Carlos Cêra, CEO da Superlógica: inspiração no modelo do mercado imobiliário chinês | Foto: Divulgação (Divulgação/Superlógica/Divulgação)
Bianca Alvarenga
Publicado em 9 de novembro de 2021 às 15h04.
Última atualização em 9 de novembro de 2021 às 19h43.
Não há dúvidas de que a digitalização do setor de imobiliárias criou atalhos para o moroso processo de compra ou aluguel de um imóvel. Antes, etapas simples, como a obtenção de informações sobre o imóvel ou a nomeação de um fiador, eram cheias de obstáculos, e muitas vezes resultavam na desistência do negócio.
A modernização do setor, marcada pelo surgimento de empresas como QuintoAndar e Loft, deixou de fora, no entanto, o enorme Brasil que existe além das capitais e das regiões metropolitanas. Na maior parte dos municípios brasileiros, o intermediador imobiliário continua a ser a tradicional imobiliária da cidade ou do bairro.
Para levar a digitalização para um Brasil não-digital, a Superlógica, plataforma de tecnologia para condomínios, anunciou uma fusão com a Arbo, empresa que fornece serviços para imobiliárias. O objetivo, como contaram os executivos com exclusividade à EXAME Invest, é "munir" as tradicionais intermediadoras de imóveis regionais com as mesmas ferramentas que o mundo digital tem à disposição.
"Estamos 'vestindo' as imobiliárias tradicionais para que elas possam competir com os novos players digitais. Hoje, as empresas menores precisam contratar diversos fornecedores de serviços financeiros e de tecnologia para conseguir atender o cliente. Vamos oferecer um produto completo", disse Carlos Cêra, CEO da Superlógica.
Atualmente, mais de 4.400 imobiliárias já contam com algum tipo de serviço das duas empresas. Antes, tanto a Arbo quanto a Superlógica ofereciam o que o mercado chama de software as a service (SaaS). Agora, a ideia é deixar de contribuir com "peças" e atuar em toda a cadeia de oferta, conclusão do negócio e suporte ao cliente. O novo pacote é o que a empresa chama de modelo transacional.
"Em complemento a isso, temos o trabalho do corretor: um profissional que conheça bem a cidade ou o bairro e que saiba, dentre os imóveis disponíveis, qual se encaixa nas preferências do cliente", diz Manoel Gonçalves, fundador e CEO da Arbo.
Para ajudar na etapa anterior, a da escolha de um imóvel para visitar, a Arbo vai turbinar os clientes com tecnologia. Esqueça os sites de imobiliárias com anúncios empilhados e sem a possibilidade de estabelecer filtros -- a ideia é melhorar a experiência para o usuário.
No final das contas, se o comprador ou locador fechar negócio, as empresas ficam com um percentual da comissão da imobiliária.
A ideia foi replicar o modelo do mercado imobiliário da China. A segunda maior economia do mundo tem um mercado que, em alguns aspectos, se aproxima do brasileiro: grandes capitais repletas de tecnologia e cidades do interior em que o setor imobiliário ainda se aproxima do tradicional. A inspiração foi na empresa chinesa Beike, que atua no modelo transacional.
“A Beike atende mais de 50% do mercado chinês e mostra que o modelo de desintermediação tem um limite de crescimento. Uma grande parcela do mercado vai continuar fragmentada e nas mãos de imobiliárias e corretores, que vão precisar de ferramentas e tecnologia para executar seu trabalho de uma forma muito melhor e com um portfólio muito maior de serviços para oferecer”, finaliza Carlos Cêra, CEO da Superlógica.