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Quanto guardar por mês para a aposentadoria com a queda nos juros

Projeções da consultoria especializada em investimentos Aditus considerou uma expectativa de vida de 75 anos e aposentadoria aos 58 anos

Quanto menor os juros, mais você vai ter de guardar para se aposentar pois o rendimento será menor até lá (Getty Images/Getty Images)

Quanto menor os juros, mais você vai ter de guardar para se aposentar pois o rendimento será menor até lá (Getty Images/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 14h22.

Última atualização em 26 de setembro de 2017 às 11h20.

A queda dos juros aumentou sua dívida. Você não tem dívidas? Engano seu. Todos têm uma dívida consigo mesmos, a aposentadoria, já que contar com o governo e a Previdência Social é cada vez mais arriscado.

E, quanto menor os juros, mais você vai ter de guardar para se aposentar pois o rendimento será menor até lá.

Apenas como exemplo, com um juro real de 6% ao ano, e um imposto de 15%, seria possível obter uma renda de R$ 3 mil guardando R$ 700 por 25 anos. Com juros de 5% reais, será preciso guardar R$ 900 por mês.

E, se o juro cair para 4%, como se espera caso a situação econômica se normalize, a economia terá de subir para R$ 1 mil por mês.

As projeções são da consultoria especializada em investimentos Aditus, que considerou uma expectativa de vida de 75 anos e aposentadoria aos 58 anos (ver tabelas abaixo). Guilherme Benites, sócio da Aditus, está projetando como cenário de longo prazo uma taxa real na casa de 4% ao ano.

“Existe uma discussão grande se o Banco Central (BC) diminui bastante agora os juros reais para subir depois, ou já deixa estável um pouco mais alto”, diz Benites.

“Eu acho que começa o ano que vem perto de 7% nominais, o que, com uma inflação de 4% ao ano, significa um juro real para 3%, voltando no fim do ano para 8%, ou 4% reais de novo”, explica.

Benites prefere fazer os cálculos usando juros reais e lembra que, se os parâmetros forem alterados, como idade de aposentadoria ou imposto ou longevidade, os valores mudam.

Para conseguir uma renda de R$ 2 mil por mês, por exemplo, com um juro de 4% ao ano brutos, seria preciso contribuir com R$ 900 por 20 anos, ou R$ 700 por 25 anos ou R$ 500 por 30 anos.

Ele lembra que os cálculos não consideram custos do investimento, como taxas de administração cobradas nos fundos ou tarifas de custódia, cobradas no Tesouro Direto e nos papéis privados como LCI e LCA ou CRI e CRA. “Se o juro for de 4%, mas o fundo de investimentos cobrar 2% de taxa de administração, o ganho real na verdade será de 2% e ainda sujeito a imposto”, alerta.

Com base nessa realidade das opções de mercado, Benites acredita que se o juro do CDI for para 4% reais ao ano será difícil o investidor médio conseguir um ganho melhor que o da poupança em fundos conservadores que sigam a taxa Selic.

Ele lembra que a caderneta, com juros de 8,5% ou menos, passa a render 70% da Selic, o que significaria 5,25% mais uma Taxa Referencial (TR) perto de zero.

“Então se o custo do imposto mais a taxa de administração do fundo for superior a 2,25%, não vale a pena aplicação, melhor ficar na poupança.” Outra alternativa seriam fundos de renda fixa mais agressivos, de prazo mais longo ou com aplicações de maior risco, como crédito privado.

Nesse caso, a melhor opção para aproveitar o momento e já travar um juro real mais alto, a melhor opção seria o Tesouro Direto e os títulos federais. Hoje, há papéis pagando juro reais de 5% além do IPCA para prazos até 2035 e 2045.

E há a possibilidade desse juro real cair mais, avalia Benites, que destaca o impacto sobre o valor futuro na aposentadoria.

“Se o juro é de 4% ao ano, guardando R$ 700 por 20 anos, a renda seria de R$ 1.558, mas se o juro cair para 3%, o valor cai para R$ 1.336, uma diferença de 14%”, estima Benites.

Juros reais de 2% reduziram a renda para R$ 1.145. Ou seja, cada 1 ponto de juro real equivale a quase R$ 200 na parcela futura.

Diante da possibilidade de queda nos juros, Benites diz que o ideal são papéis do Tesouro Direto de longo prazo e sem pagamentos semestrais de juros.

“Mas é preciso ter realmente recursos de longo prazo, pois esses papéis sofrem oscilações de preços e pode ser custoso sair no momento inadequado”, sugere Benites.

Os papéis isentos poderiam ajudar ao reduzir o impacto do imposto sobre as aplicações, mas as emissões atuais são pequenas e a procura dos investidores tão grande que a remuneração cai e acaba anulando o ganho da isenção.

“No fim, o investidor sai com um rendimento parecido com o que teria se aplicasse em um papel tributável”, explica.

Além disso, há o risco de crédito das empresas, que precisam ser bem selecionadas, e um risco mais maior que é o de liquidez, já que não há mercado secundário desses papéis nem garantia de recompra como no Tesouro Direto. “O mercado secundário melhorou, mas não dá para dizer que está resolvido o problema de sair antes do papel”.

Já a bolsa pode ir adiante, apesar de já estar nas máximas históricas em termos nominais, afirma Benites. “Um pouco dessa alta talvez até seja por falta de alternativas, já que os gestores têm um consenso de que os juros vão para 7% e a saída é ir para prazos mais longos ou alavancar as aplicações de renda fixa para ganhar mais, correndo mais risco, como ocorreu em maio com o caso das denúncias do Joesley Batista”, lembra. “O mercado de juros sustentou muito os investimentos, mas já dá sinais de esgotamento.”

O que sobra depois de se avaliar os riscos da renda fixa é a bolsa, que ainda está defasada em relação ao recorde de 2008. Corrigido pela inflação, o pico do Índice Bovespa seria de 127 mil pontos, o que significa que o índice teria de subir mais 70%. “E colocando a perspectiva de que as empresas hoje estão mais ajustadas, o mercado tem espaço para subir”, explica.

“Há um fluxo de investidores para a bolsa e o cenário externo está muito tranquilo, o que ajuda”, diz.

Já no cenário político, por mais difícil que seja enxergar cenário para o ano que vem, vai ficando mais provável a vitória de algum candidato que continue a política reformista do que um contrário. “Mas parece que o cenário de bolsa é uma bifurcação grande, ou ganha alguém alinhado com a política de agora ou alguém que vai dar cavalo de pau”, explica Benites.

Na dúvida, os gestores estão procurando não ficar fora do risco, mas buscar correr riscos com alguma proteção, algum seguro. “Talvez aplicar um pouco em bolsa aqui e lá fora, pois o dólar está num nível baixo que acaba sendo um seguro barato para algum problema nos mercados”, diz.

Confira abaixo as simulações:

Juros de 5% ao ano reais

Contribuição (R$/mês)2003005006007008009001.000
Anos
102063095166197228259281.031
153465208661.0391.2121.3861.5591.732
205197781.2971.5571.8162.0762.3352.595
257311.0971.8292.1942.5602.9263.2923.657
309931.4902.4832.9793.4763.9734.4694.966
351.3151.9733.2883.9464.6045.2615.9196.577
401.7122.5684.2805.1365.9926.8487.7048.561

Juros de 4% ao ano reais

Contribuição (R$/mês)2003005006007008009001.000
Anos
10186279464557650743836929
153054577629141.0661.2191.3711.523
204456681.1131.3361.5581.7812.0042.226
256119171.5291.8342.1402.4462.7513.057
308081.2122.0202.4232.8273.2313.6354.039
351.0401.5602.6003.1203.6404.1604.6805.200
401.3141.9713.2863.9434.6005.2575.9146.571

Juros de 3% ao ano reais

Contribuição (R$/mês)2003005006007008009001.000
Anos
10167250417501584668751835
152684016698039371.0711.2041.338
203825739541.1451.3361.5271.7181.909
255117671.2781.5341.7892.0452.3012.556
306589871.6451.9742.3032.6322.9613.290
358251.2372.0622.4742.8863.2993.7114.123
401.0141.5202.5343.0413.5474.0544.5615.068

Juros de 2% ao ano reais

Contribuição (R$/mês)2003005006007008009001.000
Anos
10150225375449524599674749
152353525877048229391.0561.174
203274918189811.1451.3091.4721.636
254286421.0691.2831.4971.7111.9252.138
305378061.3431.6111.8802.1482.4172.685
356569841.6401.9682.2962.6242.9523.280
407851.1781.9642.3562.7493.1423.5353.927

 

Critérios do cálculo:
Expectativa de Vida74,68
Idade Média Aposentadoria58
Imposto de Renda15%

Este conteúdo foi originalmente publicado no blog Arena do Pavini.

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