Renda fixa: mesmo com a queda da Selic, especialistas recomendam investir na modalidade em 2024 (Jason Marz/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 10h39.
Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 15h17.
O ano de 2023 está chegando ao fim e entender como será o cenário macroeconômico de 2024 auxilia o investidor a escolher as melhores opções de investimento. Para quem se enquadra em um perfil menos arriscado, pode estar se perguntando se a renda fixa ainda vale a pena. Afinal, os juros brasileiros estão em um ciclo de corte: na última quarta-feira, 13, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu novamente a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,50 p.p. (pontos percentuais) para 11,75%.
O movimento traz de volta um apetite a risco, o que torna interessante investimentos em ativos de renda variável. Contudo, à EXAME Invest, os especialistas adiantam: é possível encontrar boas opções em renda fixa para 2024. Além disso, é importante sempre ter uma carteira de investimentos diversificada.
“Ainda que os títulos de renda fixa estejam pagando menos, o investidor tem que considerar ter uma posição para que ele tenha um portfólio mais equilibrado, pensando no retorno de toda a sua carteira de investimento. A renda fixa continua sendo excelente para objetivos de curto e médio prazo”, explica Ivan Eugênio, analista da Money Wise Research.
Em um cenário de queda de juros, os prefixados podem ser uma boa opção. Isso porque a taxa Selic e os títulos prefixados são inversamente proporcionais: quando os juros sobem, o interesse por ativos indexados à Selic aumenta, e a busca por ativos prefixados diminui, já que poderá não ser mais vantajoso a rentabilidade prefixada com a Selic podendo subir mais. E o contrário também acontece. Quando os juros caem e ainda há a perspectiva de maiores quedas, como é o caso para 2024, investir em títulos cuja a taxa prefixada é maior do que a previsão da Selic terminal é uma boa opção.
“No médio prazo, especialmente para aqueles que se posicionarem agora nos prefixados, há a perspectiva de benefícios sólidos. Quando a taxa Selic cai, os títulos prefixados sobem. Mas, tem que ter cuidado porque se resgatar antes do vencimento pode ter prejuízo”, explica Cleide Rodrigues, analista chefe da Money Wise Research.
Em relatório publicado pelo BTG Pactual, os analistas afirmam que a curva de juros voltou a precificar a Selic terminal abaixo de 10%, em comparação com um patamar de precificação perto de 11% no final de outubro. Com as projeções para uma Selic terminal menor, o BTG mantém a posição comprada em renda fixa prefixada. “Continuamos enxergando prêmio nas curvas de juros, o que corrobora a manutenção desse posicionamento.”
Dentre os produtos de renda fixa, Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e debêntures incentivadas, com taxas prefixadas, podem ser boas opções de investimento para 2024. Na quarta de Copom, o rendimento dos LCIs e LCAs prefixados com vencimento até 2027 estavam pagando entre 9% a 9,8%.
Segundo Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, as letras de crédito são uma boa opção porque são produtos isentos de imposto de renda e de baixo risco. A recomendação, então, é escolher bem o emissor e não extrapolar o limite do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). “Lembrando que em vários casos o dinheiro fica preso até o final, logo, é preciso investir o que não irá precisar de liquidez.”
Caso a pessoa opte pelos pós-fixados ou híbridos, a sugestão dos especialistas é olhar para outras taxas além da Selic (já que ela está em queda). Segundo a economista Adriana Matheus, mesmo com a inflação de 2023 finalizando em patamares menores do que o previsto, existem expectativas inflacionárias para 2024. Por conta disso, investimentos em renda fixa atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) podem ser uma boa estratégia. No último Boletim Focus, publicado na segunda-feira, 11, a projeção da inflação oscilou de 3,92% para 3,93% em 2024.
“O mercado vem projetando uma Selic de 9,25% para o final de 2024. Obviamente cortes na taxa a deixarão menos vantajosa, o que tornará os títulos indexados à inflação mais atrativos dentro da renda fixa. Para prazos mais longos, a sugestão pode ser o IPCA, onde contamos com uma taxa que protege o poder de compra na carteira do investidor.”
Dentre os produtos atrelados ao IPCA, o Tesouro IPCA+ pode também ser uma escolha para 2024. Como explica Adriana, o título rende a taxa IPCA do período somada a um valor prefixado (ou seja, tem característica híbrida). “Esse valor prefixado representa o quanto o investidor ficará acima da inflação, ou seja, o Tesouro IPCA+ garante sempre um juro real, um rendimento sempre maior do que a inflação do período”. O Tesouro IPCA+ com vencimento para 2029 ofertava, nesta sexta, 15, IPCA + 5,28%.