Caribe: na promoção da Hurb viagem sai por R$ 1.000 (Valery SharifulinTASS/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 23 de abril de 2020 às 13h13.
Última atualização em 23 de abril de 2020 às 14h13.
Em meio à pandemia de coronavírus (covid-19) e o futuro incerto da economia brasileira, operadoras de turismo e companhias aéreas estão vendendo pacotes de viagens para o segundo semestre deste ano e para 2021. A estratégia para atrair o cliente é oferecer viagens com preços atrativos e com a flexibilidade de escolher a data.
A companhia aérea Azul, por exemplo, lançou um programa chamado “Bilhete Azul”. O cliente compra um pacote que inclui passagem aérea, hospedagem e o traslado. São 10 destinos: Maceió, Porto Seguro, Porto de Galinhas, Natal, Fortaleza, Salvador, João Pessoa, Gramado, Curitiba ou Foz do Iguaçu, com preços que variam de 994 reais a 1.483 reais.
Depois de comprar o pacote, o consumidor precisa decidir a data no mínimo com 40 dias do embarque e 60 dias em caso de feriados. As opções de viagem são de 1 de julho a 15 de dezembro deste ano e entre 20 de janeiro e 30 de abril de 2021.
O interesse por viajar tem aumentado nas últimas semanas. A CVC informou que neste período, o site da companhia tem recebido maior demanda dos clientes pesquisando por preços, para embarques de outubro em diante e a maioria está em busca de viagens para Nordeste e Sul do país.
De acordo com Emerson Belan, diretor geral da CVC, a maior demanda por orçamentos está para o período de embarque a partir do feriado de outubro e de novembro de 2020 a fevereiro de 2021.
“Hotéis e resorts do Nordeste, por exemplo, já têm oferecido tarifas para a CVC mais em conta do que o mesmo período do ano passado. Em média, uma viagem pelo Brasil, considerando hospedagem de 7 dias e aéreo de ida e volta para praias nordestinas, estão com preços 30% mais em conta do que o mesmo período de 2019.”
Quem comprar um pacote na CVC poderá fazer uma remarcação gratuita sem nenhuma cobrança de taxas e multas (nem da operadora, nem de terceiros – cias aéreas, hotéis, passeios), para viagens dentro do Brasil com embarques a partir de agosto.
Além de viagens pelo Brasil, existem pacotes atrativos para fora do país. Na Hurb (antigo Hotel Urbano) há pacotes para Orlando por 1.559 reais e por 1.000 reais o cliente compra uma viagem para conhecer as praias paradisíacas do Caribe. As viagens podem ser feitas a partir de março a novembro de 2021. Antes da pandemia, esses pacotes eram cerca de 50% mais caros.
Em entrevista a Exame, Allan Baptista, diretor de marketing da Hurb, afirmou que há 9 anos a empresa oferece pacotes promocionais como estes e alguns como para a Disney são recorrentes na prateleira de promoção. “Nós não mudamos nossa estratégia, apenas colocamos o pé no acelerador. Queremos estreitar o relacionamento com o cliente neste momento.”
Baptista disse que garante que o consumidor ao comprar o pacote chegará ao destino. “Eu também garanto uma ótima experiência. A companhia aérea não importa. A pessoa faz no máximo duas conexões em caso extremo. O hotel temos nossos parceiros, mas seguimos um padrão.”
Quem comprar um pacote na Hurb deve sugerir 3 datas de interesse para viajar e a empresa entra em contato por e-mail em até 45 dias antes da primeira data para confirmar a disponibilidade. A empresa oferece cancelamento sem custo até 14 dias da compra. Passo esse período, o cliente pode ficar com crédito para uma próxima viagem ou receber o dinheiro de volta. Neste último caso, é possível apenas se o bilhete aéreo não ter sido emitido.
Apesar das promoções serem tentadoras, o viajante deve ficar muito atento aos riscos, inclusive sobre a possibilidade das operadoras e companhias aéreas falirem nos próximos meses diante da situação.
Igor Marchetti, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), explica que no caso de falência, o consumidor pode não receber o dinheiro que gastou, já que ele será um credor quirografário, ou seja ele não tem garantia real para o pagamento de seu crédito. “ Existe uma ordem de pagamento em caso de falências. As verbas trabalhistas estão no primeiro lugar da fila e os créditos quirografários em último.”
Somado a isso, Marchetti destaca que ao comprar uma viagem em um cenário de pandemia e se futuramente tiver que recorrer à Justiça para conseguir o dinheiro de volta, o entendimento na esfera jurídica pode ser de que a pessoa assumiu o risco, perdendo o que é chamado de nexo de causalidade.
Se mesmo assim, o cliente quiser correr o risco e comprar um viagem ainda sem data certa para viajar, o advogado aconselha ter a descrição bem clara em algum documento (e-mail, contrato) sobre a possibilidade de remarcação e a devolução do dinheiro em caso de desistência.
“Hoje, cenário é extremamente incerto. Muita gente está com problemas para conseguir remarcar as viagens antes da pandemia. Agora, não é hora de pensar em viagens. Cada país ou cidade está em um nível de contaminação. Não temos como saber.”