Carolina Giovanella: "vi que a palavra de ordem era transparência na relação com o cliente" (Divulgação/Divulgação)
Lucas Amorim
Publicado em 17 de agosto de 2020 às 17h07.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 20h43.
"O Braço representa 3% dos ativos do mundo, então a gente é muito pequeno para se achar o centro do universo." Para Carolina Giovanella, fundadora e diretora-geral da gestora de patrimônio Portofino, o mercado brasileiro está no início de uma grande transformação, provocada pelos juros historicamente baixos e que levam investidores a buscar estratégias cada vez mais sofisticadas para proteger e multiplicar patrimônio. E isso abre uma leva de oportunidades.
A Portofino, conta a empresária, foi fundada em 2012 em cima de dificuldades que a família passou na hora de fazer seus investimentos. "Entramos em todos os produtos ruins do mercado. Dizem que o melhor aprendizado é aquele em que você perde dinheiro", afirma.
Sua família atua em construção civil no Sul do país e historicamente delegou para o gerente do banco a estratégia de investimentos, até que foi sofisticando na marra, após "cair em todas as cascas de banana que se possa imaginar." "Eu estudei para onde o mercado estava indo nas economias mais maduras e vi que a palavra de ordem era transparência na relação com o cliente", afirma.
A empresária se mudou para São Paulo e decidiu montar uma gestora de patrimônio para ter veículos de diferimento fiscal e reverter benefícios para os clientes com fundos exclusivos. Hoje, a Portofino é um Multi Family Office de plataforma aberta, que tem diversas instituições parceiras — entre elas, o banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME).
A Portofino atende cerca de 320 famílias com patrimônio acima de 5 milhões de reais, e segundo Carolina, tem o objetivo de oferecer estruturas e nível de serviço que até pouco tempo estavam disponíveis para clientes com 100 milhões. A gestora cobra uma taxa de gestão aliada à taxa de êxito nos invetimentos. "Se tiver conflito nós vamos deixar claro e devolver para o cliente. Assim você cria um ambiente de muito mais confianca", diz.
Apesar da pandemia, a crise tem passado longe. Nos últimos 18 meses a gestora cresceu 300%. "O cliente que tinha histórico de retorno de 15% ao ano com CDB, LCA e LCI teve de se mexer", afirma Carolina. "O brasileiro costuma investir com bancos tradicionais. Nos Estados Unidos, o mercado está nas mãos das gestoras e apenas 5% investem por bancos. Eu vou buscar o melhor produto onde for melhor para meu cliente."
Segundo ela, a companhia tem o objetivo de ser consolidadora num mercado que deve seguir crescendo. Gestoras com menos de 1 bilhão de reais, em sua óptica, terão dificuldade de investir o suficiente em tecnologia e em pessoas para se destacar. A meta da Portofino é fechar o ano com 7 bilhões sob gestão e dobrar de tamanho em 2021.
"Estamos num processo de organização do negócio para em 2022 fazer inclusive uma abertura de capital. Queremos ser o agente consolidador deste mercado", diz Carolina. "O conceito é nós sermos a referência financeira de nosso cliente, com foco no longo prazo." Isso inclui olhar para o mundo.
"Ainda tem gente que acha que investir lá fora com offshores é ilegal. Começamos com uma estrutura fora há três anos, e temos mostrado que uma estratégia internacional será cada vez mais necessária. Pensamos na melhor solução para cada cliente. Isso o robô não consegue fazer." A Portofino tem um escritório em Nova York, tocado pelo sócio Adriano Cantreva. Sua visão global tende a ser cada vez mais importante para a companhia.