Barras e moedas de ouro: o metal liderou o balanço de investimentos do mês de fevereiro (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo – No mês de março, os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-Bs) de prazo curto, foram o investimento com melhor resultado entre as aplicações mais conservadoras, de renda fixa. A maior rentabilidade, considerando os investimentos de renda fixa e de renda variável, foi alcançada pelos investimentos em ouro, que tiveram uma alta de 5,49% em março.
Os resultados mensais ajudam o investidor a monitorar sua carteira de aplicações, mas, para tomar uma decisão sobre qual investimento escolher é preciso estudar quais foram os rendimentos das aplicações em um prazo maior e também quais delas são mais indicadas de acordo com o objetivo do investidor. Um investimento que teve ótimos resultados em um mês pode não ter tido um bom desempenho no último ano e também pode não ser a melhor opção para o mês seguinte.
Confira na tabela abaixo o ranking de desempenho de cada aplicação, além dos índices de inflação (IPCA e IGP-M), o principal índice da Bolsa (Ibovespa) e as taxas básicas de juros (Selic e CDI). E veja em seguida a análise dos investimentos em renda fixa e em renda variável.
Aplicação | Desempenho no mês de março | Desempenho no acumulado do ano | Fechamento em |
---|---|---|---|
Ouro BM&F | 5,49% | -3,66% | 27/03/2013 |
Dólar comercial | 2,19% | -1,29% | 28/03/2013 |
Fundos Multimercado Macro* | 0,76% | 0,97% | 22/03/2013 |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2015)* | 0,70% | 0,21% | 27/03/2013 |
NTN-B (vencimento em 15/05/2013)* | 0,65% | 1,80% | 27/03/2013 |
NTN-F (vencimento em 01/01/2014)* | 0,61% | 1,09% | 27/03/2013 |
Fundos referenciados DI* | 0,61% | 1,56% | 22/03/2013 |
Fundos Multimercado Multiestratégia* | 0,61% | -0,09 | 22/03/2013 |
LTN (vencimento em 01/01/2014)* | 0,60% | 1,08% | 27/03/2013 |
Fundos de Renda Fixa* | 0,55% | 1,44% | 22/03/2013 |
LFT (vencimento em 07/03/2014)* | 0,55% | 1,62% | 27/03/2013 |
Selic* | 0,54% | 1,04% | 27/03/2013 |
LFT (vencimento em 07/03/2015) | 0,53% | 1,60% | 27/03/2013 |
CDI* | 0,51% | 1,59% | 28/03/2013 |
IPCA (estimativa do Banco Central) | 0,50% | 5,71% | 22/03/2013 |
Poupança antiga | 0,50% | 1,51% | 28/03/2013 |
Poupança nova* | 0,41% | 1,23% | 28/03/2013 |
Fundos Multimercados Juros e Moedas* | 0,39% | 0,66% | 22/03/2013 |
IGP-M (estimativa do Banco Central) | 0,35% | 5,12% | 22/03/2013 |
LTN (vencimento em 01/01/2016)* | 0,25% | -0,48% | 27/03/2013 |
Fundos de ações livres | 0,08% | -1,31% | 22/03/2013 |
NTN-F (vencimento em 01/01/2017)* | -0,19% | -0,87% | 27/03/2013 |
Fundos de ações Ibovespa Ativo* | -0,54% | -3,70% | 22/03/2013 |
Fundos de ações dividendos* | -0,82% | -2,98% | 22/03/2013 |
Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) | -1,68% | -0,56% | 28/03/2013 |
Ibovespa | -1,86% | -7,55% | 28/03/2013 |
Fundos de ações Small Caps* | -3,26% | -6,13% | 22/03/2013 |
NTN-B (vencimento em 15/08/2050)* | -5,58% | -5,45% | 27/03/2013 |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2035)* | -6,09% | -2,69% | 27/03/2013 |
Fontes: Banco Central, BM&FBovespa, Tesouro Nacional e Anbima.
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Renda fixa
Entre as aplicações de renda fixa – que têm sua forma de remuneração pré-definida – as NTN-Bs de curto prazo e os fundos DI tiveram as maiores rentabilidades no mês.
As NTN-Bs Principal (NTN-B) com vencimento em 2015 e as NTN-Bs com vencimento em 2013 ficaram entre as melhores posições do ranking. Esse tipo de título remunera o investidor com uma taxa prefixada mais a variação da inflação medida pelo IPCA. O bom resultado pode ser atribuído à revisão para baixo da projeção de inflação pelo IPCA para o fim do ano pelos analistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central.
Esses papéis recuperaram um pouco da perda com as perspectivas de alta nos juros. Isso porque, com a previsão de inflação mais controlada, os títulos atrelados ao IPCA se valorizam. "O preço da NTN-B é uma composição da expectativa de inflação e dos juros reais", explica Samy Dana, professor da FGV.
Já as NTN-Bs com vencimentos mais distantes, em 2035 e 2050, tiveram os piores resultados do ranking, tal como no mês passado. Isso porque, além de já terem apanhado em função das perspectivas de alta de juros, esses papéis, que são mais voláteis, também sofrem com uma expectativa de inflação descontrolada no longo prazo.
Depois das NTN-Bs de curto prazo, os fundos referenciados DI tiveram o melhor resultado. Esse tipo de fundo busca reproduzir as variações do CDI (taxa média de juro cobrada nos empréstimos entre os bancos) investindo, no mínimo, 95% da sua carteira em ativos que acompanham o CDI.
Como a Selic serve de parâmetro para a taxa cobrada entre os bancos, o CDI costuma ficar próximo à Selic. Por esse motivo, os fundos DI também se valorizam com as perspectivas de elevação da Selic. “Esses fundos também têm aumentando a participação de crédito privado nas carteiras, já que os títulos públicos não vêm pagando muito bem e esses créditos têm beneficiado os fundos”, afirma o administrador de investimentos Fabio Colombo.
A poupança nova, que rende 70% da Selic mais a Taxa Referencial (taxa que se aproxima de zero), apesar de não ter apresentado uma rentabilidade abaixo de outros investimentos na renda fixa é uma boa opção para investidores que não possuem altas quantias para investir, segundo Colombo. “Quem tem volumes pequenos para investir não consegue investir em fundos com taxas baixas. Por isso a poupança pode ser a melhor opção, já que ela não tem nenhuma taxa”, diz.
Renda variável
Entre os investimentos de renda variável, que não têm uma forma de remuneração pré-definida, os fundos que investem em ações tiveram alguns dos piores resultados do mês.
O Ibovespa, principal índice de referência da Bolsa, fechou o mês com queda de 1,86% e teve o pior trimestre em 18 anos, com uma queda acumulada de 7,53% de janeiro a março.
Segundo Fabio Colombo, mais uma vez a bolsa brasileira destoou das bolsas internacionais, que no geral continuaram com uma tendência positiva, apesar da crise no Chipre ter afetado negativamente as bolsas na região do euro. Segundo ele, o mau desempenho do Brasil se deve a questões como o baixo crescimento e o aumento da inflação, que indica que o governo deverá subir os juros no curto prazo, o que torna a Bolsa menos atrativa em relação a ativos de renda fixa atrelados à Selic.
“O mercado acionário está com preços convidativos porque não vem performando bem. Então para quem tem um dinheiro que não vai utilizar e quer investir no longo prazo, vale a pena investir em ações aos poucos e aproveitando preços baixos”, afirma o administrador de investimentos.
A posição do ouro no topo do ranking pode ser explicada pela crise no Chipre. Segundo Colombo, com a insegurança decorrente do confisco de depósitos bancários no país, investidores de todo o mundo voltaram-se ao ouro, já que o metal é um ativo real e vira um refúgio para investidores em momentos de crise. “Além disso, a balança comercial brasileira ficou mais pressionada e, com a crise no exterior, investidores tiraram dinheiro do Brasil, o que fez o dólar subir. Como a performance do ouro varia em função da cotação do dólar, isso também contribuiu para sua alta”, diz Fabio Colombo.
Já o desempenho dos fundos imobiliários não foi bom em março. A performance desses fundos, medida pelo Índice de Investimentos em Fundos Imobiliários (IFIX), que inlcui as cotas dos fundos mais negociados em Bolsa, mostrou que o investimento foi um dos piores do mês. A desaceleração da economia e acentuada valorização desses fundos no ano passado e no início desse ano podem explicar a perda de atratividade da aplicação no último mês.