Mulheres já começam a se destacar entre os investidores: no Santander, são maioria. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2011 às 13h09.
São Paulo – A presença do sexo feminino no mundo dos investimentos pessoais já está se firmando, conforme as previsões dos especialistas em finanças para mulheres. Segundo dados do Santander que levam em conta sua base de clientes, mais da metade dos investidores do segmento de alta renda do banco são mulheres. Outros aspectos culturais, no entanto, permanecem: elas continuam muito mais conservadoras e passivas que os homens, mas com as vantagens de serem cautelosas, disciplinadas e terem visão de longo prazo.
Elas são maioria na poupança, nos CDBs e nos fundos de investimentos, enquanto eles predominam no segmento de renda variável. Mas entre as aplicações de longo prazo, o público feminino também predomina na previdência privada, que pode ser conservadora, moderada ou arrojada. Essa tendência já foi mostrada em outros levantamentos, e no Santander, 10% das investidoras possuem um plano desse tipo, contra 9% dos investidores homens (lembre-se que, numericamente, há mais mulheres do que homens investindo no banco).
“As mulheres mostram mais preocupação com o futuro, inclusive dos filhos. Elas também gostam muito dos planos de previdência para menores de idade, o que mostra que têm grande influência não só no consumo como na poupança financeira da família, diz a superintendente de investimentos Sinara Polycarpo, responsável por conduzir encontros voltados para mulheres investidoras do segmento de alta renda do Santander.
Esses encontros de orientação sobre investimentos já ocorrem há três anos, e só em 2011 foram realizados 15 deles. Uma renda mensal de mais de 4.000 reais já é considerada alta renda no Santander. Segundo Sinara, não houve relação entre a realização dos encontros e o aumento de mulheres investidoras no banco. “Eu acredito que isso seja um reflexo das mudanças na sociedade”, diz ela.
Além da preocupação com a própria aposentadoria e com o futuro dos filhos, outro fator de atratividade das mulheres para os planos de previdência é a oportunidade de fazer um melhor planejamento sucessório, uma vez que esses planos não entram em inventário após a morte do titular. As investidoras mais velhas - muitas viúvas, que tiveram de aprender a mexer com finanças tardiamente – costumam se interessar muito pelos VGBLs (Vida Gerador de Benefício Livre), de forma a deixar uma parte do patrimônio imediatamente disponível aos herdeiros após o falecimento.
É claro que a preferência por planos de previdência pode evidenciar uma postura mais passiva na hora de investir, pois é mais fácil abraçar um plano oferecido pelo banco do que montar uma carteira balanceada para a aposentadoria. Planos de previdência privada também têm a desvantagem de normalmente terem taxa de carregamento, além da taxa de administração.
A grande vantagem, porém, é a tributação no longo prazo. Ou seja, aderir a um plano desse tipo pode ser uma boa forma de se aposentar bem, mas não de multiplicar o patrimônio. Conheça os tipos de planos e as vantagens e desvantagens de cada um deles.
Qualidades de milionária
A cautela e a previdência feminina são consideradas, por alguns especialistas, valores culturais que historicamente podem ter travado as mulheres na hora de se arriscarem e buscarem o que desejam, incluindo a riqueza. Mas, se utilizadas na medida certa, são qualidades valiosas para quem quer fazer o patrimônio crescer. De acordo com Sinara, mesmo entre as investidoras em renda variável, essas são características patentes. Aquelas que se arriscam mais só o fazem após se informarem muito bem.
“Os homens geralmente são mais impulsivos e tomam algumas decisões baseando-se até no que o amigo falou. As mulheres pesquisam no detalhe”, explica a superintendente de investimentos do Santander. Para ela, a baixa presença das mulheres no mercado de renda variável vai mudar conforme elas aprendam mais sobre investimentos.
A executiva diz ainda que a vocação para aplicar em ações depende mais da informação, e não tem muita relação com faixa etária, o que vale para ambos os sexos. “Uma de nossas clientes mais velhas diz que ‘se encontrou’ depois que o marido faleceu e ela teve que assumir as finanças. Ela descobriu que adorava mexer com investimentos”, conta Sinara, que afirma que nas salas de ações do Santander “só se veem cabelos brancos”.
Normalmente conscientes na hora de investir, as mulheres acabam sendo também disciplinadas. Segundo Sinara, como pesquisaram e se informaram muito antes de entrar na Bolsa, elas tendem a ter mais certeza da própria estratégia, não cometendo desvios. “As mulheres não costumam seguir os movimentos bruscos da Bolsa, como a entrada em peso de investidores em épocas de euforia, ou a saída massiva em períodos de crise”, avalia.
Para ela, esse investimento consciente é o ideal, tanto para mulheres quanto para homens. “Costumo dizer para as clientes que elas têm características ótimas para serem milionárias”, brinca. Não à toa, LouAnn Lofton, editora do site americano de finanças The Motley Fool, já ousou afirmar, no título de seu livro, que Warren Buffet investe como uma garota.