Minhas Finanças

Quanto é preciso poupar para parar de trabalhar e viver de renda

Aprenda a calcular o patrimônio necessário para atingir a independência financeira

Tesouro Direto deixa o investidor tranquilo perante a inflação. (Flavio VodSkaMan/SXC)

Tesouro Direto deixa o investidor tranquilo perante a inflação. (Flavio VodSkaMan/SXC)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2011 às 07h24.

São Paulo – Parar de trabalhar antes da velhice para viver de renda pode parecer um sonho. Prescindir do trabalho remunerado aos 40 ou 50 anos de idade realmente é bem difícil para a maioria das pessoas. Um primeiro passo dessa longa caminhada é descobrir quanto é preciso acumular para gozar uma vida confortável mesmo sem trabalhar.

O consultor financeiro Mauro Calil desenvolveu uma fórmula bastante simples que se baseia na certeira rentabilidade de 0,5% ao mês da caderneta de poupança. Após determinar o valor que deseja ganhar mensalmente, basta o investidor multiplicá-lo por 200, o que equivale a dividi-lo por 0,5%. O resultado é o montante que o investidor deve acumular, ao longo dos anos, para obter a renda desejada todo mês a partir da caderneta. Veja alguns exemplos:

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Renda mensal desejada no futuro (em R$) Montante a ser acumulado (em R$)
2.000,00 400.000,00
5.000,00 1.000.000,00
10.000,00 2.000.000,00
20.000,00 4.000.000,00

Repare que aqui não estão sendo considerados nem a inflação nem um eventual aumento do padrão de vida ou dos custos da vida da pessoa. Certamente o poder de compra de 5.000 reais daqui a 10 ou 20 anos será consideravelmente menor. Fora que, até lá, o investidor pode preferir um padrão de vida mais alto.

“Por isso eu aconselho a rever a renda mensal desejada todo ano, com base nos seus gastos anuais”, diz Mauro Calil. Essas revisões permitem ao investidor considerar a inflação sem fazer estimativas por um tempo de acumulação tão longo quanto dez, vinte ou trinta anos. Com isso, é possível rearranjar os investimentos de forma a alcançar o objetivo.

Para se proteger da inflação

Fazer cálculos para a aposentadoria a partir da tabela acima envolve dois problemas. O primeiro é que a caderneta de poupança não é o investimento mais interessante para quem pensa em poupança de longo prazo. Apesar de ser uma aplicação isenta de Imposto de Renda e com regras bastante simples, a poupança oferece ao investidor um rendimento mensal muito baixo. Se a pessoa escolher outros investimentos, poderá poupar menos para alcançar a mesma renda vitalícia. O outro problema é que o investidor não estará protegido contra eventuais surtos inflacionários que venham a aparecer no longo prazo. 

A boa notícia é que o Tesouro Nacional vende um título público que resolve esses dois problemas ao mesmo tempo. Por meio do Tesouro Direto, qualquer brasileiro que possua uma conta em uma corretora pode comprar títulos corrigidos que pagam uma taxa de juros mais a variação do IPCA (principal índice de inflação para famílias que ganham entre 1 e 40 salários mínimos). Os papéis que permitem fazer isso são as Notas do Tesouro Nacional série B, ou NTN-B. Os títulos pagam um cupom próximo a 6% ao ano (rentabilidade semelhante à da poupança) mais o IPCA. Seus prazos são bastante longos também. Atualmente, o papel mais longo vence em 2045.


Esse investimento protege o patrimônio da inflação, permitindo ao investidor calcular hoje o montante final a ser atingido de fato. É claro que os títulos públicos não são, como a poupança, isentos de Imposto de Renda. A alíquota para investimentos de longo prazo equivale a 15% do total de ganhos obtidos com a aplicação.

Por exemplo, hoje uma NTN-B com prazo de 24 anos (vencimento em 2035), garante uma rentabilidade líquida real – descontados impostos, taxas e inflação – de aproximadamente 0,4% ao mês. É um pouco menor que a poupança, mas essa é a rentabilidade real, enquanto que, na caderneta, o rendimento é completamente corroído pela inflação. Tendo isso em mente, alguém que deseje uma renda de 5.000 reais por mês precisará, na realidade, de um pouco mais de 1.000.000 de reais. A conta não pode ser feita com 0,5% e sim com 0,4%. Ou seja, em vez de multiplicar a renda desejada por 200, basta multiplicá-la por 250, conforme o quadro:

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Renda mensal desejada no futuro (em R$) Montante a ser acumulado (em R$)
2.000,00 500.000
5.000,00 1.250.000
10.000,00 2.500.000
20.000,00 5.000.000

Ou seja, considerando a inflação e os dados de hoje, um investidor constata que, na verdade, precisa de 250.000 reais a mais do que precisaria no cálculo apenas da poupança. A diferença é que esse investidor não precisará se preocupar com repiques inflacionários e terá uma renda garantida independente do número de anos que restem de vida. Considere ainda que depois que o título vencer, as reservas poderão ser consumidas, prolongando a renda por mais alguns anos. É essa segunda tabela, portanto, que dará grande tranquilidade ao poupador. (clique aqui e veja como investir no Tesouro Direto).

Lógico que fazer o cálculo para descobrir quanto poupar é a parte mais fácil - difícil é juntar alguns milhões de reais. Mas quanto mais cedo começar a poupar e investir, mais cedo a pessoa pode conseguir a independência financeira, pois poderá lançar mão de investimentos mais arriscados e terá mais tempo para formar um bom patrimônio. 

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