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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
Emprestar dinheiro a amigos pode ser um inferno. Para muita gente, é difícil falar "não" quando um colega de muitos anos lhe pede algum valor emprestado e mais difícil ainda quando o prazo para saldar a dívida já venceu e nada de o dinheiro voltar. É mesmo uma equação complicada de resolver.
Além de provocar um rombo financeiro, muitos casos acabam até no divã."Muitas pessoas não falam não quando ouvem um pedido desse com medo de o vínculo afetivo se romper, como se os relacionamentos dependessem sempre de uma resposta positiva", afirma Sérgio Wajman, psicanalista e professor da Faculdade de Psicologia da PUC de Sao Paulo.
Para a psicóloga Dora Lorch, especialista em estresse e psicossomática, para se sair bem numa situação dessas o melhor é ser objetivo, analisando o tamanho real da amizade, a capacidade de quem pede o empréstimo de reembolsar a quantia no prazo estipulado e, ainda, se concorda ou não com o destino que o amigo em apuros financeiros dará ao dinheiro. "Falar a verdade, ainda que ela seja uma resposta negativa, é sempre a melhor solução", diz ela.Há pessoas que acumulam casos de dinheiro emprestado a amigos e uma lista de maus pagadores.
O comerciante Maurício Fernandes Silva, por exemplo, tem, a fundo já quase perdido, 100 000 reais nas mãos de colegas que enfrentam dificuldades para controlar seu extrato bancário. O resultado é que ele próprio passou a ter problemas para tirar sua conta do vermelho, seu nome ficou sujo no mercado e, para complicar tudo, seu casamento acabou porque a mulher nao suportava mais essa situação. "Por achar muito difícil falar não para um amigo perdi tudo na vida", lamenta Silva. Outra pessoa que se arrepende de ter dado uma força financeira para amigos é a funcionária pública Jeovane Vilela, de Minas Gerais.
Em 1997, ela emprestou 15 000 reais a um colega de longos anos. O devedor prometeu pagar juros de 5% ao mês, bem mais que a poupança onde ela guardava o dinheiro. Bom, a empresa que o amigo tinha acabou falindo mesmo com a injeção monetária e o saldo nunca foi pago. Jeovane agora é categórica: "Aprendi a liçao", garante ela. "Se puder viver sem o dinheiro, eu até dou. Mas, se for me fazer falta, não empresto, não." Se apesar de todos os riscos você estiver disposto a emprestar, siga pelo menos uma regra - é sempre melhor fazer o acordo por escrito.
Pode ser algo simples, mas que deixe claro o compromisso de cada um na história. "Amigos, amigos, negócios à parte", aconselha Alberto Matias, professor de Finanças da Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirao Preto.