Imóveis: Financiamentos com taxas baixas devem durar pouco (BrianAJackson/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 18 de junho de 2018 às 05h00.
Última atualização em 18 de junho de 2018 às 10h54.
São Paulo - Quem está em busca de um imóvel para morar encontra um cenário favorável pela frente: a combinação de financiamentos com juros baixos e imóveis com preços ainda estáveis. As vendas do mercado imobiliário ensaiam uma recuperação, mas o movimento ainda é morno, o que pode gerar chances de barganha para o consumidor.
Os lançamentos de imóveis novos cresceram 23,3% nos últimos 12 meses, enquanto as vendas subiram somente 8% no mesmo no mesmo período, segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Isso significa que ainda há estoques e oportunidades de negociação diante de um mercado reprimido.
Além dos preços, as condições de financiamento também estão atraentes. Os bancos reduziram as taxas do financiamento imobiliário, uma reação à queda nos juros da Caixa e à manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em sua mínima histórica, 6,50% ao ano. A taxa média do financiamento imobiliário em abril era de 8,1% ao ano, segundo o Banco Central.
Taxas baixas devem impulsionar os financiamentos imobiliários, que devem crescer 10% este ano, segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Gilberto Duarte de Abreu Filho.
“É uma sinalização positiva de retomada, mas ainda não é um número para celebrar. A recuperação vai ser mais lenta do que imaginávamos”, diz.
As taxas baixas devem durar pouco tempo. “Diante das incertezas no cenário político e econômico, o mercado espera que os juros voltem a subir em 2019 e isso vai influenciar o mercado imobiliário”, explica o economista da Fipe Bruno Oliva.
Volta da inflação, aumento dos juros nos Estados Unidos, alta do dólar e eleições são fatores que podem levar o Banco Central a subir os juros novamente.
Já os preços dos imóveis devem se manter estáveis até o ano que vem, segundo Oliva, diante da falta de confiança dos consumidores na economia e da recuperação devagar do mercado imobiliário.
“Não é preciso correr, mas há possibilidades de encontrar bons negócios para quem procurar com calma. Mesmo que a economia volte a crescer, os preços dos imóveis vão demorar mais para subir do que os preços de outros ativos”, diz Oliva.
A tendência é que as boas oportunidades de negócio diminuam com o tempo, já que os estoques estão cada vez menores, como aponta o executivo do grupo Ourinvest Nelson Campos. “Ainda que o cenário não esteja consolidado, é momento para olhar os imóveis com carinho”, diz.
Apesar do bom momento, só é favorável comprar um imóvel agora para quem se planejou financeiramente, isto é, juntou o valor da entrada. Os bancos privados exigem 20% do valor do imóvel de entrada, no mínimo, e a Caixa, 30%. Porém, para a parcela do financiamento ser equivalente ao custo mensal do aluguel, é recomendável dar uma entrada de 50%, pelo menos.
“Na maioria dos casos, a prestação vai custar até três vezes o valor do aluguel, se você não se planejar para dar uma entrada maior”, explica o especialista em crédito imobiliário Marcelo Prata, fundador dos sites Canal do Crédito e Resale.
Além disso, para financiar um imóvel, é preciso ter uma vida financeira estável, com alguma previsibilidade no emprego.
Com o aumento dos estoques de imóveis das incorporadoras, as melhores oportunidades de negócio podem estar em imóveis novos, não mais em usados, como antigamente. Mas é melhor garimpar antes de excluir possibilidades. O momento é para barganhar. Os descontos médios são de 10%, segundo Prata.
Vale sondar com moradores e corretores se o prédio tem problemas ou se a taxa de condomínio é alta, por exemplo. Também é importante pensar se o perfil e a localização do imóvel se encaixam nos seus planos. “Nunca assine a compra de cara, no estande de vendas. Controle a empolgação”, orienta Prata.
Ao escolher o financiamento do banco, compare o Custo Efetivo Total (CET), que inclui o valor de todas as taxas além dos juros, e propostas de todos os bancos. A pesquisa dá trabalho, mas é importante para reduzir o valor das prestações.