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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A decisão inesperada do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter os juros estáveis em 16,5% ao ano, divulgada na noite de ontem, afetou os negócios na abertura do mercado financeiro, nesta quinta-feira (22/1).
Nos primeiros momentos de abertura do mercado futuro, os contratos de índice Bovespa eram negociados com uma queda de 3%. Os contratos de dólar com vencimento em fevereiro subiam significativamente, para 2,857 reais, e os operadores esperavam uma oscilação semelhante no mercado futuro de juros, cujos negócios começam um pouco mais tarde. Hoje vamos trabalhar com máscara e luvas cirúrgicas , diz um operador de renda fixa. Vai ser sangue para todo lado.
Passado o susto inicial, alguns profissionais do mercado financeiro avaliam que a decisão do Copom é justificável. Você vê pressões de aumento de preços em diversos setores importantes da economia , diz um analista de um banco internacional. Petróleo, petroquímica, commodities agrícolas e produtos siderúrgicos estão em plena campanha para aumentar preços e recuperar margens. O resultado é uma injeção de inflação nas veias da economia, que deve ser combatida pelo Copom.
Apesar de ser justificável, porém, a decisão de ontem em Brasília não ficou isenta de críticas. O Copom mereceu nota dez em política monetária , diz um operador de ações. Mas tirou nota vermelha na administração de expectativas. Ao longo das últimas semanas, a imensa maioria dos profissionais do mercado financeiro estava convencida de que os juros cairiam, e tomou decisões nesse sentido. Se o Copom estava vendo uma pressão sobre o núcleo da inflação, o que deve aparecer na próxima ata, deveria ter sinalizado isso para o mercado e evitado essa turbulência , diz um economista. Ninguém discute que a função do Banco Central é evitar a inflação, mas reduzir a turbulência não faz mal a ninguém.