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Quem busca retorno alto no curto prazo vai se frustrar, diz Bredda

Para o gestor do fundo Alaska Black, Henrique Bredda, a recuperação da economia brasileira continua a caminho e apenas atrasou com a pandemia

"O Brasil vem em um ciclo de reformas desde 2015. A diferença agora é que entraremos em 2021 com gastos a mais" (Germano Lüders/Exame)

"O Brasil vem em um ciclo de reformas desde 2015. A diferença agora é que entraremos em 2021 com gastos a mais" (Germano Lüders/Exame)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 15h12.

Última atualização em 24 de novembro de 2020 às 10h24.

Gestor do fundo Alaska Black e estrela da Fintwit, rede de influenciadores do mercado financeiro no Twitter, Henrique Bredda continua otimista com o cenário econômico brasileiro. Para ele, a recuperação econômica que o Brasil vinha apresentando desde 2016 até o início do ano foi apenas atrasada pela pandemia. "O Brasil vem em um ciclo de reformas desde o início do governo de Michel Temer. A maior diferença agora é que entraremos em 2021 com mais déficit e dívida pública, realizados como forma de conter os efeitos adversos da pandemia, como o desemprego", disse o gestor em um painel da Money Week, evento gratuito promovido pelo escritório de investimentos EQI.

Esse otimismo é incentivado pelo fato de que o governo Bolsonaro "está cada vez mais parecido com o governo Temer, indo para o centro", explica o gestor. "Ou seja, podemos entrar em 2021 com um governo mais bem arrumado com o Congresso como forma de sobrevivência política". Na sua visão, as reformas estão paradas por causa de eleições na Câmara, entre outros fatores, e devem continuar após um intervalo.

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Dados sobre emprego e resultado de empresas indicam, para ele, um crescimento de 3% do PIB neste ano. "Acredito que esse será o ritmo que vamos carregar para 2021."

Para ele, já estamos na segunda onda de covid-19. Mas o efeito dela na economia será menor. "Ela poderá ser uma versão mais light do que aconteceu no começo do ano. Isso porque questões de protocolo e como lidar com a doença já estão mais compreendidas. Se compararmos os novos casos com os óbitos, a relação melhorou. No geral, o impacto econômico vai ser menor caso hajam novos fechamentos."

Hora de aproveitar barganhas?

O gestor concorda que pode ser a hora de aproveitar a incerteza e comprar ativos com bons preços. Contudo, pondera os riscos que foram observados na primeira onda da pandemia. "Em janeiro desenhamos um cenário maravilhoso e não sabíamos que tinha um muro na frente. O cenário não é dissociado dos preços. Tem gente com o pé atrás. É muito incerto no curto prazo, mas é bom sabermos reagir bem. Uma forma de fazer isso é definir preços para os ativos que considera bom comprar. Se caírem nesse preço, compre."

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(BTG Pactual Digital/Divulgação)

Bredda aponta que no atual cenário de Selic na mínima histórica, muitos investidores estão saindo do maternal nos investimentos e realizando a transição para o jardim de infância.

"Os juros baixos abrem um mundo de possibilidades. Acho que não vai ser um movimento sem traumas, porque é uma mudança cultural. Quem investe precisa entender a diferença entre risco e oscilação. Quem tiver uma perspectiva de retorno alto no curto prazo vai se frustrar. Precisamos nos preparar para realizar investimentos como tudo em qualquer área da vida, como ao comprar imóvel ou carro. Mas é inevitável: o investidor vai experimentar. Eu mesmo perdi tudo duas vezes até começar a analisar como o Warren Buffett investe".

O gestor cita como exemplo a análise do preço de uma ação. "O que explica o movimento do papel da Renner nos últimos 30 dias? Dado do varejo, perspectiva para a economia no ano que vem, muita coisa. E o que explica o movimento nos últimos 15 anos? Lucro por loja e quem são as pessoas que tocam a Renner, entre outros. Os movimentos de curto prazo eu erro todos. O importante é acertar no longo prazo."

Sobre o fato de que a Selic baixa tem grande impacto sobre a rentabilidade da reserva de emergência, o gestor é categórico. "Quando se trata de reserva de emergência não devemos olhar a rentabilidade. É um dinheiro no colchão sofisticado. Não é para correr risco nenhum. Tem gente que pergunta se vale ter uma posição com fundos imobiliários e NTN-Bs. Eu digo: não. É algo que tem de ter total previsibilidade e liquidez imediata."

Bredda conclui que o jeito de aprender a investir é na prática, mas bem devagar. "Seu perfil de risco você só descobre de fato ao longo desse processo."

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