EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.
A Venezuela é um país latino-americano com uma característica atípica suas abundantes reservas de petróleo. O país produz 3,1 milhões de barris por dia, mais que o dobro da produção brasileira. Como sua economia é muito menor do que a do Brasil, a maior parte desse petróleo é exportado, o que faz com que a Venezuela seja um dos únicos países da América Latina com uma fonte garantida de recursos em moeda forte.
A segurança em obter recursos gerou dois problemas. O primeiro é a excessiva dependência do petróleo. Com dinheiro garantido, a Venezuela não teve de buscar competitividade com exportações de outros produtos, o que faz com que o fluxo de recursos para o país varie muito, em função das oscilações dos preços internacionais do petróleo. Em tempos como os atuais, de alta das cotações, o dinheiro é abundante. Em tempos de cotações em baixa, a Venezuela tende a ter dificuldade em pagar suas contas.
O segundo problema decorre de uma característica da produção de petróleo. A prospecção, extração e refino do óleo é uma das atividades mais intensivas em capital que existe. Produzir petróleo é um negócio para companhias enormes em países ricos, ou para empresas estatais em países pobres. Assim, os abundantes recursos do petróleo venezuelano sempre tenderam a concentrar-se em poucas mãos. Com isso, a Venezuela é um país de fortes disparidades sociais e péssima distribuição de renda.
Nesse cenário complexo, a eleição do coronel Hugo Chávez no ano 2000 provocou uma forte inquietação social. Chávez elegeu-se com uma proposta populista, mudou unilateralmente instituições venezuelanas como o Congresso e a Suprema Corte, e adotou uma posição de confronto com as economias desenvolvidas, realizando visitas a Fidel Castro e a Muamar Kadafi, entre outros. Seu governo dividiu a sociedade venezuelana entre partidários e oposicionistas, o que provocou protestos e conflitos.