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Renda fixa perde para inflação e tem menor peso da década entre fundos

Movimento demonstra busca por diversificação pelo investidor diante de rentabilidade que chegou a ficar aquém até da taxa DI para sete categorias da renda fixa

Os fundos de renda fixa também foram os que mais sofreram em termos de captações (Feverpitched/Thinkstock)

Os fundos de renda fixa também foram os que mais sofreram em termos de captações (Feverpitched/Thinkstock)

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Beatriz Quesada

Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 10h13.

O patrimônio líquido da indústria de fundos brasileira registrou em 2020 a menor participação da década em produtos de renda fixa, segundo dados divulgados pela Anbima, a associação que reúne as entidades do mercado de capitais. O segmento ainda detém o primeiro lugar em volume de capital alocado no Brasil, com 2,195 trilhões de reais, mas está cedendo espaço para outros tipos de fundo por causa da baixa rentabilidade média: 9 das 16 categorias de renda fixa perderam para a inflação em 2020, e sete ficaram aquém até mesmo da variação de 2,76% da taxa DI.

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A Anbima divide o montante captado na indústria de fundos em oito classes: renda fixa, ações, multimercados, cambiais, previdência, ETFs, off shore e estruturados. Esta última opção inclui fundos imobiliários (FIIs), fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e fundos de investimento em participações (FIPs). 

Entre todas as classes de fundos, a renda fixa ainda reina soberana entre os brasileiros. Ainda assim, o segmento enfrentou, em 2020, seu maior desafio dos últimos dez anos. Isso porque o percentual de patrimônio líquido de fundos alocado em renda fixa vem caindo desde 2016: já recuou mais de 10 pontos percentuais em quatro anos, passando de 48% para 36,6%. 

Fonte: Anbima (Anbima/Divulgação)

Parte do movimento pode ser explicada pela baixa taxa básica de juros, de 2% ao ano, que reduz a rentabilidade de aplicações mais conservadoras e empurra investidores para opções mais arrojadas. 

“A renda fixa naturalmente perde atratividade e isso acaba estimulando os investidores a reduzirem, aos poucos, sua aversão a risco. Em 2020, muitas pessoas também precisaram acessar suas reservas de emergência, que estão em fundos mais conservadores, para pagamento de contas”, afirma Carlos André, vice-presidente da Anbima.

A classe também foi a que mais sofreu em termos de captações. O resultado foi negativo, com resgates de 41,2 bilhões de reais no ano de 2020. Ainda assim, o saldo foi melhor do que o do ano de 2019, quando haviam sido resgatados 55,9 bilhões de reais em fundos de renda fixa.

Para as outras classes de ativos o ano foi, em geral, positivo. A indústria de fundos de investimento atingiu, no último dia de 2020, a marca histórica de 6 trilhões de reais em patrimônio líquido e encerrou 2020 com captação líquida (aportes menos resgates) positiva de 156,4 bilhões de reais.

Houve um recuo de 32% na comparação com 2019, mas a avaliação da Anbima é a de que os dados demonstram a resiliência do setor em um ano com tamanha volatilidade. “Mesmo com os efeitos da crise, a indústria de fundos teve uma rápida e consistente retomada e entregou ótimos resultados”, pontua Carlos André. Ele destaca, ainda, que o movimento foi sustentado pelo aumento no número de contas em fundos, que saltou de 21 milhões em 2019 para cerca de 25 milhões em 2020.

Em relação às rentabilidades acumuladas no ano, o destaque ficou com os fundos multimercados: a maior parte teve desempenho acima da taxa DI (2,76%) e do Ibovespa (2,9%). Os multimercados também bateram o recorde histórico de captação líquida da Anbima, angariando 97,575 bilhões de reais no ano passado. Até então, nenhuma classe de fundo havia conseguido levantar mais de 90 bilhões de reais em um único ano, nem mesmo a de renda fixa, que possui o maior patrimônio líquido da indústria.

Entre os fundos de renda fixa, o destaque de rentabilidade ficou com o segmento que investe em dívida externa. Esse produto teve retorno de 36%, influenciado pela alta de 28,9% do dólar em 2020. Sete categorias dos fundos de renda fixa, porém, tiveram rentabilidade média na casa dos 2% -- apenas metade das categorias dos fundos de renda fixa conseguiu um retorno acima da taxa DI (2,76%) e do Ibovespa (2,9%). Considerando a inflação medida pelo IPCA de 4,52%, nove categorias ficaram abaixo.

Categorias

Rentabilidade em 2020

Renda Fixa Simples

1,92

Renda Fixa Duração Baixa Soberano

1,98

Renda Fixa Duração Média Crédito Livre

2,07

Renda Fixa Duração Média Grau de Investimento

2,13

Renda Fixa Duração Baixa Crédito Livre

2,18

Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento

2,19

Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre

2,57

Taxa DI

2,76

Ibovespa

2,9

Renda Fixa Duração Média Soberano

3,08

Renda Fixa Duração Livre Crédito Livre

3,86

Renda Fixa Duração Livre Grau de Investimento

4,69

Renda Fixa Duração Livre Soberano

5,59

Renda Fixa Duração Alta Soberano

5,65

Renda Fixa Indexados

5,97

Renda Fixa Investimento no Exterior

6,14

Renda Fixa Duração Alta Grau de Investimento

9,83

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