Flávio Aguiar, Diego Moraes, André Campelo e Felipe Paniago, da Dentro da História (Dentro da História/Divulgação)
Anderson Figo
Publicado em 28 de maio de 2019 às 09h00.
Última atualização em 28 de maio de 2019 às 12h12.
São Paulo — Uma startup criada há menos de três anos encontrou uma forma lúdica e eficaz de fazer seus filhos terem noções sobre dinheiro. A Dentro da História cria livros personalizados em que as crianças viram personagens reais com todas as suas características próprias, retendo assim a atenção dos pequenos.
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) mostra que 93% dos brasileiros entrevistados nunca receberam lições — em casa ou na escola — sobre como administrar o próprio dinheiro. O levantamento foi feito com 500 famílias em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia e Vitória.
Os resultados mostraram ainda que crianças que têm aulas de finanças na escola compartilham o que aprendem com a família — 94% dos pais dessas crianças foram apresentados à educação financeira pelos filhos.
Foi pensando nisso que a Dentro da História criou o livro "Nico e (nome da criança) em Um Sonho Espacial", recomendado para crianças de 6 a 12 anos. Na história, a criança que vai ser presenteada com o livro é amiga do personagem Nico, e os dois juntos tentam construir um foguete para ir à lua. É aí que eles conhecem quatro pilares do planejamento financeiro: sonhar, diagnosticar, orçar, poupar.
"Uma das primeiras coisas que a criança aprende na vida é identificar o nome dela. Ela não sabe ler, mas sabe que aquele formatinho ali representa o nome dela. Quando mais velhas, elas conseguem identificar o personagem dela nas escolas, é ela no contexto da vida real. E, quanto mais você se identifica com o conteúdo, mais você se interessa por ele", diz Diego Moraes, um dos sócios e responsável pelo design na Dentro da História.
Estudos de pesquisadores como Natalia Kucirkova, da University College London, mostram que a personalização aumenta a absorção e a retenção do aprendizado das crianças. "É o que faz as crianças se interessarem pelo livro e pelo conteúdo. Nossa intenção é que esse primeiro contato das crianças com um livro seja algo agradável, que dê prazer a ela. Com uma boa experiência na infância, provavelmente a criança vai se tornar adolescente ou adulta que gosta de ler", completa Moraes.
O livro pode ser criado pelos pais em um processo totalmente online, no site da startup, e tem um custo de 69,90 reais mais frete. As entregas são feitas em todo o país. Além da opção de finanças pessoais, há mais de 40 títulos que transformam seus filhos em personagens de desenhos famosos, como a Turma da Mônica, Patrulha Canina, Barbie e Galinha Pintadinha.
"Nosso maior desafio sempre foi alinhar com os produtores dos desenhos a melhor forma de transformar uma criança em um personagem real das histórias. Os traços das novas personagens seguem exatamente a linha das personagens originais do desenho. Isso é difícil porque, em alguns casos, nunca houve uma personagem humana na narrativa, como em a Galinha Pintadinha", explica André Campelo, CEO da startup.
A Dentro da História trabalha com licenças e pagamento de royalties para o uso dos desenhos. O sucesso do modelo de negócio surpreendeu até seus fundadores — a startup já vendeu mais de 300 mil livros personalizados no Brasil e, no fim do ano passado, abriu a Playstories, seu primeiro braço internacional, na Espanha. Desde o seu lançamento, em 2016, a Dentro da História já faturou cerca de 25 milhões de reais.
"Nossa ideia é expandir nossas operações no exterior e também aqui no Brasil", diz Campelo. Por aqui, o CEO destaca como maior potencial de crescimento as parcerias com sistemas de ensino. Com projetos como a "Escola da Inteligência", de ensino complementar sobre inteligência emocional, e "DSOP", sistema de ensino complementar de educação financeira, a Dentro da História quer ajudar os sistemas e escolas a se adequarem à Base Nacional Comum Curricular.
Segundo Campelo, o material oferecido pela startup atende duas orientações importantes presentes na Base Nacional Comum Curricular. A primeira é a questão do protagonismo no processo de aprendizagem, que é muito incentivada desde o ensino fundamental. Já a segunda é o ensino complementar, com os diferentes itinerários formativos que as escolas terão que oferecer em seus currículos.
Desenvolver a inteligência emocional, por exemplo, é um tema que aparece desde a primeira infância. "As pessoas podem achar que o livro está ultrapassado, mas ele é só uma maneira de a gente entregar toda a tecnologia que desenvolvemos para trabalhar com os mais diversos conteúdos. Existem outras plataformas para entregar isso", completa o CEO da Dentro da História.