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Você moraria no local do Palace 2?

Construtora vai lançar neste mês um prédio residencial no mesmo terreno na Barra da Tijuca que abrigou o Palace 2, implodido em 1998 após desabamentos e mortes

Palace 2: o antigo prédio no momento da demolição e o projeto que ocupará o mesmo terreno (Wikimedia Commons e Divulgação)

Palace 2: o antigo prédio no momento da demolição e o projeto que ocupará o mesmo terreno (Wikimedia Commons e Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2011 às 15h51.

São Paulo – A construtora Calçada vai lançar neste mês o Barra One, um prédio de apartamentos que vai ocupar o mesmo terreno na Barra da Tijuca que já abrigou o Palace 2. O edifício protagonizou uma das maiores tragédias do mercado imobiliário carioca. Em 1998, após desabamentos e mortes, o Palace 2, construído pela Sersan, do então deputado Sérgio Naya, foi implodido. As cenas da explosão de toneladas de dinamite foram transmitidas ao vivo pelos principais canais de televisão brasileiros.

Para tentar apagar o estigma da tragédia que ainda ronda o condomínio, a Calçada promete entregar um empreendimento com a qualidade e a pontualidade que faltaram ao Palace 2. O novo edifício vai abrigar 180 apartamentos de dois, três ou quatro dormitórios e 64, 95 e 113 metros quadrados, respectivamente.

O projeto respeita a arquitetura do antigo Palace 1, prédio vizinho à tragédia, que continua em pé e foi rebatizado com o nome de Joá. Para aumentar a identidade visual entre os dois edifícios, a Calçada promete investir 3 milhões de reais na modificação do revestimento da fachada do Joá e em outras benfeitorias, sem nenhum custo para os atuais moradores.

A construtora assumiu ainda o compromisso de harmonizar o térreo e os subsolos já existentes para unificar o empreendimento, criando uma área de lazer única. A demolição do Palace 2 prejudicou também os moradores do Palace 1 porque destruiu parte da infraestrutura conjunta.

A tragédia ocorreu devido a erros de cálculo na construção das vigas de sustentação do prédio. A Sersan iniciou as obras em 1990 e previa terminá-las em 1995, mas houve atrasos. Um operário morreu em 1996, ao cair no fosso do elevador. O primeiro desmoronamento ocorreu em 1998. A queda de duas colunas levou ao chão 44 apartamentos e matou oito pessoas. Cinco dias depois, um novo desabamento destruiu mais 22 apartamentos. A implosão completa ocorreu no dia seguinte e deixou cerca de 150 famílias desabrigadas.

O Ministério Público chegou a acusar Naya por negligência. Ele supostamente teria usado materiais baratos e de baixa qualidade na construção do prédio. Até mesmo areia da praia teria sido utilizada na mistura do concreto da construção – algo que o então deputado sempre negou. Naya morreu em 2006, antes de pagar a indenização devida aos antigos moradores. A Calçada aposta que essa tragédia política brasileira já ficou no passado e que, com o boom imobiliário, haverá demanda suficiente para o empreendimento - ainda que as pessoas que acreditam em energias negativas, assombração, ziquizira ou que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar prefiram ficar de fora.

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