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Seu título de renda fixa está perdendo valor? Vender pode ser vantajoso

Em relatório, analistas do banco BTG Pactual apontam cenários em que a realização do prejuízo (ou seja, a venda de uma aplicação de renda fixa por um valor menor que o inicial) pode ser compensada por um reinvestimento

Em um relatório recente, analistas do banco BTG Pactual defenderam que, em alguns casos, pode ser vantajoso realizar o prejuízo para reinvestir o valor em outra aplicação de renda fixa com um rendimento melhor (Feverpitched/Thinkstock)

Em um relatório recente, analistas do banco BTG Pactual defenderam que, em alguns casos, pode ser vantajoso realizar o prejuízo para reinvestir o valor em outra aplicação de renda fixa com um rendimento melhor (Feverpitched/Thinkstock)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 24 de maio de 2022 às 17h50.

O conceito (equivocado) de que investir em renda fixa não tem risco algum ainda é presente no imaginário de muitos investidores, especialmente os mais conservadores. No entanto, embora as aplicações da categoria contem com uma série de mecanismos de proteção (como a garantia do FGC para a maioria dos títulos), é possível, sim, perder dinheiro na renda fixa.

O principal "vilão" dos investidores tem sido a chamada marcação a mercado. Trata-se, basicamente, de um ajuste diário no preço dos títulos, de acordo com as condições econômicas do momento. A alta da inflação e dos juros nos últimos meses fez com que a marcação a mercado penalizasse diversas aplicações de renda fixa, especialmente as que são atreladas ao IPCA.

Em um relatório recente, analistas do banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) defenderam que, em alguns casos, pode ser vantajoso vender esses títulos (e realizar o prejuízo) para reinvestir o valor em outra aplicação de renda fixa com um rendimento melhor.

A regra só é aplicável se o investidor tiver um título cujo prazo (duration) seja menor do que dois anos, e se a nova aplicação for feita em um título de prazo mais longo.

"Entendemos que um investidor posicionado em um título intermediário pode se beneficiar de um carrego atrativo por um horizonte mais longo e – caso ocorra um fechamento da curva de juros à frente – existe a possibilidade de o investidor monetizar o ganho de capital antes de reinvestir os recursos em um título que pague uma taxa menor", defendeu a equipe de research da área de crédito do BTG.

O primeiro argumento apontado no relatório é que os títulos de médio prazo, como o Tesouro IPCA+ com vencimento em 2028, estão pagando rendimentos altos, em patamares similares aos registrados durante a crise da greve dos caminhoneiros e antes das eleições de 2018. Os três momentos guardam, em comum, uma conjuntura de estresse de mercado e juros reais bem acima da média histórica.

Vamos aos números

Para explicar melhor a lógica, vamos a um caso concreto. Tomando por exemplo um investidor que tenha, na sua carteira, um título cuja remuneração seja de IPCA + 3% ao ano, e cujo prazo seja de 12 meses. Caso ele decida manter o título, ele vai receber exatamente o que foi acordado: a inflação (que está projetada em cerca de 7% para o período) somada à taxa de 3%, cujo resultado final será de pouco mais de 10% – abaixo, portanto, do CDI, que deve ser de aproximadamente 12%.

A outra opção seria o investidor vender o papel por um preço de IPCA + 5% (o valor atual desse mesmo título, na regra de marcação a mercado), e reinvestir o mesmo dinheiro em outro papel, com rendimento de IPCA + 5,5% ao ano com um vencimento mais longo.

Portanto, o prejuízo com a venda antecipada do papel original será de 2% (que é a diferença entre o preço de mercado e o preço “original” do título). Mas uma vez que o título atual está rendendo acima disso, o investidor deve recuperar a perda temporária já no curto prazo – no caso utilizado no exemplo, o tempo para recuperar o prejuízo seria de menos de 2 meses.

"Dado o tempo relativamente curto de recuperação, julgamos atrativa a oportunidade de estancar o retorno menos atrativo antecipadamente e reinvestir em um título um pouco mais longo com uma remuneração mais atrativa, desde que o título vendido tenha um prazo curto (até 2 anos) e boa liquidez no mercado secundário", recomendou a equipe do BTG.

Para ajudar na escolha do título para o reinvestimento, os analistas indicaram títulos com duration de 4 a 5 anos, em razão das expectativas de juros para o período.

"A principal vantagem de fazer esse movimento agora é mitigar o risco de reinvestimento. Ou seja, ao se 'travar' em uma taxa elevada, o investidor tem dois benefícios: a segurança de conseguir receber um juro real bem acima da média histórica por um período mais longo e a possibilidade de maximizar ganhos de capital quando a conjuntura permitir", reforçou o banco, em relatório.

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