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Rio Bravo cria fundo para fisgar cliente private de bancos

Portfolios Rio Bravo promete assessoria personalizada e retorno maior do que o oferecido por grandes bancos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2014 às 09h51.

São Paulo - De olho na clientela "private" de grandes bancos, a gestora Rio Bravo Investimentos está lançando uma assessoria financeira que visa oferecer a clientes de alta renda um contato mais personalizado do que o oferecido em bancos, com uma estratégia que promete afastar os investidores de vieses comportamentais que prejudicam seus resultados e capaz de superar o retorno do CDI.

“Os bancos usam e abusam da força que têm com a clientela. Nós vamos oferecer um serviço personalizado que atenda esse cliente de alta renda que fica meio perdido nos bancos”, diz Paulo Bylik, sócio-fundador da Rio Bravo.

O novo serviço, chamado Portfolios Rio Bravo, é um fundo de investimento que tem como estratégia principal a diversificação dos ativos e a manutenção desse balanceamento no longo prazo. 

A divulgação do fundo e o anúncio da nova estratégia de captação de clientes pessoa física da gestora foram feitos com exclusividade a EXAME.com pelo sócio-fundador da Rio Bravo.

Para eliminar as preocupações do investidor com o sobe e desce do mercado e afastar as tentações de movimentar demais a carteira, os ativos do Portfolios serão balanceados apenas a cada seis meses ou diante de uma situação extraordinária de mercado.

Uma estratégia que, segundo estudos da Rio Bravo, teria sido capaz de superar nos últimos 20 anos o rendimento do CDI - taxa de juros praticada em transações interbancárias que baliza o rendimento das aplicações de renda fixa e fica próxima à Selic.

“O Portfolios evita que o investidor fique o tempo mexendo nos seus investimentos. Ele propicia uma maior disciplina e com isso reduz os custos, já que é muito caro ficar girando a carteira”, afirma Bylik.

Ele acredita que, com menos movimentações o fundo tende a ter um melhor desempenho não só por diminuir os custos das movimentações, mas também por prevenir o investidor e o gestor de vender ativos na baixa e comprar na alta.

Esse movimento costuma prejudicar os resultados, mas por causa da aversão à perda investidores têm uma tendência de querer se livrar de um ativo em queda o quanto antes.

Por outro lado, também tendem a comprar ativos que já estão em alta, puxados pelo efeito manada, que leva os investidores a seguir o "rebanho" e aplicar nos ativos que a maioria do mercado investe, quando eles já estão caros.

Esses comportamentos, que não fazem muito sentido do ponto de vista racional, são chamadas de vieses psicológicos por estudiosos das finanças comportamentais, que investigam as emoções que influenciam as tomadas de decisões financeiras.

Outro diferencial em relação aos bancos, segundo Bylik, seria a maior independência do fundo. "Os bancos investem em ativos da própria instituição financeira. Já a Rio Bravo, por ser uma gestora independente, não tem esse conflito e investe nos ativos com melhor desempenho", diz.

Funcionamento do fundo

A aplicação mínima no Portfolios é de 200 mil reais e o objetivo, segundo Bylik, é que o cliente traga a maior parte dos seus recursos disponíveis para investimento para que a Rio Bravo se encarregue do seu trabalho de diversificação. 

“Queremos atingir o cliente de banco que está comprado até a alma em CDB e poupança e que está mal servido”, diz o sócio-fundador da Rio Bravo.

O fundo terá uma taxa de serviços de 0,10% ao mês (cerca de 1,20% ao ano). Não haverá taxa de corretagem e nem de custódia.

O Portfolios tem liquidez de uma semana, isto é, os clientes que solicitarem o resgate dos seus recursos poderão recebê-los em um prazo de até uma semana. Também não há período de carência, desde o início do investimento o cotista é livre para sacar sua participação.

A gestora lançará três Portfolios. O primeiro será aberto para captação até o final de setembro e é voltado a investidores com perfil conservador e moderado; o segundo será voltado a clientes com perfil moderado e o terceiro a clientes com perfil arrojado. Esses outros dois fundos serão lançados neste ano, mas ainda não há uma data definida. 

Conforme explica Eduardo Levy, gestor do Portfolios Rio Bravo, o primeiro fundo será distribuído da seguinte forma: 25% em ativos atrelados ao CDI, 20% em ativos atrelados ao IMA (índice que representa a evolução de uma carteira de títulos públicos), 30% em fundos imobiliários, 15% em Bolsa, sendo 5% em ativos atrelados ao Ibovespa e 10% em fundos ativos de ações e os 10% restantes em fundos multimercados, incluindo multimercados juros e moedas, que investem em moedas no exterior.

A Rio Bravo tem sob sua gestão um volume total de recursos de 10,2 bilhões de reais e seus principais clientes são investidores institucionais, tais como: fundos de pensão, seguradoras, fundações e instituições de fomento, entre outros.

De acordo com Levy, a distribuição dos ativos que compõem a carteira do novo fundo foi baseada na expertise que a gestora tem na administração dos recursos desses grandes clientes e também no tipo de investimento que atende a demanda do investidor pessoa física.

A cada seis meses, o fundo será rebalanceado para voltar à diversificação original. Isto é, se os ativos atrelados ao CDI tiverem um rendimento alto e passarem a ter um peso de 30% na carteira, os gestores realocarão os recursos para que o percentual retorne aos 25% originais.

“Normalmente, investidores acabam vendendo ativos que subiram mais e comprando ativos que subiram menos. Esse trabalho de rebalanceamento é fundamental para trazer a rentabilidade dessa carteira diversificada ao final do período”, afirma o gestor do Portfolios.

A cada semestre, os gestores também entrarão em contato com os clientes para verificar se o fundo está atendendo seu perfil de risco, ou se o cliente deseja reduzir ou aumentar sua exposição a ativos mais ou menos conservadores.

Levy afirma que a estratégia do fundo também visa combater outros vieses psicológicos. “O investidor acha que tem controle sobre o mercado, mas não tem. Vieses como o de só comprar ativos brasileiros e de achar que ele pode ganhar com o day trading [compra e venda de ativos em um dia] levam o investidor a perdas, conforme mostram diversos estudos. No fundo eles serão eliminados com o rebalanceamento específico, dentro de parâmetros específicos, em data específica”, diz o gestor. 

Ele acrescenta ainda que o investimento no fundo deve ser feito no longo prazo, em um horizonte de pelo menos três anos. 

O imposto de renda será cobrado por meio do sistema de tributação conhecido como "come-cotas", no qual o imposto é cobrado duas vezes ano ano e provoca redução do número de cotas do fundo, daí seu apelido.

Retorno superior ao CDI

A Rio Bravo simulou o desempenho que a estratégia empregada no fundo teria nos últimos 20 anos.

Para isso, a gestora calculou qual seria o rendimento de 100 reais aplicados em julho de 1994 no Portfolios, no Ibovespa e no CDI.

A conclusão foi que, em julho de 2014, a aplicação no CDI totalizaria 3.200 reais, no Ibovespa pouco menos de 1.500 reais e no Portfolios o montante seria de 3.500 reais.

“Isso mostra que a diversificação, alinhada ao rebalanceamento, é uma arma poderosa e que não pode ser simplesmente desmerecida pela nossa cultura de juros altos”, afirma Eduardo Levy.

Ele ressalta que a estratégia do fundo foi capaz de superar o CDI em um período no qual os juros estiveram em patamares muito elevados: de 20% ao ano em média, nos últimos 20 anos.

"Nos anos 90 a taxa de juro chegou a passar de 50% ao ano. Como nos últimos anos os juros não têm passado de 12%, a diversificação ficará ainda mais interessante", diz Levy.

A simulação, no entanto, considerou os resultados brutos, sem a incidência de taxas e outros custos. Mas, segundo o gestor, mesmo incluindo os custos, o fundo é capaz de superar o CDI. Os detalhes do estudo serão divulgado de forma detalhada em outubro. 

Cuidados

Antes de fazer qualquer tipo de investimento, é sempre muito importante verificar se a aplicação em vista combina com os seus objetivos e perfil de risco.

No caso do fundo da Rio Bravo, por exemplo, a carteira inclui uma boa porção de ativos de renda variável, que são mais arriscados, já que seus rendimentos são imprevisíveis. 

Também não se trata de um investimento para quem pretende resgatar os recursos no curto prazo.

Além disso, ainda que os estudos da gestora mostrem que o fundo teria superado o CDI nos últimos 20 anos, retorno passado não é garantia de rentabilidade futura. 

Por fim, uma das regras básicas dos investimentos pessoais é não colocar todos os ovos em uma cesta só. Ainda que o Portfólios tenha uma diversificação dentro da carteira, ao concentrar os recursos apenas nesse investimento o investidor pode estar colocando seus ovos todos em uma só cesta. 

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