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Pesquisa do BC aponta causas do endividamento excessivo

Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença ou morte do responsável pela renda da casa


	 Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença ou morte do responsável pela renda da casa
 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença ou morte do responsável pela renda da casa (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 15h29.

Brasília - Fatos inesperados, falta de planejamento e empréstimo do nome a terceiros são os principais motivos citados por consumidores para início do endividamento excessivo.

É o que apontam resultados preliminares de pesquisa divulgada hoje (19) pelo Banco Central (BC).

Para o estudo, que tem caráter qualitativo e não quantitativo, foram formados oito grupos de discussão, tendo, cada um, de oito a dez pessoas em situação de endividamento.

Os grupos debateram o assunto em quatro capitais: Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre.

Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença própria ou de alguém da família, morte do responsável pela renda da casa, gravidez não programada e separação conjugal.

Com relação à falta de planejamento, os consumidores mencionaram a realização de compras ou abertura de crediário por impulso. Eles disseram acreditar que as linhas de crédito são benéficas, se utilizadas de forma consciente.

De acordo com nota do BC, muitos entrevistados reconheceram ser os principais responsáveis pela situação de endividamento, mas consideram que as instituições financeiras também têm sua parcela de culpa. Alguns entrevistados mencionaram que a oferta de crédito esconde “armadilhas”.

Entre elas, excesso de linhas com oferta ostensiva, falta de informações claras e de alerta sobre os riscos, concessão ou aumento do limite de crédito acima das condições e o recurso do pagamento mínimo.

Os entrevistados que reconheceram a própria responsabilidade pelo endividamento excessivo mostraram, ainda, mais propensão a adotar mudanças de comportamento com relação à organização financeira. Diversos consumidores alegaram que tentaram negociação com os credores.

No entanto, na maioria das vezes, eles só ofereciam condições de renegociação consideradas viáveis quando o débito se aproximava do prazo de prescrição, que é de cinco anos.

O BC destacou que aguardar a prescrição não parece ser uma estratégia premeditada de pagamento das dívidas, já que os consumidores consideraram longo o prazo para que os débitos expirem, com consequências materiais e emocionais negativas.

Eles também apontaram soluções para prevenir o endividamento excessivo. São elas controlar o orçamento por meio de planilha, manter no máximo um cartão de crédito, poupar e ter reserva financeira, não parcelar as compras em muitas vezes e aceitar propostas de renegociação apenas se o credor reduzir os juros.

Segundo o Banco Central, “os resultados preliminares já indicam possíveis caminhos para as ações de educação financeira da população”.

O BC ressalta ainda que os dados podem ajudar no estímulo a boas práticas na concessão de crédito por bancos e outros credores.

Os resultados também vão servir de base para uma pesquisa quantitativa sobre o assunto, já que as conclusões do estudo atual não têm valor estatístico.

Os grupos de discussão foram formados por homens e mulheres com idades entre 20 e 80 anos. Eles foram selecionados entre consumidores que procuraram o auxílio de Procons ou Defensoria Pública em razão de endividamento excessivo, cujos nomes têm restrições cadastrais junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) ou Serasa.

Também nesta quarta-feira, o BC divulgou nota com informações sobre o microcrédito no país, consolidadas a partir do Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR).

Segundo o levantamento, a carteira de microcrédito soma R$ 5,3 bilhões, o equivalente a 0,2% do sistema financeiro nacional.

A maior parte do valor da carteira identificada, 52%, está no Nordeste. Os recursos são tomados principalmente por pessoas físicas. Dessas, 35% ganham até um salário mínimo.

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