Quem possui financiamento imobiliário com correção pela Taxa Referencial (TR) não deve se assustar com as alterações anunciadas pelo governo na última quinta-feira (19/7). Segundo especialistas, o impacto das mudanças sobre as prestações será muito pequeno, de poucos reais. "Numa prestação de 1000 reais, por exemplo, o aumento deverá ser de menos de 2 reais", afirma o superintendente técnico da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Pereira Gonçalves.

Por enquanto, as mudanças no cálculo da TR não estão em vigor. Na prática, elas passarão a valer apenas no momento em que a Taxa Básica Financeira (TBF), base para definição da TR, cair abaixo de 10,5% ao ano. Hoje, esta taxa encontra-se em 11,123% ao ano e, pelos cálculos dos especialistas, ficará abaixo de 10,5% somente no primeiro semestre de 2008. "A TBF acompanha a Selic (taxa básica da economia brasileira). Se a Selic cai, a TBF recua na mesma proporção", explica o economista José Dutra Vieira Sobrinho. A expectativa dos economistas é de que a taxa Selic, atualmente em 11,5% ao ano, continue recuando de 0,25 a 0,5 ponto percentual até o final do ano.

Inadimplência

Como o reajuste nas prestações dos financiamentos de imóveis deverá ser bastante pequeno, o superintendente da Abecip não vê tendência de crescimento da inadimplência, nem de redução na procura por crédito imobiliário. "Estamos passando por uma fase muito próspera, com queda nas taxas de juros das linhas de financiamento habitacional e crescimento da renda da população", diz Gonçalves.

No primeiro semestre deste ano, a procura por crédito imobiliário cresceu 64,7% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 6,94 bilhões de reais. O número de imóveis financiados aumentou em 58,5%, chegando a 80.907 unidades.