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Júlia Lewgoy
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 12h18.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2018 às 18h07.
São Paulo - Com a taxa básica de juros a 6,75% ano ano, a menor Selic da história, o Tesouro Direto voltou a pagar pouco. Títulos públicos deixaram de ser os queridinhos entre os investimentos de renda fixa, mas ainda são a aplicação financeira com menor risco de calote do país.
Nesse cenário, ainda vale a pena investir no Tesouro Direto? A resposta depende do seu objetivo. “Investir em renda fixa ficou mais difícil e agora o investidor precisa garimpar mais oportunidades. Mas o investimento ideal depende dos seus objetivos”, explica o analista Filipe Villegas, da Genial Investimentos.
A seguir, confira se o Tesouro Direto vale a pena em diferentes cenários, conforme o seu objetivo:
Para manter uma reserva para resgatar o dinheiro a qualquer momento ou para realizar objetivos de curto prazo, de até dois anos, títulos emitidos por bancos menores, como CDBs, LCIs e LCAs, são mais indicados neste momento.
“Títulos privados atualmente pagam mais e cumprem exatamente a mesma função que os títulos públicos”, explica a economista Juliana Inhasz, professora do Insper.
Para captar investidores, bancos pequenos oferecem retornos maiores que o Tesouro Direto, acima de 100% do CDI, uma taxa muito próxima da Selic. Há CDBs de instituições financeiras menores que pagam até 120% do CDI, com investimento inicial a partir de um real. No caso das LCIs e LCAs, ainda há a vantagem da isenção de Imposto de Renda. As ferramentas Yubb e Renda Fixa podem ajudar a encontrar o melhor título privado.
Vale lembrar que a segurança de investir em um banco pequeno é a mesma de um banco grande, pois, se a instituição quebrar, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) garante até 250 mil reais por CPF.
Ao investir, tente casar o prazo de vencimento da aplicação com as suas necessidades. Há títulos privados no mercado com liquidez diária, mas a maioria exige que o investidor só resgate o dinheiro na data de vencimento, que pode ser de um ano ou mais.
Nesse ponto, o Tesouro Selic, que paga a variação da taxa básica de juros, tem uma vantagem. O investidor consegue vender o título e resgatar o seu dinheiro a qualquer momento no mercado secundário, antes do prazo de vencimento, sem prejuízos.
Diferente dos títulos prefixados e dos títulos indexados à inflação, o preço do Tesouro Selic tem baixa volatilidade, o que evita perdas de rentabilidade se o investidor quiser vendê-lo antes do vencimento. “O Tesouro Selic ainda é recomendado para quem quer manter patrimônio e prefere a segurança do Tesouro Direto”, orienta Juliana.
Ainda há títulos públicos que pagam mais do que a taxa Selic: os prefixados, que determinam hoje a taxa de retorno que será paga no futuro e não são indexados à taxa básica de juros ou à inflação.
Atualmente, os títulos prefixados com vencimento em 2021 oferecem um rendimento de 8,67% ao ano. Já os que vencem em 2025 pagam 9,95% ao ano. Eles são recomendados para o médio prazo, mas com ponderação.
“Os prefixados são uma boa opção para objetivos de médio prazo, desde que o investidor saiba que, se houver qualquer mudança no rumo de recuperação da economia e o Banco Central voltar a subir os juros, pode deixar de ganhar dinheiro”, explica Villegas, da Genial Investimentos.
Vale lembrar que, para conseguir a taxa prefixada no momento da aplicação, é preciso manter o dinheiro investido até o prazo de vencimento.
Além disso, a professora Juliana, do Insper, alerta que títulos privados prefixados pequenos podem pagar mais que os títulos públicos prefixados, para captar investidores.
O Tesouro Direto ainda é muito atrativo para investir para o longo prazo, para a aposentadoria, por exemplo. Os títulos indexados ao IPCA, que pagam a variação da inflação, protegem o dinheiro do investidor do aumento generalizado dos preços durante períodos longos.
Isso significa que eles proporcionam rentabilidade real, ou seja, garantem o poder de compra do dinheiro. Assim, não importa a variação da inflação, a rentabilidade do título sempre será superior a ela.
Atualmente, os títulos públicos indexados ao IPCA com vencimento em 2025 pagam uma taxa fixa de 4,69% mais a variação da inflação no período. Os que vencem em 2035 e 2045 pagam 5,10% mais a inflação.
Vale lembrar, no entanto, que o investidor só tem certeza que terá rendimento real ao manter o dinheiro aplicado até o prazo de vencimento.