O engenheiro eletrônico André Oda, 36 anos, dá caronas pelo Waze Carpool e ganha 350 reais por mês (Arquivo pessoal/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 14h32.
Última atualização em 2 de julho de 2020 às 10h29.
São Paulo - Vai para o trabalho de carro e faz uma rota que tem demanda de passageiros? Se você ainda não dá caronas em apps, pode estar perdendo a chance de abater metade ou tudo o que gasta com combustível no mês. É possível que ainda sobre algum dinheiro para manutenção do veículo, como troca de óleo, por exemplo.
A engenheira Juliana Ziglio, 36 anos, mora em Valinhos, na região metropolitana de Campinas (SP), e trabalha na capital. Como passa por cidades de médio porte nesse caminho, dá carona para usuários da BlaBlaCar, "90% das pessoas para as quais eu dou carona são profissionais da minha região que trabalham remotamente para empresas da capital e eventualmente participam de reuniões na cidade".
Juliana gasta cerca de 1,6 mil reais por mês com pedágios e gasolina. Com o app, consegue abater 800 reais dessa despesa cobrando até 18 reais por corrida até a capital, teto máximo permitido pelo aplicativo. "Com essa grana economizada, consigo viajar em feriados e fazer algumas compras".
Ela conheceu o serviço por indicação de amigos durante a greve dos caminhoneiros, que paralisou o país no ano passado. "Tinha uma reunião e não podia faltar ao trabalho. Aí me indicaram essa alternativa".
O engenheiro eletrônico André Oda, 36 anos, utiliza o Waze Carpool para dar caronas e consegue economizar cerca de 350 reais por mês com o serviço. "É metade do que gasto com gasolina por mês", conta.
Ele dá carona para duas a três pessoas por dia, por 7 reais cada trecho, entre os bairros de Vila Mariana ao Brooklin, na cidade de São Paulo. "São geralmente as mesmas pessoas. Elas vivem e trabalham perto de mim, nos demos bem e agora elas preferem pegar carona comigo".
A aeroviária Patrícia Alves, 44 anos, utiliza o Wunder para dar caronas no Rio de Janeiro. Patrícia mora na Ilha do Governador e trabalha no Aeroporto Internacional do Galeão. Ela consegue dar carona pelo app para até cinco pessoas por dia. "Com a contribuição dos caroneiros consigo pagar por mês 300 reais que gasto com combustível e até trocar o óleo do carro". Patrícia cobra o teto máximo permitido pelo app: 0,60 centavos por quilômetro rodado.
No Wunder, assim como nos concorrentes, é possível colocar três pontos de parada ao longo do trecho percorrido. "Isso dá flexibilidade para quem dá carona".
Diferenciais
Os apps já têm um atrativo natural: são uma alternativa mais barata do que apps de motoristas, como Uber e 99. Segundo Ricardo Leite, CEO da BlaBlaCar, enquanto o Uber cobra em média 2 reais por quilômetro rodado, um caronista cobra em média 0,20 centavos por quilômetro rodado entre São Paulo e Campinas. "A ideia é mesmo essa: o serviço não deve ser usado como uma fonte de renda extra, mas apenas para diluir os custos com o veículo e ajudar a desafogar o trânsito nas cidades".
Mas, além do preço, existem outros diferencias que ajudam a atrair caroneiros. Juliana acredita que sua pontualidade, disposição para conversar e até o fato de ser mulher ajudam a atrair usuários. "O horário que vou para a cidade também é atrativo. Não vou muito cedo: pego um pouco de trânsito na chegada da cidade, mas acho que dormir um pouco mais sempre vale a pena".
Já André busca deixar seu perfil com o máximo de informações possível para passar segurança aos caroneiros, inclusive com link para seu perfil no Linkedin. "Também busco ser cuidadoso na direção e colocar no máximo três pessoas no carro para fazer com que a viagem seja confortável".
Cuidados com segurança
Apesar de poder escolher quem entra no carro, verificar avaliações de cada usuário e saber que cada app checa documentos e informações fornecidas, quem começa a oferecer caronas toma cuidados adicionais para não entrar em roubadas.
André diz que ficou apreensivo quando começou a usar o serviço. "Mas logo vi que quem usava o serviço tinha o mesmo perfil que o meu", conta. Ele compara as caronas que realiza no app com serviços de motorista compartilhados. "Diferente desses serviços, você tem mais segurança, já que pode escolher as pessoas que vão entrar no carro".
O engenheiro acha o serviço é seguro, o engenheiro já chegou a cancelar carona por conta do lugar de encontro e em casos nos quais a pessoa não disse em qual empresa trabalhava e ele não conseguiu verificar quem ela era nas redes, por exemplo. "Quando a pessoa não tem o perfil completo e é nova na plataforma, fico com o pé atrás: não ofereço a carona ou busco conversar mais com a pessoa pelo chat do app".
Patrícia só dá carona para conhecidos. "Geralmente são vizinhos, pessoas que também trabalham no aeroporto e outros estudantes do curso que frequento".
Na BlaBlaCar, Leite conta que caso algum usuário tenha um comportamento inadequado, recebe um aviso. "Em caso de novas ocorrências ou ocorrências mais graves, podemos suspender o perfil e até exclui-lo".