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Quanto as pessoas pagavam de IR antes e o que muda com a isenção?

Nova tabela amplia a isenção para R$ 5 mil e reduz os tributos para parte da classe média

IR: projeto isenta de imposto quem ganha até R$ 5 mil por mês (Halil Gokdal/Flickr)

IR: projeto isenta de imposto quem ganha até R$ 5 mil por mês (Halil Gokdal/Flickr)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 06h26.

A mudança no Imposto de Renda (IR) deve alterar de forma significativa quanto os brasileiros pagam ao Fisco. Com a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevista para esta quarta-feira, 26, quem recebe até R$ 5 mil deixará de pagar IR a partir de 2026 — um salto importante em relação às faixas atuais.

Hoje, apenas trabalhadores com renda de até R$ 3.036 estão isentos. A partir daí, a cobrança cresce progressivamente: 7,5% para salários de R$ 3.036 a R$ 3.533,31, 15% entre R$ 3.533,31 e R$ 4.688,85, e 22,5% para rendimentos de R$ 4.688,85 a R$ 5.830,85. Acima de R$ 5.830,85, paga 27,5%.

Com a nova tabela, boa parte desse público deixará de pagar imposto (até R$ 5 mil), enquanto outra parcela terá direito a um abatimento parcial até o limite de R$ 7.350 mil.

O texto também cria uma alíquota mínima de 10% para contribuintes de renda mais elevada — um grupo muito restrito, equivalente a 0,13% dos declarantes, segundo dados da Fazenda. Hoje, essa fatia paga, em média, 2,54% de IR, enquanto a maioria dos trabalhadores enfrenta uma carga que varia entre 9% e 11%.

O relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), calcula que a ampliação da isenção beneficiará cerca de 16 milhões de pessoas já em 2026. Após a assinatura de Lula, as novas regras entram em vigor em janeiro daquele ano.

Como fica a nova tabela de IR?

De acordo com cálculos elaborados pela Confirp Contabilidade, os descontos de IR acrescentam os seguintes valores à renda mensal de cada faixa salarial (contando com pagamento de 13º salário):

Renda BrutaGanho por MêsGanho Anual% sobre Salário
3.036,00---
3.400,0027,30354,8910,44%
3.600,0054,76711,8919,77%
3.800,0084,761.101,8929,00%
4.000,00114,761.491,8937,30%
4.200,00144,761.881,8944,81%
4.400,00177,892.312,5752,56%
4.600,00222,892.897,5762,99%
4.800,00267,893.482,5772,55%
5.000,00312,894.067,5781,35%
5.200,00286,273.721,4671,57%
5.400,00259,643.375,2862,51%
5.600,00233,013.029,1054,09%
5.800,00206,382.682,9346,26%
6.000,00179,752.336,7538,95%
6.200,00153,121.990,5732,11%
6.400,00126,491.644,4025,69%
6.600,0099,861.298,2219,67%
6.800,0073,23952,0414,00%
7.000,0046,60605,868,66%
7.200,0019,98259,693,61%
7.350,000,000,000,00%
7.400,000,000,000,00%
7.500,00--0,00%
8.000,00--0,00%

Como funciona a isenção do Imposto de Renda hoje?

Em junho deste ano, o Congresso aprovou um projeto de lei para isentar de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos. Hoje, até R$ 3.036 de salário de todos não é tributado. 

Quando a isenção do IR começa a valer?

A proposta do governo é que a isenção seja válida a partir de 2026. Para isso acontecer, o projeto de lei de isenção e de compensação para a renúncia fiscal precisaria ser aprovado pelo Congresso — o que foi — e sancionado pelo presidente Lula.

Quanto a isenção do IR vai custar?

No novo formato, com a ampliação da faixa beneficiada, a renúncia anual poderá chegar a R$ 31,7 bilhões, contando a perda de estados e municípios.

Como será a compensação da isenção do IR?

Para compensar a renúncia fiscal, o projeto criará um imposto mínimo de 10% que incidirá sobre a renda de quem recebe a partir de R$ 600 mil por ano.

Segundo o Ministério da Fazenda, a medida atingirá 0,13% dos contribuintes, que hoje pagam, em média, apenas 2,54% de Imposto de Renda.

A alíquota começa em zero e subirá gradativamente, até que quem recebe mais de R$ 1,2 milhão todos os anos pague, pelo menos, 10% de imposto sobre sua renda.

Nessa conta estarão incluídos os rendimentos recebidos como lucros e dividendos, atualmente, isentos.

Os descontos vão ocorrer mensalmente nas fontes de pagamento, quando for atingido um valor de ganhos superior a R$ 50 mil no mês.

Quando a pessoa física for fazer a declaração do IR, será verificado se o montante recebido no ano todo foi acima de R$ 600 mil.

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