Pista de corrida: Com alta da Selic, poupança perde vantagem em relação a outros investimentos (David Ritter / Stock Xchnge)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 20h00.
São Paulo – Os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B), tiveram o melhor desempenho entre os principais investimentos do mercado no mês de fevereiro.
Entre as aplicações financeiras mais arriscadas, de renda variável, os fundos de investimento imobiliário tiveram a melhor performance no mês.
O dólar, a bolsa e alguns fundos de investimento em ações foram o destaque negativo do balanço de fevereiro.
Veja na tabela o ranking de desempenho dos investimentos em fevereiro e no acumulado do ano:
Aplicação | Desempenho em fevereiro | Desempenho no ano |
---|---|---|
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2035)* | 7,91% | 0,71% |
NTN-B (vencimento em 15/08/2050)* | 5,69% | 0,34% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2023)* | 5,03% | 5,30% |
Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) | 3,74% | -3,20 |
LTN (vencimento em 01/01/2017)* | 2,80% | 2,62% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2017)* | 2,68% | 2,60% |
Ouro | 2,50% | 9,39% |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2015)* | 1,84% | 1,86% |
NTN-B (vencimento em 15/05/2015)* | 1,80% | 1,86% |
LTN (vencimento em 01/01/2015)* | 1,13% | 1,37% |
Fundos de Renda Fixa* | 1,00% | 1,56% |
LFT (vencimento em 07/03/2014)* | 0,91% | 1,64% |
Selic* | 0,90% | 1,60% |
CDI* | 0,89% | 1,55% |
LFT (vencimento em 07/03/2017) | 0,82% | 1,55% |
Fundos Multimercados Juros e Moedas* | 0,82% | 1,34% |
Fundos referenciados DI* | 0,82% | 1,49% |
Poupança antiga* | 0,58% | 1,16% |
Poupança nova* | 0,58% | 1,16% |
IPCA (estimativa do Banco Central)** | 0,55% | 1,15% |
IGP-M (estimativa do Banco Central)** | 0,48% | 0,82% |
Fundos Multimercado Multiestratégia* | 0,44% | 0,27% |
Fundos Multimercado Macro* | 0,36% | -0,11% |
Fundos de ações Ibovespa Ativo* | -0,85% | -7,32% |
Ibovespa | -1,14% | -8,56% |
Fundos de ações dividendos* | -1,46% | -7,25% |
Fundos de ações livre* | -1,66% | -7,46% |
Dólar comercial | -2,91% | 0,43% |
Fundos de ações Small Caps* | -3,21% | -9,99% |
Fontes: Banco Central, BM&FBovespa, Tesouro Nacional e Anbima.
(*) O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento
(**) Expectativa de inflação para o ano de 2014 e para o mês de janeiro, segundo o Banco Central.
À exceção dos fundos de investimento imobiliário, o resultado dos rendimentos de todos os fundos da tabela foi fechado no dia 24 de fevereiro.
Os dados sobre o IGP-M e o IPCA foram fechados no dia 26 de fevereiro. Os dados sobre a poupança nova e antiga, taxa Selic, CDI e ouro foram fechados no dia 27 de fevereiro. E os rendimentos do dólar, Ibovespa, IFIX e dos títulos públicos são referentes ao fechamento do dia 28 de fevereiro.
Renda fixa
As NTN-Bs, títulos públicos negociados via Tesouro Direto que pagam um juro pré-fixado mais a inflação pelo IPCA, tiveram o melhor desempenho do balanço de investimentos do mês de fevereiro.
Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, explica que os títulos foram beneficiados pela estabilização da taxa básica de juros, a Selic. “Em fevereiro, o mercado percebeu que a alta no índice que mede o comportamento dos juros no futuro seria mais comedida. Isso ajudou o prêmio das NTN-Bs e de fundos que operam juros mais curtos”, afirma.
Como as NTN-Bs prometem pagar a variação da inflação mais juros, as NTN-Bs vendidas hoje, com juros em torno de 6%, ficam mais atraentes quando não há perspectivas de fortes altas dos juros futuros. Isso porque se a perspectiva fosse de forte alta, compras futuras de NTN-Bs poderiam render juros maiores do que 6%, deixando as NTN-Bs vendidas atualmente pouco atrativas em relação àquelas que ofereceriam juros maiores no futuro.
Movimento parecido ocorre com os títulos pré-fixados, as Letras do Tesouro Nacional (LTN) e as Notas do Tesouro Nacional-série F (NTN-F), que pagam ao investidor uma determinada taxa de juro definida no momento da compra, sem correção pela inflação.
Ambas tiveram bons resultados porque, com expectativas mais modestas sobre a alta dos juros, os títulos vendidos agora já oferecem taxas em um patamar interessante.
Os títulos do Tesouro que acompanham a variação da taxa Selic, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) também apresentaram boa rentabilidade porque a taxa básica de juros tem passado por constantes elevações, aumentando o rendimento dos papéis.
Dentro da renda fixa, o investimento que tem perdido destaque é a caderneta de poupança. Como os outros investimentos vão acompanhando a alta da taxa básica de juros e a poupança fica com a mesma rentabilidade depois que a Selic chega aos 8,5% ao ano, ela perde vantagem na comparação.
Dos títulos da tabela, estão disponíveis para a compra: a LFT que vence em 07/03/2017; a LTN com vencimento em 01/01/2017; a NTN-B que vence em 15/08/2050; e a NTN-B Principal com vencimento em 15/05/2035.
Renda variável
Os fundos de investimento imobiliário lideraram o ranking entre as aplicações de renda variável, com alta de 3,74%.
Apesar do bom desempenho, Paulo Bittencourt ressalta que os fundos apenas tiveram uma leve recuperação diante da queda sofrida nos últimos meses. “Esses fundos desceram muito mais do que a própria bolsa nos últimos meses, então em fevereiro eles deram uma recuperada, mas em um espaço de três meses eles ainda apresentam queda”, diz.
Segundo ele, a estabilização dos juros também contribuiu para a recuperação dos fundos. “O que mais machuca os fundos imobiliários é a perda de competitividade. Como seu rendimento é atrelado à receita do imóvel e não aos juros, quando a Selic aumenta os outros investimentos acompanham a alta e eles não. Agora, como o juro vai ficar estável, eles voltam a ter uma remuneração mais interessante”, explica Bittencourt.
O ouro também passou por uma recuperação no mês de fevereiro, com alta de 2,50%. Para Bittencourt, a elevação também é um ajuste sobre a forte queda do metal no fim do ano passado.
Outro destaque na renda variável foram os fundos multimercados juros e moedas. Nos fundos multimercados em geral, o gestor pode investir em diferentes produtos buscando a melhor estratégia de acordo com o cenário econômico. E no caso dos multimercados tipo juros e moedas, é possível investir tanto em títulos de renda fixa pré ou pós-fixados, quanto no mercado de câmbio ou de juros futuros.
Como o gestor desse tipo de fundo tem liberdade tanto para aplicar em ativos ligados à alta da Selic, quanto ao câmbio, mesmo com a queda do dólar no mês, é possível surfar a alta de outros ativos. “Como os mercados futuros de juros e de câmbio tiveram um desempenho bom, à medida que o câmbio mexeu, o gestor pôde fazer uma arbitragem e obter bons resultados”, comenta Paulo Bittencourt.
Do lado negativo, aparece o Ibovespa, que fechou o mês com queda de 1,14%, puxando para baixo também o desempenho de alguns fundos de investimento em ações.
Para Bittencourt, pesou para o mau desempenho da Bovespa principalmente a divulgação de dados referentes ao PIB de 2014, que foram bastante modestos. Com expectativas de fraco crescimento, a bolsa acabou sendo penalizada novamente.