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Júlia Lewgoy
Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 05h00.
Última atualização em 23 de janeiro de 2017 às 10h23.
São Paulo - Os preços dos imóveis para alugar estão em queda livre, mas o contrato do seu aluguel segue firme com aquela cláusula que prevê um reajuste anual pelo IGP-M. Não faz sentido pagar mais caro se está fácil encontrar um imóvel mais barato pela vizinhança, certo?
É por isso que, no mês previsto para o aumento acontecer, é hora de tentar negociar a correção com o proprietário. “É razoável manter o preço exatamente como está, sem reajuste”, avalia o economista Bruno Oliva, pesquisador do Índice FipeZap, que acompanha os preços dos imóveis no Brasil.
Esse índice mostrou que o preço do aluguel caiu mais de 3% no ano passado, e que a queda real foi de 9%, se levado em conta o aumento generalizado dos preços, medido pelo índice de inflação IPCA.
Para este ano, a expectativa dos especialistas é que os preços de locação continuem em queda real, ou seja, vai ficar proporcionalmente mais barato alugar imóvel do que comprar outros bens da economia.
Apesar dessa queda, o índice tradicionalmente usado para correção dos aluguéis, o IGP-M, aumentou 7% em 2016. Mas por que esse índice está tão descolado da realidade?
Chamado de Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), esse é um indicador respeitado, calculado todo mês pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Porém, para chegar a essa taxa, os pesquisadores levam em conta preços da indústria, da construção civil e até da agricultura, menos do mercado imobiliário.
“O IGP-M mede um monte de preços da economia, mas é completamente descolado do mercado de locação. Ele é usado só por tradição”, explica Oliva.
Mas você não precisa explicar tudo isso ao proprietário do imóvel na hora de negociar seu reajuste. Basta ter uma conversa amigável e usar algumas técnicas de negociação.
Mesmo com o reajuste anual do aluguel previsto no contrato, nada impede que o locatário e o proprietário entrem em um acordo para que a correção não aconteça, como explica o consultor jurídico da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa.
No entanto, Costa recomenda que o locatário só tente a pechincha depois de receber o aviso de reajuste, no prazo previsto no contrato. “Se o locatário tem um histórico de bom pagador, é interessante para o proprietário renovar o contrato. Imóvel parado é prejuízo para o locador”, pondera.
Procure a imobiliária para intermediar essa negociação. Mas se preferir negociar direto com o proprietário, opte por uma conversa informal e exponha seus motivos pessoais, explicando que o reajuste irá pesar no orçamento.
Fazer ameaças de que você sairá do imóvel se o reajuste acontecer não é o melhor caminho, segundo o especialista em negociações José Roberto Valle, presidente da consultoria Scotwork Brasil. Ele também sugere ter uma carta na manga para ir mais a fundo na negociação, se necessário, como sugerir fazer uma melhoria no apartamento, por exemplo.
Também é válido se comprometer em continuar pagando o aluguel em dia. Outra dica é expor um exemplo concreto de preço menor praticado em um apartamento de padrão semelhante no mesmo prédio ou bairro, para servir de referência.
Fechada a negociação, o ideal é que locatário e proprietário façam um adendo no contrato, por meio de um termo aditivo, informando formalmente que o reajuste só acontecerá no próximo ano.
A imobiliária pode ajudar nessa tarefa, segundo o advogado Paulo Roque Khouri, especialista nas áreas de contrato e direito do consumidor. Se não, uma simples de troca de e-mails já serve como prova de que a negociação ocorreu.