Minhas Finanças

Os melhores e os piores investimentos de julho

Ibovespa tem a maior alta do mês, enquanto a caderneta de poupança perde da renda variável, dos multimercados e da renda fixa conservadora

Depois dos fundos de renda fixa, Tesouro Direto tem melhor rendimento na renda fixa (Stock.xchng)

Depois dos fundos de renda fixa, Tesouro Direto tem melhor rendimento na renda fixa (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2012 às 09h47.

São Paulo - Contrariando as tendências dos meses anteriores, o mês de julho fechou com a Bolsa como o melhor investimento e a renda fixa comendo poeira. A poupança e os fundos defensivos, que investem em ações boas pagadoras de dividendos, ficaram na lanterna do ranking de rentabilidade. Após a maior alta diária em quase um ano na última sexta-feira (27), o Ibovespa fechou o mês de julho com alta de 3,2%. Depois do Ibovespa, tiveram as maiores rentabilidades do mês o ouro e o dólar comercial e entre os investimentos de renda fixa, os fundos de renda fixa e o Tesouro Direto.

Veja a seguir o ranking de desempenho das aplicações no mês de julho.

Aplicação No mês No ano Fechamento em
Ibovespa 3,21% -1,16% 31/07/2012
Ouro BM&F 2,47% 11,47% 30/07/2012
Dólar comercial 1,95% 8,29% 30/07/2012
Fundos Multimercado Macro 1,81% 10,80% 26/07/2012
Fundos de ações small caps 1,53% 4,57% 26/07/2012
Fundos Multimercado Multiestratégia 1,50% 8,79% 26/07/2012
Fundos Multimercados Juros e Moedas 0,98% 6,87% 26/07/2012
Renda Fixa 0,87% 6,46% 25/07/2012
NTN-B (vencimento em 15/08/2012) 0,82%** 5,30% 31/07/2012
NTN-F (vencimento em 01/01/2013) 0,73%** 6,80% 31/07/2012
LTN (vencimento em 01/01/2013) 0,72%** 6,86% 31/07/2012
LFT (vencimento em 07/03/2013) 0,64%** 5,37% 31/07/2012
Selic 0,62% 5,29% 30/07/2012
CDI 0,62% 5,23% 30/07/2012
Fundos referenciados DI 0,57% 5,37% 26/07/2012
Poupança * 0,48% 3,81% 30/07/2012
Fundos de ações dividendos 0,23% 11,39% 26/07/2012
Fundos de ações livres - 0,30% 4,14% 26/07/2012
Fundos de Ações Ibovespa ativo - 1,76% - 0,18% 26/07/2012

(**) Últimos 30 dias até a data de fechamento.
(*) Rentabilidade válida para a nova regra e medida entre os dias 28/06/2012 e 28/07/2012
Fontes: Anbima, Banco Central e BM&FBovespa.


Renda Fixa

Entre as aplicações em renda fixa, os fundos de renda fixa tiveram a maior rentabilidade no mês. Ao investir em uma cesta de títulos públicos e buscar o rendimento não só com os juros, mas com a valorização dos papéis, os fundos de renda fixa apresentam rentabilidade um pouco acima da renda fixa mais conservadora na atual conjuntura de juros baixos. “É natural que estes fundos tenham rentabilidade maior que a compra pura e simples do papel, porque o gestor faz uma operação para buscar os papéis com maior valorização no momento”, explica Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos. 

Logo após os fundos de renda fixa, os títulos públicos tiveram a melhor rentabilidade do mês entre as aplicações na renda fixa. A NTN-B, que paga uma taxa de juro prefixada mais a inflação do período pelo IPCA, teve o melhor desempenho do Tesouro Direto. “Os Títulos Indexados à variação do IPCA também são opções de investimento para diversificação de portfólio, pois os juros desses títulos estão rendendo na faixa de 3,0% a 4,0% ao ano, mais variação do IPCA”, explica o administrador de investimentos Fabio Colombo. O Banco Central projeta o IPCA de julho em 0,38%.

Os títulos prefixados, LTN e NTN-F, tiveram menor rentabilidade que a NTN-B, mas mostraram melhor desempenho do que a LFT, que são os títulos que seguem a flutuação da Selic. “Com a tendência de queda dos juros, a LFT tem rentabilidade cada vez menor, enquanto os títulos prefixados são favorecidos pela mudança de expectativa de queda dos juros futuros. E, mesmo sem mudanças nos juros, o componente de inflação agregaria mais valor a esse tipo de título”, comenta Bruno Carvalho, especialista em Renda Fixa da XP Investimentos.

Dentre os títulos públicos, a LFT teve o pior rendimento. Como o título é indexado à Selic, com a queda da taxa, o rendimento é prejudicado. Elas chegam até mesmo a ter rendimentos piores do que a poupança em certos prazos por causa do desconto do Imposto de Renda, que não incide sobre a poupança. 

Os fundos DI, que investem em papéis pós-fixados como as LFT, também foram prejudicados com a queda da Selic, mas tiveram rentabilidade ainda pior porque sofrem o desconto das taxas de administração. Eles só não tiveram rentabilidade pior do que a poupança, que perdeu para quase todas as aplicações do mês.

“Os fundos DI, assim como a poupança, são indicados para investimentos no curtíssimo prazo, para quem busca liquidez diária e mais segurança. Não se pode esperar dele que sejam usados para outra coisa. No passado, como tínhamos um dos juros mais altos do mundo, esses fundos rendiam mais e havia uma distorção, mas o objetivo deles é dar tranquilidade ao investidor apenas”, diz o diretor da Apogeo.

A poupança aparece com a menor rentabilidade entre os investimentos em renda fixa. Com a nova regra, a cardeneta passou a render 70% da Selic mais a Taxa Referencial quando a taxa básica for menor ou igual a 8,5%. Com a taxa a 8%, o investimento na poupança passa a ser vantajoso apenas no curto prazo, ou para propósitos específicos, como poupar dinheiro para uma aplicação que requer um aporte inicial maior ou como uma reserva de emergência, por conta da alta liquidez. 


Renda variável

O Ibovespa tomou fôlego nos últimos dias do mês, fechando julho com o melhor desempenho, com alta de 3,2%. O motivo foi uma atuação mais firme das autoridades da zona do euro para ajudar a melhorar as perspectivas de países em dificuldades, como Itália e Espanha. A ajuda de fato ainda não veio, o que torna essa alta resultado de mera especulação. No ano, o desempenho da Bolsa brasileira ainda é negativo, com queda de 1,16%. Veja quais as ações que mais subiram e caíram no mês.

Os fundos multimercado aparecem logo em seguida, entre as melhores aplicações do mês de julho. Com uma carteira diversificada, na qual os gestores têm liberdade para escolher entre os mais diversos ativos, como juros, dólar, commodities, títulos públicos, além de ações, são fundos que podem ganhar com a queda da Bolsa.

Paulo Bittencourt avalia que, ainda que os fundos multimercados tenham apresentado no ano alta superior ao Ibovespa, por outro lado eles podem não acompanhar as altas da Bolsa. “É por isso que o investidor não deve ficar enviesado a buscar sempre o investimento mais rentável no momento. Ele tem que ter espaço na carteira para investimento com diferentes volatilidades”, explica.

Os fundos de ações small caps também estão entre os investimentos com retornos mais positivos em julho, com alta de 1,53%. As small caps são ações de empresas com valor de patrimônio abaixo de 5 bilhões de reais e têm a característica de se concentrarem no mercaco doméstico. Por isso, em momentos de crise no mercado externo, elas representam uma alternativa aos investidores, podendo assim apresentar valorização, enquanto as grandes do mercado apresentam quedas.

Os fundos de dividendos e os fundos de ações livres tiveram as piores rentabilidades do mês. Mas a data de fechamento dos últimos dados de rentabilidade disponíveis para os fundos ainda não inclui a onda de alta do Ibovespa iniciada no dia 27. Mesmo assim, é possível que esses fundos tenham ficado, na média, um pouco atrás do principal índice da Bolsa no fechamento do mês.

Segundo Paulo Bittencourt, no caso dos fundos de ações livres, como os gestores não precisam necessariamente investir em ações do Ibovespa, eles chegam a buscar outras ações para fugir das oscilações do índice, podendo não acompanhar quando há uma alta brusca da Bolsa. "Já as ações boas pagadoras de dividendos são mais defensivas. Em momentos de crise se beneficiam, mas em fortes altas não acompanham tão rapidamente o movimento da Bolsa", explica o diretor da Apogeo.

O ouro teve o segundo melhor desempenho de julho, com alta de 2,47%. O ouro é um investimento que funciona como uma reserva de valor e varia com base na oferta e procura. Por isso, em momentos de incerteza, é uma aplicação que tende a atrair investidores e se valorizar. O dólar teve a terceira maior alta, de 1,95%.

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