Dinheiro: alto patamar da Selic deixa a poupança desvantajosa em relação a outros investimentos (Thinkstock/denphumi)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2016 às 19h45.
São Paulo - A taxa Selic será mantida nos 14,25% ao ano, conforme anunciou o Comitê de Política Monetária (Copom) na noite desta quarta-feira (27). Com a manutenção dos juros básicos, a poupança continua rendendo menos que outras aplicações de renda fixa, que são beneficiadas pelo alto patamar da taxa.
Analistas de mercado já esperavam que a taxa ficasse nos 14,25%, conforme apontou o Boletim Focus do Banco Central, que retrata as expectativas de economistas e instituições financeiras. De acordo com as projeções, contudo, a Selic deve encerrar 2016 aos 13,25% ao ano.
Esta é a sexta vez consecutiva que o Copom anuncia a manutenção dos juros, que subiram pela última vez em julho de 2015, quando a taxa básica foi elevada de 13,75% para os atuais 14,25% ao ano.
Entre as aplicações conservadoras que se aproveitam do alto patamar da Selic podem ser citados os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com taxas pós-fixadas, os fundos DI e o Tesouro Selic, título público negociado pelo Tesouro Direto que paga ao investidor a variação da taxa básica. Os três investimentos têm seu rendimento atrelado à taxa Selic ou à taxa DI, que segue comportamento semelhante ao da taxa Selic.
Já o retorno da caderneta só fica atrelado à taxa Selic quando ela é menor ou igual a 8,5% ao ano. Pela regra atual, a caderneta rende 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR) quando a taxa básica é inferior ou igual a 8,5% ao ano e quando a taxa é maior do que 8,5%, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a TR.
Para mostrar como a poupança está desvantajosa em relação a outros investimentos que acompanham a taxa Selic, EXAME.com simulou quanto renderiam 50 mil reais na caderneta, nos CDBs pós-fixados, fundos DI e no Tesouro Selic. Veja na tabela abaixo os resultados:
Período | Poupança* | CDB 90% do CDI | Fundo DI com taxa de 1% a.a. | Tesouro Selic |
---|---|---|---|---|
6 meses | R$ 52.012,96 | R$ 52.472,68 | R$ 52.554,70 | R$ 52.691,73 |
12 meses | R$ 54.106,96 | R$ 55.257,54 | R$ 55.463,73 | R$ 55.738,49 |
18 meses | R$ 56.285,26 | R$ 58.132,50 | R$ 58.501,06 | R$ 58.900,50 |
24 meses | R$ 58.551,26 | R$ 61.524,12 | R$ 62.117,32 | R$ 62.647,27 |
30 meses | R$ 60.908,48 | R$ 64.863,74 | R$ 65.721,11 | R$ 66.358,31 |
(*) Para o cálculo da poupança, foi considerada uma Taxa Referencial (TR) de 0,16% ao mês, que foi a TR mensal verificada a partir da TR média dos últimos 12 meses (de 1,95%), de acordo com a Calculadora do Cidado Banco Central.
(**) Rendimentos válidos para investimentos em corretoras que não cobram taxas de administração para aplicações no Tesouro Direto.
Sobre os fundos DI
Os fundos DI eram obrigados a investir 95% da carteira em títulos públicos atrelados à Selic, de acordo com a antiga classificação da Anbima, entidade que regula o mercado de fundos. Com a nova classificação, criada pela Anbima em 2015, não existe mais uma classe de fundos DI, ainda que os bancos continuem a usar essa nomenclatura.
Segundo a Anbima, os fundos DI se desmembraram em duas categorias principais: os fundos de renda fixa duração média soberano e os fundos de renda fixa duração baixa grau de investimento.
De todo modo, como os fundos que acompanham os juros continuam a ser chamados de fundos DI no mercado, o levantamento também manteve a nomenclatura. Ainda assim, é importante que o investidor consulte a estratégia do fundo DI para checar se, de fato, trata-se de um fundo que acompanha a flutuação da taxa de juros. Confira mais detalhes sobre as novas classificações de fundos.
Resultados da comparação
Os valores da tabela já são apresentados com o desconto do Imposto de Renda (IR), que é cobrado em todas as aplicações, à exceção da poupança, que é isenta de IR.
Ainda que a poupança seja livre de imposto, a tabela mostra que as rentabilidades dos CDBs, fundos DI e Tesouro Selic são maiores do que a da caderneta em qualquer prazo.
De acordo com a tabela regressiva do IR, aplicações feitas em até 180 dias são tributadas à alíquita de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.
Para facilitar a simulação, foi considerara uma taxa DI igual à taxa Selic. Ambas são usadas como referência para o rendimento das aplicações de renda fixa e seguem comportamento parecido. Nos últimos 12 meses, por exemplo, a taxa DI acumulada foi de 13,82%, enquanto a Selic acumulada no mesmo período foi de 13,89%.
Por causa dessa leve diferença entre as taxas, os rendimentos de aplicações em CDBs e fundos DI, que acompanham a taxa DI - também chamada apenas de CDI -, podem ser um pouco menores do que os apontados na simulação, que utiliza como parâmetro a taxa Selic.
Já a rentabilidade do Tesouro Selic, título negociado no Tesouro Direto, é a mesma apontada na tabela, pois sua remuneração varia exatamente conforme a Selic.
As condições para bater a poupança
A simulação considerou taxas de administração e de remuneração normalmente praticadas no mercado, mas vale ressaltar que se as taxas forem superiores às usadas na tabela e as remunerações forem menores, alguns investimentos podem perder da poupança, ainda que com o alto patamar da Selic essa hipótese seja menos provável.
Para ser mais rentável do que a poupança, independentemente do prazo de investimento, os CDBs devem pagar, ao menos, 77% da taxa DI. Caso a instituição financeira ofereça uma remuneração menor, pode valer mais a pena deixar o dinheiro aplicado na poupança (calcule o rendimento da caderneta).
Fundos DI que tenham rendimento de 100% do CDI são mais vantajosos do que a poupança se as taxas de administração cobradas pela instituição financeira não passarem de 3,0% ao ano. Ainda que essa taxa já seja considerada alta, existem fundos que cobram taxas ainda maiores e conseguem render menos do que a poupança.
Já o Tesouro Selic só perderia da poupança se o valor da taxa de administração cobrada fosse de 2,7% ao ano ou maior. No entanto, o porcentual máximo que pode ser cobrado por corretoras na compra de títulos públicos pelo Tesouro Direto é de 2% ao ano.
Atualmente, a maioria das instituições financeiras cobra até 0,3% pelo investimento. Algumas até isentam investidores da taxa (veja o ranking das taxas cobradas para a compra e venda de títulos).
Além da taxa de administração, que varia conforme a corretora escolhida, vale lembrar o investidor paga uma taxa fixa de 0,3% ao ano para custódia dos títulos na BM&FBovespa.
Veja, no vídeo a seguir, opções de investimentos conservadoras para obter retornos superiores aos da pupança:
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