Consórcio Nacional Volkswagen (CNVW) deve financiar caminhões e serviços para carros de passeio (michaeljung/Thinkstock)
Bianca Alvarenga
Publicado em 23 de maio de 2022 às 16h43.
Última atualização em 23 de maio de 2022 às 16h46.
Em tempos de juros perto dos 13%, muitas famílias brasileiras deixaram de ter acesso a financiamentos de bens e serviços – seja porque as linhas de crédito ficaram muito caras, ou porque os bancos estão fazendo análises mais rigorosas para liberar os recursos. Para esse público, o consórcio voltou a ser uma boa (e talvez a única) opção para alcançar objetivos.
O aperto do crédito também foi sentido pelas empresas que fazem a concessão de recursos. Além do aumento da inadimplência, que faz a "peneira" de concessão ficar mais rigorosa, a própria demanda diminuiu.
No caso das entidades de crédito do segmento automotivo, a queda nas vendas de veículos novos foi outro obstáculo. Por falta de peças, muitas montadoras paralisaram a produção de modelos zero-quilômetro. O financiamento de seminovos foi uma saída, mas a aprovação é ainda mais restrita nesse segmento.
"Menos de 1 em cada 3 clientes de classes C e D é aprovado no financiamento de um seminovo. Para essas pessoas, o consórcio é o único caminho para ter o próprio carro", explicou Rodrigo Capuruço, CFO da Volkswagen Financial Services, braço de serviços financeiros da montadora alemã.
Na semana passada, a financeira anunciou uma parceria com a Embracon, uma das maiores administradoras independentes de consórcios do país. A partir da aprovação do acordo, a carteira de mais de 70 mil clientes do Consórcio Nacional Volkswagen (CNVW) será transferida para a administração da Embracon.
Segundo Capuruço, o objetivo é aportar cerca de 10 bilhões de reais nas linhas de consórcio automotivo decorrentes da parceria, além de ampliar o leque de produtos. Ele lembra, por exemplo, que embora seja uma das maiores vendedoras de caminhões do país, a Volks não trabalha com consórcios para modelos da categoria.
"Em breve teremos um consórcio para caminhões novos e seminovos, da Volkswagen de outras montadoras. Acreditamos que iniciativas assim contribuem para a renovação da frota do Brasil, que ainda é bastante antiga", disse o CFO da empresa.
Outro fruto da parceria é o lançamento de um consórcio para serviços automotivos. O plano, de acordo com o executivo da Volkswagen Financial Services, é ter uma carta de consórcio cujo valor cubra a aquisição do carro e um plano de manutenções e seguro.
Além de aumentar o tíquete médio das cartas de crédito, a iniciativa embarca na tendência de crescimento de consórcios para serviços. De acordo com a ABAC, o número de consorciados em grupos do segmento cresceu 22% em 2021, para 160 mil.
"O setor de consórcios tem crescido não só no volume de recursos concedidos, mas também nos produtos e serviços ofertados. É natural, e esperado, que novas opções surjam ao longo dos próximos anos, e queremos contribuir com essa diversidade", reforçou Guido Savian Junior, diretor administrativo da Embracon.