Baixa na Selic: o momento é mais do que propício para conseguir crédito com taxas saudáveis para o bolso (Peopleimages/iStockphoto)
Karla Mamona
Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 18h23.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2020 às 07h35.
São Paulo – O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, nesta quarta-feira (05), cortar a taxa básica de juros da economia de 4,50% para 4,25% ao ano — o menor patamar histórico.
A redução já era esperada pelo mercado justificada pela queda da inflação, à baixa dos preços das commodities e da desaceleração do ritmo de atividade econômica. "Produção industrial e inflação mostram que a temperatura da economia está baixa", explica Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante.
A expectativa maior do mercado é em relação ao comunicado do Copom e a ata da reunião. Os investidores estão em busca de indícios se o fim do corte de juros está próximo. A redução anunciada hoje trata-se do décimo sétimo corte na Selic desde quando a taxa atingiu o pico de 14,25% ao ano (entre julho de 2015 e outubro de 2016).
Quando a taxa básica de juros estava em dois dígitos, era possível ter alta rentabilidade nos investimentos de renda fixa facilmente. Hoje, os investidores precisam se empenhar muito mais para encontrar bons retornos. A diversificação nunca foi tão importante.
Com a Selic em 4,25% ao ano, investimentos de renda fixa como poupança, CDBs com taxas pós-fixadas, fundos DI e títulos do Tesouro Selic pagam menos, já que seu rendimento é atrelado à taxa Selic ou à taxa DI, muito próxima da taxa básica de juros.
A seguir, veja uma simulação de quanto 5 mil reais rendem na poupança, em um CDB, em um fundo DI ou no Tesouro Selic, em diferentes prazos. Os cálculos foram feitos por Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper.
Na simulação, a taxa básica de juros se mantém em 4,25% ao ano por todo o período do investimento. Os valores da simulação já descontam o Imposto de Renda, cobrado em todas as aplicações, exceto na poupança, que é isenta.
Período | Poupança* | CDB 90% do CDI | Fundo de DI com taxa de 1% ao ano ** | Tesouro Selic *** |
---|---|---|---|---|
6 meses | R$ 5.073,83 | R$ 5.071,68 | R$ 5.060,47 | R$ 5.075,00 |
12 meses | R$ 5.148,75 | R$ 5.149,04 | R$ 5.125,60 | R$ 5.156,00 |
18 meses | R$ 5.224,78 | R$ 5.232,31 | R$ 5.195,54 | R$ 5.243,24 |
24 meses | R$ 5.301,93 | R$ 5.321,73 | R$ 5.270,46 | R$ 5.336,99 |
30 meses | R$ 5.380,21 | R$ 5.405,34 | R$ 5.340,33 | R$ 5.424,73 |
* A TR considerada foi zero. Não há desconto de Imposto de Renda nesta aplicação.
** Taxa DI considerada foi de 4,14% ao ano.
*** Houve desconto de uma taxa de 0,25% (CBLC + corretagem)
Apesar de a poupança ser livre de Imposto de Renda, as simulações feitas acima mostram que as rentabilidades do CDB, fundo DI e Tesouro Selic ainda são um pouco maiores do que a da poupança nos prazos mais longos. Vale destacar que com valores acima de 5 mil reais para investimento, a diferença fica ainda maior.
As alíquotas do Imposto de Renda diminuem conforme o prazo do investimento: 22,5% para resgates em até 180; 20% para resgates de 181 dias a 360 dias, 17,5% para resgates de 361 dias a 720 dias; e 15% para resgates acima de 721 dias.
As simulações consideram taxas de administração e de remuneração normalmente praticadas no mercado. Com a mudança nas regras de classificação dos fundos promovida pela associação de entidades de mercado, os fundos DI deixaram de ter uma denominação própria. Com isso, eles foram incorporados à classe de fundos de renda fixa.
As próprias gestoras puderam determinar para qual subcategoria os fundos DI iriam — a maioria foi para “Fundos de Renda Fixa Duração Baixa Soberano” ou “Fundo de Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento.”
De todo modo, como os fundos que acompanham os juros continuam sendo chamados de fundos DI no mercado, o levantamento também manteve a nomenclatura. O investidor precisa consultar a estratégia de cada produto para checar se, de fato, o fundo acompanha a flutuação do CDI.
Quanto ao Tesouro Selic, é preciso considerar que, ao comprar qualquer título público, o investidor paga uma taxa de custódia de 0,3% ao ano para a B3, não importa a corretora escolhida.