BM&F Bovespa: Gestoras independentes de fundos de ações foram melhor em 2010 (Germano Luders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 10h17.
Nove dos dez fundos de ações mais rentáveis do Brasil em 2010 são administrados por gestoras de recursos independentes, segundo um levantamento feito por EXAME.com a partir de uma consulta aos dados publicados no site Como Investir, da Anbima (a associação dos bancos de investimento e gestoras de recursos). A exceção da lista é o fundo Unibanco Micro Cap FIC FIA, administrado pelo Itaú Unibanco, que ficou em quinto lugar em rentabilidade. Segundo o ranking publicado logo abaixo, o primeiro colocado foi um fundo da gestora de recursos Skopos, que obteve uma rentabilidade de 47,03%, contra apenas 1,04% do Ibovespa.
Posição | Nome Fantasia do Fundo | Nome do Tipo de Fundos | Aplicação Inicial (R$) | Taxa de administração (% ao ano) | Taxa de performance (%) | Taxa de Saída (%) | Rentabilidade Anual (%) |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | SKOPOS BRK FIC FIA | Ações Livre | 100.000,00 | 1,50 | 20% do que exceder IGP-M + 6% | Não cobra se agendar resgate | 47,03 |
2 | QUEST SMALL CAPS FIC FI DE AÇÕES | Ações Small Caps | 10.000,00 | 2 | 20% do que exceder IGP-M + 6% | Não cobra | 46,75 |
3 | PRISMA FUNDO DE INVESTIMENTO DE ACOES | Ações Livre | 1.000,00 | 3,50 | Não cobra | Não cobra | 42,29 |
4 | CLARITAS VALOR FI EM AÇÕES | Ações Livre | 50.000,00 | 2,50 | Não cobra | 5,00 | 35,71 |
5 | UNIBANCO MICRO CAP FIC FIA | Ações Small Caps | 1.000,00 | 4,00 | Não cobra | Não cobra | 35,41 |
6 | NEST ACOES FIC FI DE AÇÕES | Ações Ibovespa Ativo | 20.000,00 | 3,00 | 20% do que exceder o Ibovespa | Não cobra | 34,79 |
7 | STUDIO MASTER FI EM AÇÕES | Ações Livre | - | 0,50 | Não cobra | Não cobra | 33,07 |
8 | PERFIN INFINITY EQUITY BRAZIL FI ACOES | Ações Ibovespa Ativo | não-informado | 3,00 | 25% do que exceder o Ibovespa | Não cobra | 31,82 |
9 | VICTOIRE YIELD ACOES FI | Ações Dividendos | 25.000,00 | 2,50 | 20% do que exceder o Ibovespa | Não cobra | 31,73 |
10 | SQUADRA LONG-ONLY FI COTAS DE FI AÇÕES* | Ações Livre | 100.000,00 | 3,30 | Não cobra | 10,00 | 30,67 |
As gestoras independentes de recursos são, em geral, pequenas empresas que empregam poucos funcionários. A maioria delas é comandada por executivos egressos de grandes bancos que conhecem muito sobre o mercado acionário e deixaram seus empregos para montar uma gestora própria. É comum que essas assets independentes apareçam melhor posicionadas em listas de fundos de ações mais rentáveis porque seus gestores geralmente possuem maior liberdade para comprar e vender papéis.
Já nos grandes bancos, a maioria dos fundos procura não se distanciar muito de índices como o Ibovespa ou o IBrX na hora de alocar o portfólio. Logo, em anos em que o Ibovespa vai mal com em 2010, a vida do gestor acaba sendo mais difícil. Essas amarras impostas fundos de grandes bancos não são impensadas. Se pudessem apostar em quaisquer ações, os resultados do fundo acabariam se distanciando muito do Ibovespa - para o bem e para o mal. O problema seria o risco de perder um cliente que também compra seguros, investe em CDB e renda fixa, toma empréstimos e recebe salário no banco em um ano em que o fundo de ações tenha uma performance muito abaixo do Ibovespa - algo inerente à atividade de gestão em renda variável.
Por outro lado, os fundos de ações independentes são muito menos conhecidos e devem despertar alguma cautela. Se o investidor tomar os cuidados básicos, no entanto, esses fundos são tão seguros quanto os de grandes bancos. Em primeiro lugar, é necessário checar se o fundo tem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Também é importante verificar se, por trás de determinado investimento, há empresas com boa reputação responsáveis pela administração do fundo e pela custódia dos papéis. Em caso positivo, o investidor pode ficar tranquilo que o único risco será o de perda de dinheiro no mercado - algo inevitável quando se fala em investimentos em bolsa. Para selecionar as melhores opções entre as dezenas de fundos de ações que atendem a essas exigências, é importante verificar o historio de rentabilidade de um fundo no longo prazo - o que pode ser feito nesse link.
Ranking
A lista dos dez melhores fundos de ações de 2010 desconsiderou fundos fechados, de um único cotista, exclusivos e restritos. Para que o internauta possa identificar somente os fundos em que poderá efetivamente investir, EXAME.com também expurgou os fundos que só permitem aplicações de investidores qualificados (com ao menos 300.000 reais investidos no mercado). Para não cometer injustiças com os gestores que apresentaram excelentes resultados em 2010, é importante reconhecer que fundos de gestoras como Geração Futuro, Guepardo, Tarpon e J. Safra teriam aparecido no ranking acima caso não impusessem barreiras à captação que acabam por excluir investidores com pouco dinheiro. Por último, também não foram considerados os fundos de ações abertos em meados de 2010, o que fez com que gestoras como JGP e Vinci Partners ficassem fora da lista.
De certa maneira, os resultados apontados pelo ranking de EXAME.com funcionam como um raio-X do que aconteceu em toda a indústria em 2010. Os fundos classificados pela Anbima como "Ações Livres" e "Ações Small Caps" emplacaram sete representantes na lista dos dez mais rentáveis do ano passado. Esses são os fundos em que o gestor possui menos restrições para investir em pequenas empresas e costumam ser também aqueles com menor correlação com índices. Como a rentabilidade abaixo da inflação obtida pelo Ibovespa no ano passado foi muito influenciada pelas pesadas perdas com Petrobras e siderúrgicas, esses dois tipos de fundos acabaram sofrendo menos. Veja abaixo o retorno médio obtido pelas principais categorias de fundos de ações:
Tipo de fundo | Rentabilidade em 2010 (%) |
---|---|
Ações Small Caps | 18,37 |
Ações Livre | 11,61 |
Ações Sustentabilidade/Governança | 7,96 |
Ações IBRX Ativo | 2,06 |
Ações Ibovespa Ativo | 1,79 |
A maior discrepância entre as duas tabelas está na categoria "Ações Ibovespa Ativo". Dois dos dez fundos mais rentáveis de 2010 fazem parte dessa categoria, que, na média geral, entretanto, apareceu como a pior escolha. A explicação para tamanha divergência entre os resultados está, em primeiro lugar, na grande quantidade de fundos dentro dessa categoria - o que naturalmente leva a uma variação maior de performance. O que fez com os resultados fossem bons ou ruins foram as escolhas do gestor. É provável que, nesse caso, tenham levado vantagem os fundos que evitaram as ações da Petrobras e das siderúrgicas em privilégio de outros setores do Ibovespa que apresentaram melhores resultados - como varejo, infraestrutura, construção e bancos, por exemplo.
No total, a Anbima possui dez categorias diferentes de fundos de ações disponíveis para a aplicação de pessoas físicas. O objetivo dessa separação em grupos é evitar que fundos com estratégias completamente diferentes sejam comparados. Esse é o caso dos fundos de "Ações Setoriais", que privilegiam papéis de determinado segmento da economia brasileira. Uma segunda opção são os fundos "Ações Sustentabilidade/Governança", que preferem ações de empresas com preocupações sociais e ambientais. Além disso, existem os fundos em que é possível usar o FGTS para a compra de ações, chamados pela Anbima de "Ações FMP - FGTS".
Todas essas três categorias de fundos foram incluídas no ranking, mas nenhum representante desses produtos conseguiu se posicionar entre os dez mais rentáveis do Brasil. A única exceção entre as categorias menores foi a de "Ações Dividendos", que emplacou um fundo, o Victoire Yield Ações FI, na lista dos dez melhores. Nessa categoria, o gestor prioriza empresas que pagam bons dividendos na hora de alocar o portfólio.