETZ3) sabia que precisaria de ferramentas para montar seu ecossistema. Parte dessas soluções deveria vir de dentro de casa, mas, para que o objetivo fosse alcançado até 2025, como estipulado, outra parte importante teria de vir por aquisições de concorrentes.

As compras do Cansei de Ser Gato e, mais recentemente, da Zee.dog mostram que a Petz colocou o pé no acelerador do plano de expansão. Tal sede de crescimento está refletida na cotação da empresa na bolsa: no ano, a valorização das ações da Petz chegou a 38%.

A aquisição da Zee.dog, quarta maior plataforma de venda de produtos para cães do país, por 715 milhões de reais, revela não só o apetite da empresa mas também a estratégia da Petz de fugir do óbvio.

"Comprar qualquer uma de nossas outras duas maiores concorrentes (Cobasi ou Petlove) seria somente acrescentar vendas ao nosso desempenho e adicionar volume às competências que já temos. A Zee.dog era a única que poderia adicionar novas avenidas de crescimento para a Petz", contou Sergio Zimerman, CEO da Petz em entrevista à EXAME Invest.

Internacionalização

Uma das avenidas inauguradas pela aquisição é a capacidade de atingir outros mercados, que não só o brasileiro. A Zee.dog tem presença em 50 países, e as vendas internacionais correspondem a aproximadamente 30% da receita. A empresa, cujo faturamento deve chegar a 228 milhões de reais em 2021, possui bases importantes na Espanha (para o desenvolvimento de produtos) e na China (para a negociação com fornecedores).

Isso não significa, no entanto, que o plano necessariamente seja desbravar outros países. Zimerman explica que os planos da Petz para buscar mercados externos eram de médio e longo prazo, e que a aquisição da Zee.dog apenas acelerou algumas etapas.

"Começamos a fazer um mapeamento para ter indícios de quais mercados podemos alcançar com nossa estratégia de varejo. Agora, se esse plano vai ser com a própria Zee.dog ou com a Petz, vamos decidir lá na frente", explicou o executivo.

Após a aquisição, a Zee.dog se transformará em uma unidade de negócios dentro da própria Petz, e será comandada pelos fundadores da empresa — os executivos Felipe Diz, Thadeu Diz e Rodrigo Monteiro.

"As mudanças mais imediatas são a oferta de produtos Petz na Zee.now [serviço de delivery de itens para pets] e de produtos da Zee.dog nas nossas lojas. Além disso, a Zee.dog passará a negociar com fornecedores com a mesma escala que a Petz", explica Zimerman.

Felipe Diz, executivo da Zee.dog, lembra de outra vantagem: "Ao invés de ter de abrir um hub de entregas por mês, do dia para a noite ganhamos mais de 140 lojas da Petz que servirão como hubs. Essa é a sinergia que buscamos".

Comida natural para pets

A venda de produtos alimentícios corresponde à maior fatia do faturamento do varejo pet — de 60% a 70% do total. Embora esse seja o maior bolo a ser disputado, a maior parte dos recursos ainda fica com as grandes indústrias produtoras de ração e outros produtos secundários.

"Todo mundo quer morder um pedaço desse mercado gigantesco, só que não adianta fazer mais do mesmo. É necessário encontrar um ângulo com vantagem competitiva, e eu acredito que conseguimos fazer isso", aponta Diz, da Zee.dog.

Em abril de 2021, a empresa adquiriu a Eleven Chimps, maior produtora de comida natural para cães do mundo. A compra posicionou a Zee.dog como player mais relevante de um mercado que ainda dá passos tímidos, principalmente em razão da falta de volume.

O objetivo é começar a tornar o negócio mais escalável com o lançamento da Zee.dog Kitchen, unidade dedicada a produzir e distribuir alimentos naturais. Agora, com o apoio financeiro da Petz e contando com as mais de 100 lojas da empresa, aumenta a chance de fazer a ideia crescer.

"Queremos oferecer alimentos naturais de forma escalonável e com preço justo. Se formos bem-sucedidos, obviamente isso abre leque de exportação e casa com nosso viés de estratégia global", conta o CEO da Zee.dog.

Ele diz que o objetivo é alcançar um modelo 100% verticalizado, em que a Zee.dog Kitchen compra a matéria-prima de agricultores, fabrica os alimentos, anuncia e comercializa o produto final. "Se seguirmos essa estatégia, de criarmos produtos bem-feitos em canais bem executados, vamos controlar toda a cadeia", acredita Diz.

O peso de ter como sócio o maior varejo de produtos para animais de estimação deve dar dois impulsos importantes para o plano: o financeiro e o de distribuição.

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