Abemf: rechaça a ideia de que há inflação nas milhas (travnikovstudio/Thinkstock)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de julho de 2017 às 11h41.
Brasília - Sempre que há alta inesperada dos preços, economistas se debruçam sobre os números e apontam para um vilão da inflação.
Nos últimos anos, porém, o Brasil conviveu com um fenômeno que não foi citado por analistas, nem apareceu nos indicadores: a inflação das milhas.
Para viajar na próxima semana de São Paulo para Buenos Aires, serão necessárias 52.500 milhas para ir e voltar em uma companhia aérea brasileira que faz a ligação entre Guarulhos e Ezeiza e 54.000 pontos na outra empresa nacional que voa na mesma rota. O "preço" dessas passagens é muito maior que o visto alguns anos atrás.
Há três anos, empresas usavam tabelas para a conversão das milhas e uma passagem de ida e volta de qualquer cidade brasileira para um destino na América do Sul custava 20 mil pontos nos programas da TAM e da Gol.
Não importava se a viagem era na ponte aérea São Paulo-Rio ou entre Porto Alegre e Bogotá, na Colômbia, o preço em milhas era sempre o mesmo: 20 mil. Assim, o preço da próxima semana para Buenos Aires indica inflação de 162%.
"Esses preços dinâmicos começaram a ser usados há alguns anos e, às vezes, ficam impeditivos. Já vi trecho entre Porto Alegre e Fortaleza por 150 mil milhas.
No passado, essa era a quantidade necessária para ir e voltar do Brasil ao Oriente Médio", diz o advogado e grande usuário dos programas de milhas, Eloy Fonseca Neto.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), Roberto Medeiros, rechaça a ideia de que há inflação nas milhas. "A pontuação necessária varia em função do bilhete pago. Cada vez que a tarifa muda, o volume necessário para resgate varia com a mesma dinâmica.", diz o executivo.