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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
Entre 39,15% e 60,33% do salário dos brasileiros vai parar nos cofres do governo. A conclusão faz parte de um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de planejamento tributário (IBPT).
De acordo com a instituição, sobe a cada ano o percentual de tributos que incide sobre os rendimentos dos trabalhadores. Em 2002, o valor médio era de 41,71%, passando a 42,50% em 2005. Para os empregados, o custo médio dos impostos é de 20,43% do salário e, para os empregadores, de 32,98%.
Um profissional que receba remuneração bruta de 3 000 reais ao mês, por exemplo, pagará 653,14 reais de impostos. A empresa contratante arcará com mais 995,10 reais, totalizando 1 648,24 reais - o correspondente a 54,94% do salário. Para uma remuneração mensal de 15 000 reais, a carga tributária será de 60,33% do salário bruto. Se considerado o salário líquido, o percentual sobe para 81,92%.
A carga tributária brasileira sobre salários é a segunda mais alta do mundo, ficando atrás somente da Dinamarca (veja tabela abaixo). Do total arrecadado com impostos pelo governo,76% são advindos de salários e produção. Para o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral, esse é o principal fator impeditivo de desenvolvimento econômico do Brasil. "O sistema tributário brasileiro tornou-se um veneno para o setor produtivo nacional. Para cada 100 reais de riqueza líquida produzida é necessário pagar 60 reais de tributos", diz.
Inadimplência e sonegação
Uma das conseqüências da alta carga tributária, segundo o IBPT, é a informalidade e a sonegação. Estima-se que cerca de 39% de toda a arrecadação tributária não ingressa nos cofres públicos. Como o governo arrecadou 733 bilhões de reais em 2005, acredita-se que 287 bilhões de reais devem ter sido sonegados.
O peso dos tributos pode ser sentido também pela inadimplência tributária. Entre dezembro de 2002 e dezembro de 2005 o montante devido pelos contribuintes ao Fisco cresceu 59%, passando de 709,16 bilhões de reais a 1,13 trilhão de reais.
Carga tributária no mundo
País
|
% sobre o salário bruto
|
Dinamarca ** | 42,9% |
Brasil * | 42,5% |
Bélgica ** | 41,4% |
Alemanha ** | 41,2% |
Polônia ** | 32,3% |
Finlândia ** | 31,7% |
Suécia ** | 31,2% |
Turquia *** | 30,0% |
Noruega ** | 28,8% |
Holanda ** | 28,7% |
Áustria ** | 28,6% |
Uruguai ** | 28,4% |
Itália ** | 28,1% |
França ** | 26,5% |
Argentina ** | 27,7% |
Canadá ** | 25,7% |
Estados unidos ** | 24,3% |
República checa ** | 24,1% |
Suíça ** | 21,5% |
Espanha ** | 19,2% |
Panamá ** | 18,4% |
Portugal ** | 16,5% |
Irlanda ** | 16,4% |
Japão ** | 16,2% |
México ** | 9,1% |
Coréia do sul ** | 8,7% |
2005 - ** 2004 - ***2003 Fonte: IBPT |