Petrobras: capitalização criou bom ponto de entrada na bolsa, diz Rio Bravo (.)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 15h12.
São Paulo - Nos últimos meses, a gestora de recursos Rio Bravo investiu 15% do dinheiro de seu fundo de ações, o Rio Bravo Fundamental, em Petrobras. Segundo Fernando Fanchin, analista de renda variável da gestora, o processo de capitalização contribuiu para depreciar exageradamente as ações da Petrobras - e criou um bom ponto de entrada para os investidores.
Os papéis da estatal caíram cerca de 27% neste ano e mais de 36% desde que o governo definiu o plano de capitalização da companhia. Para Fanchin, a Petrobras sofreu a quarta maior desvalorização do Ibovespa em 2010 por dois motivos. O primeiro é que, dado o tamanho da capitalização, que atingiu 120 bilhões de reais, muitos investidores venderam os papéis que possuíam para recomprá-los na oferta pública realizada neste mês.
Já o segundo fator é menos técnico. O processo de capitalização foi uma grande transação entre partes relacionadas. O governo cederia à Petrobras o direito de explorar 5 bilhões de barris de petróleo no pré-sal. Por outro lado, a estatal usaria boa parte do dinheiro levantado na capitalização para pagar a União pela cessão desses barris. Como coube ao governo estabelecer o valor de cada barril, em um processo que não contou com a participação dos acionistas minoritários, os papéis da empresa acabaram punidos.
Mas, concluído todo esse processo, Fanchin acredita que as ações da Petrobras tendem a subir nos próximos meses. Essa visão reflete principalmente o fato de os papéis terem, segundo ele, um desconto de 10% a 12% em relação a grandes empresas de petróleo internacionais.
O múltiplo utilizado pela Rio Bravo é o do valor da empresa em relação a suas reservas de petróleo. Com os 5 bilhões de barris de petróleo cedidos pela União, a Petrobras estaria sendo negociada pelo equivalente a 12,5 dólares por cada barril de reserva. No caso de concorrentes como ExxonMobil e Chevron, o valor seria de 14 dólares por barril. “Em nossa opinião, esse desconto deve fechar no curto ou no médio prazo”, diz ele - clique aqui e ouça a entrevista completa.
Fanchin também explicou que o múltiplo preço/lucro - o mais utilizado para analisar empresas negociadas em bolsa - não é o mais adequado no caso da Petrobras neste momento. A capitalização aumentou o valor de mercado da Petrobras em 120 bilhões de reais. Portanto, esse múltiplo pode induzir à análise de que a empresa estaria cara - quando, na verdade, o processo de capitalização só contribuiu para aumentar suas reservas e irrigar seu caixa.
O analista acredita que o direito de produzir 5 bilhões de barris no pré-sal é como “sangue” para a Petrobras, já que isso vai garantir que a empresa continue a ter o que explorar nos próximos 40 anos. “E nossa visão é de que a demanda por petróleo continue a crescer mais que a oferta, o que naturalmente vai pressionar as cotações da commodity para cima, beneficiando todas as empresas do setor.”
Riscos
A Rio Bravo entende que a candidata Dilma Rousseff (PT), favorita na eleição presidencial que acontece no domingo, tem um perfil mais interventor que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como a chance de que o governo mude políticas da Petrobras cresceu, o risco político do investimento em suas ações também seria maior.
O analista, no entanto, lembra que Dilma já fazia parte do governo e, inclusive, foi a presidente do conselho de administração da companhia por alguns anos. Não seria isso, portanto, que impediria a alta das ações. “Para parafrasear uma de nossas referências que é o Warren Buffett, é preciso ser ambicioso quando os outros têm medo, e quando os outros estiverem ambiciosos é preciso que você tenha cautela.”
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