As empresas brasileiras voltaram com força total ao mercado financeiro internacional no ano passado. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (20/1) pela Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), o volume de recursos captados mercado externo em 2003 totalizou 23,7 bilhões de dólares, um aumento de 155,95% em relação aos 9,26 bilhões de dólares apurados em 2002. O crescimento ocorre após dois anos de queda nas operações internacionais (veja tabela abaixo).

Na avaliação da entidade, uma associação de fatores beneficiou as captações externas de empresas brasileiras. O destaque foi o cenário de taxas de juros elevadas no Brasil, somado ao quadro de liquidez abundante, juros em queda e perspectiva de crescimento econômico no exterior. Também pesou a favor o fato de o governo trabalhar pela estabilidade dos preços, o que provocou uma melhora na percepção de risco dos investidores externos em relação ao Brasil.

Esse cenário mais positivo, segundo a Anbid, contribuiu para reforçar uma tendência: a redução das captações por meio de títulos de curto prazo, os Commercial Papers (que as empresas recompram). A participação desses papéis no total das emissões de renda fixa em 2003 foi de apenas 1,58%, ante 4,36% em 2002 e 15% em 2001. Em contrapartida, aumentou a participação dos títulos securitizados (com garantias, lastro), que hoje passaram a responder por 17% das emissões externas, ante 8% em 2001.

As estimativas de vencimento para 2004, que giram em torno de 16 bilhões de dólares, permitem prever, de acordo com a Anbid, que neste ano as rolagens serão suficientes para que o mercado se mantenha, no mínimo, em patamares equivalentes ao verificado no ano passado.