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Para 2 milhões de brasileiros, economia com novo IR será de menos de R$ 100 por mês

Contribuintes que ganham acima de R$ 5 mil e até R$ 7,35 mil terão descontos escalonados — e quanto mais próximo do teto, menor é a economia

Novas regras do IR: classe média ainda é pouco beneficiada, aponta Unafisco (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Novas regras do IR: classe média ainda é pouco beneficiada, aponta Unafisco (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 2 de outubro de 2025 às 16h46.

Última atualização em 2 de outubro de 2025 às 17h27.

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 1º, por unanimidade o Projeto de Lei (PL) 1.087/2025 que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil. "Dez milhões vão deixar de pagar imposto de renda", disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Já a faixa entre R$ 5.000,01 e R$ 7,35 mil terá um desconto decrescente no imposto. Na prática, quem ganha mais próximo do piso terá menos imposto recolhido e quem ganha mais próximo do teto pagará mais tributo.

Segundo cálculos do Confirp contabilidade, quem ganha a partir de R$ 6,6 mil terá uma economia de R$ 100 por mês. O cálculo considera o pagamento de 13º salário. Nessa faixa de renda, o máximo de desconto de IR que o contribuinte vai conseguir serão R$ 1.298,22 no ano. Cifra distante da de quem ganha até R$ 5 mil, e terá uma economia anual de R$ 4.067,57.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), cerca de 2 milhões de pessoas ganham entre R$ 6.603,75 mensal e R$ 7.272,36 mensal.

Renda BrutaDesconto por MêsDesconto Anual% do Salário
3.036,00---
3.400,0027,30354,8910,44%
3.600,0054,76711,8919,77%
3.800,0084,761.101,8929,00%
4.000,00114,761.491,8937,30%
4.200,00144,761.881,8944,81%
4.400,00177,892.312,5752,56%
4.600,00222,892.897,5762,99%
4.800,00267,893.482,5772,55%
5.000,00312,894.067,5781,35%
5.200,00286,273.721,4671,57%
5.400,00259,643.375,2862,51%
5.600,00233,013.029,1054,09%
5.800,00206,382.682,9346,26%
6.000,00179,752.336,7538,95%
6.200,00153,121.990,5732,11%
6.400,00126,491.644,4025,69%
6.600,0099,861.298,2219,67%
6.800,0073,23952,0414,00%
7.000,0046,60605,868,66%
7.200,0019,98259,693,61%
7.350,000,000,000,00%
7.400,000,000,000,00%
7.500,00--0,00%
8.000,00--0,00%

Para entidades como o Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco), a aprovação do PL é um passo adiante em relação à justiça tributária, mas ainda falta caminhar para que todos sejam alcançados por ela, principalmente parte da classe média. As regras que passaram na Câmara contemplam apenas parte da classe C, que, por definição, abrange quem ganha entre R$ 3,5 mil e R$ 8,3 mil por mês.

“Claro que é um primeiro passo. Porém, lamentavelmente, muitos ficarão ainda sofrendo a injustiça tributária na sua integralidade. Nós salvamos alguns e deixamos os outros”, disse Mauro Silva, presidente da Unafisco.

Na visão de Silva, o ideal seria corrigir a tabela do IR em sua totalidade, já que a defasagem acumulada pela inflação alcança os 154,74% desde 1996.

Dão Real Pereira dos Santos, presidente do Sindifisco, corrobora a visão: segundo ele, o governo apenas desonera quem ganha até R$ 5 mil e fez uma transição entre a alíquota zerada para e a alíquota normal a partir de R$ 7,35 mil.

"Já é um grande avanço, mas o ideal seria que o governo corrigisse [a tabela]. Nós, do Sindifisco Nacional, tínhamos uma emenda para destacar isso no plenário e não foi destacada, em que garantia a correção da tabela para as demais rendas", afirma.

Confira como seria a tabela ideal

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