Carros: preços dos carros subiram forte desde a pandemia (Levi Bianco/Getty Images)
Editora de Finanças
Publicado em 16 de abril de 2023 às 17h16.
Última atualização em 16 de abril de 2023 às 20h31.
Nos últimos anos, comprar um carro novo no Brasil tem ficado cada vez mais difícil. Isso porque o valor médio do carro novo no país aumentou cerca de 90% nos últimos cinco anos. Um levantamento realizado pela consultoria Jato Dynamics apontou que em 2018, o valor médio do carro novo no país era R$ 74.313,90. Hoje, o valor é de R$ 140.319,73.
Os preços subiram nos últimos anos com a chegada da pandemia. Segundo a consultoria, uma série de fatores refletiram nos preços, como instabilidade na cadeia produtiva internacional, falta de componentes e semicondutores no mercado. Somado a isso, o aumento do dólar desde 2020 afetou a cadeia logística e de suprimentos), fazendo com que o preço do frete internacional subisse. A alta da inflação também impactou no mercado e o custo foi repassado ao consumidor.
Para ter uma ideia, em 2019, o preço médio do carro novo era de R$ 76.430,59. Em 2020, passou para R$ 86.385,63. Já em 2021, o preço médio ultrapassou dos R$ 100 mil, ficando em R$ 111.938,31 e no passado ficou em R$130.851,12. Este ano, até agora, o cenário parece seguir o mesmo ritmo. No primeiro trimestre desse ano, o preço médio do carro já acumula alta de 7%.
Com o aumento do preço dos carros, o consumidor fica com poucas opções se quiser gastar menos. Atualmente, o carro mais barato do mercado é Renault Kwid, com valor de R$ 66.590,00. Segundo a consultoria Jato Dynamics são necessários 50,45 salários mínimos (considerando o valor de R$ 1.320 do salário mínimo) para comprar o carro.
Em 2018, quando o carro mais barato era Chery QQ (no valor de R$ 26.690) eram necessários 30,40 salários mínimos para aquisição do veículo. Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 954. Veja abaixo os carros mais baratos em salários mínimos:
Além do aumento dos preços, o consumidor ainda enfrenta juros elevados, falta de crédito e perda de renda. O cenário é desafiador para o setor. Para aquecer o mercado automotivo do país, está sendo estudada algumas possibilidades. Uma delas é a volta do chamado “carro de entrada”, que são veículos mais baratos por serem menores, mais simples e com menos equipamentos. Estão em estudo ainda a possibilidades de uso de parte do FGTS para a renovação da frota e a volta do carro popular verde, que seria movido a etanol.
Apesar dos emplacamentos terem aumentado 21% no primeiro trimestre desse ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, o presidente da Fenabrave, Andreta Jr, afirmou que o setor ainda não viu recuperação para os níveis obtidos até 2019, antes da pandemia. “Estamos diante de um cenário, novamente, desafiador para 2023, que apresenta alto endividamento das famílias, aumento da inadimplência, além da alta de juros e seletividade de crédito por parte das instituições financeiras, o que vem restringindo a demanda por parte do consumidor, que vem perdendo seu poder de compra."
Diante desse cenário, no primeiro trimestre, tiveram oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, neste trimestre, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022. A diferença é que no ano passado o motivo era a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o esfriamento da demanda.