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Remessas para o exterior: o que fazer com o dólar a R$ 5,40?

Dados da corretora Wise, uma das maiores do país em remessas, apontam correlação entre a taxa de câmbio e o volume de recursos enviado para o exterior

Valorização da moeda americana reduz as remessas de recursos do Brasil para o exterior | Foto: Lee Jae-Won/Reuters (Lee Jae-Won/Reuters)

Valorização da moeda americana reduz as remessas de recursos do Brasil para o exterior | Foto: Lee Jae-Won/Reuters (Lee Jae-Won/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2021 às 15h34.

Última atualização em 23 de agosto de 2021 às 16h32.

A recente disparada do dólar, que passou de 5,10 reais na virada de julho para agosto para 5,40 reais nos últimos dias, impactou o universo de investidores ou pessoas físicas que fazem remessas de recursos para o exterior e vice-versa.

Especialistas em câmbio e em remessas aconselham esse público a não alterar sua programação de remessas em situações de oscilações de baixa magnitude. Mas, caso as variações nas cotações sejam significativas, daí pode valer a pena esperar um momento mais propício — é algo que a própria evidência empírica do mercado atesta.

Desde o início do mês de julho, quando a moeda americana era negociada em patamar próximo a 5,00 reais e passou a subir como reflexo do aumento da percepção de risco sobre o país, o volume de remessas tem se alterado de forma significativa, segundo análise da Wise, uma das maiores corretoras de câmbio do país.

No início de julho — entre os dias 6 e 8 —, o dólar voltou a subir e atingiu o valor de 5,25 reais. O cenário impactou o volume de envio de dinheiro do Brasil para o exterior, que sofreu uma queda de 50% por meio da corretora se comparado ao pico duas semanas antes, em junho, quando o dólar chegou a ser negociado a 4,95 reais.

Entre 12 e 18 de julho, o dólar voltou a ter uma baixa na cotação e permaneceu estável entre 5,07 e 5,12 reais, o que gerou um aumento de 16% no volume de remessas do Brasil para o exterior.

Quanto maior a cotação do dólar, menos vantajosa fica a remessa de recursos do Brasil para o exterior.

"O volume de dinheiro enviado do Brasil para o exterior apresenta correlação significativa com a taxa de câmbio. O brasileiro que envia reais para fora está bem atento à taxa de câmbio, que influencia diretamente sua decisão de realizar a transferência", diz Pedro Barreiro, líder de banking e expansão para o Brasil da Wise.

Na semana de 19 de julho, a nova alta significativa do dólar (para 5,25 reais novamente) influenciou diretamente a queda de 23% no volume de transações do Brasil para o exterior.

Em agosto, quando o dólar começou a subir com mais força na terceira semana do mês, para o patamar acima de 5,30 reais, o volume de transações para o exterior caiu 23% em comparação com a primeira semana do mesmo mês.

Do exterior para o Brasil

Por outro lado, na análise do volume de remessas do exterior para o Brasil, a Wise aponta que houve um aumento de aproximadamente 50% na primeira semana de agosto em comparação com a semana anterior — foi um reflexo da valorização do dólar no dia 5 de agosto (de 5,17 para 5,25 reais).

Tanto em julho como em agosto (até aqui), as duas moedas mais transacionadas nas remessas do Brasil para o exterior e vice-versa foram o euro e o dólar americano, respectivamente.

"Notamos que não existe correlação relevante no envio de reais para o Brasil quando a variação de taxa de câmbio é pequena. Isso pode estar relacionado ao propósito dessas transferências, que precisam ser realizadas de qualquer maneira para o pagamento de algum serviço ou envio de dinheiro à família, por exemplo", diz Barreiro.

A Wise foi a corretora de câmbio que processou o maior volume financeiro (76 milhões de dólares) e de transferências (quase 80.000 operações) do Brasil para o exterior no mês de julho, segundo relatório do Banco Central. No acumulado de 2021, de janeiro a julho, a corretora foi a terceira com o maior volume de transferências.

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