Minhas Finanças

Quero trabalhar menos; posso passar a consumir o que poupei?

Internauta acumulou uma boa poupança e quer, em alguns anos, diminuir as horas trabalhadas, mas não sabe se já pode começar a "queimar" o que acumulou


	Nota de 100 reais queimada: Internauta tem medo de "queimar" patrimônio e cometer "suicídio financeiro"
 (foto/Site Exame)

Nota de 100 reais queimada: Internauta tem medo de "queimar" patrimônio e cometer "suicídio financeiro" (foto/Site Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2013 às 06h00.

Dúvida da internauta: Tenho planos de "tirar o pé do acelerador" em relação às horas trabalhadas quando completar 50 anos. Tenho 42 - quase 43 anos -, um salário médio mensal de cerca de 10 mil reais e sou empregada celetista, com carteira assinada. Moro com meus pais em casa própria, sou solteira e não tenho nem quero ter filhos. Tenho uma poupança de 1,5 milhão de reais e não pretendo mexer nesse dinheiro. Aliás, deposito de 3 mil a 4 mil reais por mês para "engordar" este volume. Acabei de comprar um carro zero quilômetro e já paguei o bem à vista. Como investir meu dinheiro com segurança? É possível manter o mesmo padrão de vida recebendo um salário menor quando eu tiver 50 anos de idade e usar parte da minha renda para viver? Ou isso significa "queimar patrimônio" e seria um suicídio financeiro lento?

Resposta de Valter Police*:

Cara internauta,

Sua situação financeira me parece bastante consistente e tenho certeza de que você teve muita disciplina para chegar até aí.

As opções para investimentos hoje em dia, no Brasil, são muitas e bastante diversas, mas uma coisa deve ficar clara: não existe investimento sem risco. Todos envolvem incertezas, seja sobre o pagamento ou não de um título de renda fixa (risco de crédito), seja sobre a oscilação do valor do título no dia a dia (risco de mercado), seja sobre a maior ou menor facilidade para transformar aquele investimento em dinheiro (risco de liquidez).

E, claro, quanto menor for o risco que o investidor quiser assumir, menor tenderá a ser o seu retorno com este investimento.

Isto posto e respondendo diretamente à sua primeira pergunta, os títulos do Tesouro Nacional (Tesouro Direto) são os investimentos com menor risco de crédito, dado que é o governo federal que os garante. Os pós-fixados, como a NTN-B, atrelada ao IPCA, têm também menor risco de mercado do que os pré-fixados.

Outras opções bastante seguras são os CDBs pós-fixados de bancos de primeira linha, que contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de 250 mil reais por CPF, além da garantia do próprio banco.

Como estamos falando de riscos, alguns outros, não muito lembrados, devem estar em seu radar: no caso de alguma doença sua ou de seus pais, os planos de saúde são suficientemente abrangentes? A casa na qual moram possui seguro adequado? No caso de falecimento de seus pais, você concorre com mais alguém quanto à herança?

Estes pontos, se não forem bem estudados e planejados, podem colocar fim a todo o planejamento financeiro de uma vida. Fique atenta a eles.

Sua segunda questão diz respeito à redução do ritmo de trabalho. Se a redução em seus rendimentos totais líquidos for da ordem de 3 a 4 mil reais, que é o que você poupa hoje, nada irá mudar, já que você simplesmente deixará de poupar, mas manterá o mesmo padrão de vida e não precisará usar seus investimentos.


Se a redução for maior que essa quantia – e tenderá a ser bem maior quando você se aposentar pelo INSS –, você precisará utilizar uma parte de seus investimentos.

O ideal é que você utilize apenas os rendimentos reais (já descontada a inflação), de forma a não “queimar o patrimônio”, como você coloca.

Se isto não for possível e você precisar utilizar uma parte do “principal”, é necessário que se calcule por quanto tempo ele irá durar, de forma a não deixá-la descoberta em uma idade mais avançada.

Outra opção, conectando as duas respostas, seria que você direcionasse uma parte de seus investimentos para ativos que lhe gerassem renda, como fundos imobiliários, planos de previdência e ações com foco em dividendos. Estes ativos têm maior risco de mercado, ou seja, seus valores variam mais no dia a dia, mas eles tendem a trazer uma renda extra (inclusive isenta de imposto de renda no caso dos dividendos das ações e da renda dos fundos imobiliários), que seria interessante dentro do planejamento que você descreve.

Em finanças, como na vida, não existem opções que tenham apenas prós e nenhum contra. Conhecer os riscos e gerenciá-los fará com que você fique mais perto de atingir seus objetivos financeiros. Boa sorte e boas aplicações.

*Valter Police é CFP® (Certified Financial Planner), planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

Dúvidas, observações ou críticas sobre esta resposta de especialista? Deixe seu comentário abaixo!

Envie outras perguntas sobre alternativas de investimento para seudinheiro_exame@abril.com.br.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasAposentadoriaImigraçãopatrimonio-pessoalplanejamento-financeiro-pessoalPoupançaPrevidência privada

Mais de Minhas Finanças

Black Fralda dará descontos de até 70% em produtos infantis e sorteio de R$ 500 em fraldas

Loteria dos EUA busca apostador que ganhou R$ 17 milhões e não buscou prêmio

Receita Federal atualiza declaração de bens para viajante; veja o que muda

Resultado da Mega-Sena concurso 2.798; prêmio é de R$ 13,2 milhões