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Segundo melhor fundo da década está comprando ações

Com rendimento acumulado de 1.433% desde 2000, fundo de ações da BNY Mellon ARX acredita que papéis de consumo básico e de grandes bancos estão com preços atrativos

Rogério Poppe, gestor de renda variável da BNY Mellon. há boas oportunidades na bolsa (Divulgação)

Rogério Poppe, gestor de renda variável da BNY Mellon. há boas oportunidades na bolsa (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 19h35.

São Paulo – Todo mundo já sabe que, para ganhar dinheiro em bolsa, é necessário comprar na baixa e vender na alta. O difícil é ter coragem para colocar o plano em prática em dias como a última segunda-feira (08/08), em que o Ibovespa derreteu 8%. Mas foi exatamente isso que fez Rogério Poppe, gestor do BNY Mellon ARX Income FIA, um fundo de ações que rendeu 1.433% entre janeiro de 2000 e a última sexta-feira, o segundo maior retorno da categoria (veja o ranking abaixo, extraído da base de dados da consultoria Economática).

Nome Classificação Anbima Retorno entre janeiro de 2000 e 5 de agosto de 2011 (%) Taxa de administração máxima ao ano (%) Taxa de performance (%) Aplicação inicial mínima Tipo de investidor
Tempo Capital FIC FIA Ações Livre 2269,07 2,6 20% da variação da cota do FUNDO que exceder 100% da variação do IBrX fechamento 300.000 Invest. Qualificado
BNY Mellon ARX Income FIA Ações Dividendos 1433,03 3 - 20.000 Todos
Small Cap Valuation Ib FIA Ações Small Caps 1377,46 2 15% s/ 100% do IBOVESPA 5.000 Todos
Dynamo Cougar FIA Ações Livre 1299,6 2 15% s/ 100% do IGPM + 6% 100.000 Invest. Qualificado
Bradesco Prime FICFIA Small Cap Ações Small Caps 1235,55 3 - 1.000 Todos
Franklin Temp Valor e Fvl FIA Ações Livre 1011,13 2 20% da valorização da cota do fundo que exceder IGPM acrescido de 6% ao ano 50.000 Invest. Qualificado
Itau Acoes Dividendos FI Ações Dividendos 962,28 1,5 - 5.000 Todos
Safra Mult Dividendos FIA Ações Dividendos 935,57 1,5 NE 0 Todos
Fama Futurewatch I FIC FIA Ações Livre 907,05 2,5 20% que exceder 100% do IGPM + 6% 50.000 Invest. Qualificado
Santander FI Dividendos Acoes Ações Dividendos 897,07 4 - 1.000 Todos

Na opinião do gestor, as ações dos grandes bancos e de empresas consumo básico já estão com preços atraentes o suficiente para motivar qualquer investidor com perspectiva de longo prazo a pensar em aproveitar a oportunidade para comprá-las. Em entrevista a EXAME.com, ele deixou claro que não adianta tentar adivinhar o fundo do poço para a bolsa e explicou como tem encarado os atuais dias de pânico. Leia a seguir os principais trechos:

EXAME.com – Como o fundo enxerga o atual momento das bolsas?

Poppe – Estamos vivendo um momento de pânico. É muito difícil de tomar decisões agora. Mas temos aproveitado para usar parte do dinheiro que tínhamos em caixa para comprar algumas ações. Há um mês, estávamos com cerca de 10% do patrimônio de 450 milhões de reais do fundo parado à espera de boas oportunidades. Hoje o caixa do fundo caiu para 5%. Achamos que esse é um ponto interessante de entrada para comprar papéis que enxergamos com preços atrativos. É lógico que é muito desconfortável olhar as cotações de nossos papéis em um momento em que a Standard & Poor’s rebaixa a nota americana. Mas ainda temos uma perspectiva de obter um bom retorno no longo prazo.

EXAME.com – Que ações vocês estão comprando?

Poppe – Estamos focados em ações ligadas à economia doméstica, que são menos dependentes do crescimento global. Acreditamos que há boas oportunidades no setor financeiro e em ações ligadas ao consumo, cujos resultados são considerados mais previsíveis neste momento. Os grandes bancos estão com preços especialmente atrativos para quem olha as expectativas de retorno no longo prazo e o potencial de lucratividade. Essas instituições conseguiram apresentar bons resultados e superaram diversas crises nos últimos anos. É lógico que uma eventual retração no crédito causada pela crise é uma preocupação que temos. Mas ainda vemos e o governo disposto a sustentar a atividade da economia. É por isso que estamos confortáveis com o investimento em grandes bancos.

EXAME.com – E dentro do setor de consumo, quais seriam as melhores opções?

Poppe – Preferimos as ações de empresas que dependem menos do crédito e vendem bens de primeira necessidade ou de necessidade recorrente. São companhias que terão demanda firme em qualquer cenário. Com a renda ainda em alta, achamos que essas empresas mais defensivas vão superar bem a crise e representam uma oportunidade.


EXAME.com – Que cuidados precisam ser tomados para investir em bolsa neste momento?

Poppe – A gente não sabe até onde a crise pode ir. Então estamos tomando o cuidado de selecionar as empresas que não oferecem risco para a sustentação do negócio em si. Olhamos os balanços e verificamos os fundamentos, a liquidez de curto prazo, o endividamento, a geração de caixa, posições em dólar e qual seria o comportamento da empresa se houvesse uma alta da moeda americana. Por mais que o movimento da bolsa seja frenético nesta semana, a gente procura fazer essa análise com calma. Sempre que compramos um papel, é porque estamos confortáveis em mantê-lo por vários anos. Tanto que o giro da carteira do fundo é de cerca de 30% ao ano. Lógico que se tudo mudar, podemos mudar a estratégia. Mas não é esse o objetivo do fundo.

EXAME.com – Qual é a visão para o setor de commodities?

Poppe – Achamos que se houver uma recessão mundial, o preço das commodities tende a cair para um patamar que não conhecemos. Portanto, os preços dos produtos vendidos por uma Vale ou uma Petrobras serão menores, o que prejudicará a geração de caixa. Se o investidor olhar para o múltiplo atual, vai achar o investimento interessante. Há um mês, a ação da Vale poderia ser considerada baratíssima porque estava sendo negociada por um valor correspondente a 5 ou 5,5 vezes o lucro anual. Mas não dá para comprar essa ação baseado somente nisso porque existe um cenário bem provável de que o preço do minério de ferro caia para 170, 150 ou 120 dólares a tonelada. Como não sabemos avaliar até onde os preços podem cair, estamos mais confortáveis em correr o risco de ações ligadas ao mercado interno neste momento.

EXAME.com – Até que ponto o cenário mudou de um mês para cá?

Poppe - Mudou bastante. O Brasil vai crescer menos neste ano e no próximo e isso deve ter reflexos no preço das ações. Também estamos dando muita ênfase ao endividamento das empresas porque, se a crise durar seis meses, algumas delas devem passar por um estresse financeiro. Só estamos comprando bolsa porque, com o Ibovespa a 48.000 pontos, existe um potencial de retorno que não existia seis meses atrás.

EXAME.com – Então nem pensar em investir em empresa endividada neste momento?

Poppe – Não, é preciso olhar caso a caso. Concessionárias de serviços públicos, como empresas do setor elétrico e de telefonia, têm forte geração de caixa e uma demanda quase constante. Então não há problema que uma empresa dessa esteja endividada porque seu faturamento não vai cair 30% ou 40% em um cenário de estresse. O que a gente não vai fazer é comprar uma empresa que esteja endividada e não possa sobreviver com o próprio caixa em um cenário extremo. Imagine que haja restrições de crédito no Brasil. Uma empresa endividada e com pouco caixa pode ter de pagar juros altíssimos para financiar sua operação, o que prejudicaria os resultados.

EXAME.com – O fundo sempre busca empresas com forte geração de caixa?

Poppe – Temos esse enfoque em geração de caixa no curto prazo. Não é o objetivo do fundo investir agora em empresas que prometem gerar caixa daqui a dois ou três anos. Compramos muitas ações de energia e telecomunicações. Chegamos a ter 30% do dinheiro aplicado nessas ações em 2011. Hoje estamos com cerca de 25%. 


EXAME.com – Como você enxerga a situação nos Estados Unidos e na Europa, que tanto tem chacoalhado o mercado nos últimos dias?

Poppe – Acho que os investidores têm tirado um pouco do crédito que depositavam nos governos dos países desenvolvidos em relação à capacidade deles para resolver os problemas. Em 2008, o Federal Reserve (o BC dos Estados Unidos) iniciou uma política de relaxamento monetário. Outros bancos centrais também foram proativos e até mesmo governos do Brasil e da China injetaram dinheiro na economia para compensar um momento de retração do setor privado. Dois anos depois, começa a se espalhar pelo mercado uma percepção de que os governos não conseguiram resolver a crise. As principais economias não estão crescendo. Já o questionamento em relação à capacidade desses países para arcarem com as próprias obrigações não para de aumentar. A decisão da S&P de rebaixar os EUA mostra isso. O que a S&P está dizendo é que os governos não podem mais assumir gastos elevados sem comprometer a capacidade futura de pagamento. Ao mesmo tempo, os governos não têm mais muitas ferramentas para usar.

EXAME.com – O que mais eles podem fazer?

Poppe – O Federal Reserve já fez sua parte com a política monetária, baixando os juros. Eles até podem anunciar uma nova política de relaxamento monetário, mas somente isso não parece ser a solução. Poderia haver um efeito positivo para o preço das commodities, o que ajudaria o Brasil. O problema é que alivia a situação, mas não resolve. A votação do aumento do teto da dívida no Congresso americana mostrou a incapacidade dos EUA em coordenar políticas que sustentem o crescimento. Eles precisam de algum tipo de pacote fiscal que possa sustentar a dívida no longo prazo ao mesmo tempo em que injeta algum recurso na economia no curto prazo.

EXAME.com – E na Europa, como se resolve o problema?

Poppe – Também vejo essa falta de coordenação entre os governos na Europa. É uma situação até pior porque envolve soberania. Na década de 1990, o governo brasileiro anunciou um plano para resgatar os estados que estavam bastante endividados. A União assumiu a dívida dos estados, mas impediu que eles voltassem a se endividar e apresentou uma lista de exigências fiscais aos governadores. Na Europa, uma solução desse tipo poderia funcionar. O problema é a soberania. A Alemanha sabe que é importante ajudar outros países da zona do euro até para a própria sobrevivência, mas como eles imporiam restrições fiscais a outros países? Em algum momento, acredito que eles terão de chegar a algum tipo de solução na área fiscal. Qualquer outra medida que seja anunciada é paliativa, é resolver os problemas empurrando com a barriga. Se a Europa quiser voltar a crescer, terá de agir.

EXAME.com – Como o Brasil está posicionado para enfrentar o que vem por aí?

Poppe - O Brasil continua muito bem economicamente. A Bovespa tem despencado porque precisa dos investidores estrangeiros para que os preços das ações se sustentem. Também existem algumas vulnerabilidades reais. A economia brasileira depende demais do crescimento externo e do preço das commodities. É possível que mais adiante haja algum tipo de estancamento do crédito, ainda que de alguma forma não tão grave quanto em 2008. Nesse caso, também haveria adiamento de investimentos e uma expansão menor do PIB em 2011 e em 2012. De certa forma, a presidente Dilma está tentando montar às pressas um pacote para ajudar a indústria, com medidas para compensar a taxa de câmbio e reduzir a competição de produtos importados. É algo que pode funcionar no curto prazo.

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