Carros com alto consumo de combustível, com alto índice de roubo e potentes são exemplos de veículos que podem pesar no bolso depois (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2012 às 05h00.
São Paulo – Ao procurar um carro novo, o preço é um dos principais critérios para definição da escolha. Mas, muitas vezes um modelo que tem um valor atraente na compra, pode ter um custo desanimador depois. Por isso, o ideal é que as duas variáveis sejam pesadas: o preço do carro e os custo que ele terá depois.
Veja a seguir quais são os tipos de carros que têm grandes chances de te custar caro.
Carros grandes
O maior peso dos carros grandes exige um maior desempenho do motor e, portanto, maior consumo de combustível. “Para ser pesado e grande, o carro precisa ter um motor que aumente a sua potência e isso gera maior consumo”, afirma o consultor automotivo e diretor da Universidade Automotiva (Uniauto), Amos Lee Harris Júnior.
Encaixam-se perfeitamente neste tópico os SUVs, os utilitários esportivos que têm fama de ser "beberrões". São carros grandes e que costumam ter motor de alta potência, por isso têm um maior consumo em relação a automóveis de outras categorias.
Os carros grandes também têm alguns custos agregados, que apesar de pouco relevantes, não são encontrados em carros pequenos. São os custos adicionais cobrados em serviços como lavagens e em estacionamentos. Um levantamento feito pelo site de comparação de preços Mercado Mineiro mostra que os preços de lavagem variam em média 20 reais dependendo do porte do veículo. Se a lavagem custar 50 reais para o carro grande e 30 para o pequeno e o carro for lavado duas vezes por mês, ao final do ano há um gasto adicional de 580 reais com o carro grande.
Carros mais potentes
Conforme Harris explica, a potência do carro também implica em um maior gasto com combustível. “São carros que costumam ser mais agregados em termos de equipamento e porte. E mesmo os carros pequenos esportivos com motores possantes,como o motor 3.4, motor 4.1, também acabam sendo mais pesados e consomem mais”, afirma.
Para dar uma medida do tipo de carro que vai custar carro, Amos Lee afirma que os carros com motor 2.0 para cima costumam ter um maior consumo, que pode facilmente chegar a ser o dobro dos carros 1.0 e 1.4. “É uma diferença enorme do consumo para os carros 1.0, 1.4 e 1.6. Esses carros com um motor mais potente normalmente são associados a um maior consumo”.
Carros de marcas recém-chegadas ao país ou com pequena cobertura nacional
Os carros chineses, de marcas como Chery e JAC, são os exemplos mais clássicos deste item. São carros mais baratos que seu similares, mesmo vindo com mais itens de fábrica e garantia estendida, mas que depois acabam saindo mais caro. Como as montadoras chinesas chegaram há poucos anos no país é mais difícil encontrar oficinas especializadas nas marcas e concessionárias do que em relação aos nacionais. Assim, quando eles precisam passar por um reparo ou uma reposição, as peças são trazidas de fora e podem demorar a chegar no Brasil, o que encarece muito a manutenção.
O diretor da Uniauto acrescenta que por motivos parecidos, mesmo as montadoras que já se estabeleceram no Brasil há mais tempo também podem ter carros que vão custar caro depois. “Marcas que não têm cobertura nacional nas principais cidades, não só essas novas chinesas, mas algumas francesas e mesmo as japonesas e coreanas, como a Toyota, a Honda e a Hyundai, têm menos concessionarias do que as quatro grandes – GM, Ford, Fiat e Volkswagen – e vão ter um custo maior na ordem de serviço”, afirma.
Carros importados
Pela mesma razão, da maior dificuldade na reposição de peças e na manutenção, também os carros importados acabam pesando mais no bolso depois de comprados. E isso não se restinge apenas às montadoras que importam a maior parte dos carros, mas engloba também os carros importados de montadoras com alta escala de fabricação nacional.
Harris cita o caso do Ford Edge e do Honda CRV. “O Ford Edge vem do Canadá e o CRV da Honda vem do México. Como eles não são fabricados no Brasil, nem montados aqui, eles chegam com um preço atraente, porque são de montadores que têm o beneficio de importação incentivada, mas quando dá algum problema, a manutenção é caríssima e a mão de obra também”, conta.
Ele acrescenta que o Passat da Volkswagen é outro exemplo de carro produzido por uma montadora com grande abrangência nacional, mas que por ser importado também tem um elevado custo de manutenção. “O Passat, além da manutenção mais cara por ser importado, ainda precisa de mão de obra especializada, o que encarece muito seus custos”, diz.
Os carros mais roubados e com alto valor de seguro
Primeiramente, os carros com maior incidência de roubos podem sair mais caro porque, obviamente, têm mais chances de serem roubados e gerar prejuízos.
E, em segundo lugar, esses carros possuem um valor de seguro mais elevado. Apesar de variáveis como o perfil do motorista e a região de pernoite do carro serem muito relevantes para a formação do preço do seguro, a incidência de roubos também eleva muito o valor da proteção.
Mensalmente, EXAME.com divulga a lista dos 10 carros com maior frequeência de roubo no país. Segundo especialistas, o principal motivador dos roubos e furtos é a busca de peças no mercado negro. Por isso, quando as peças de um determinado modelo são mais buscadas, ele tem mais chances de roubo. Modelos de montadoras que costumam ter mais dificuldade para repor peças e carros que têm alto custo de reparabilidade costumam ter uma maior demanda por peças não originais e acabam sendo mais visados por ladrões.
Isso explica por que carros populares muito vendidos são penalizados. Esses veículos costumam ser mais mirados por ladrões porque suas peças são muito procuradas em desmanches. Além disso, muitas vezes eles não vêm com equipamentos de segurança, que ajudam o veículo a manter a estabilidade, prevenindo acidentes. O Novo Gol G6, por exemplo, um dos carros mais populares entre os brasileiros, tem um seguro que corresponde a 4,7% do valor do carro, segundo simulação feita por um especialista consultado por EXAME.com.
O Siena Attractive é outro exemplo de carro que acaba custando caro por conta do valor do seguro. Ele tem um dos seguros mais caros do mercado, que corresponde a 10% do valor do carro. Como o modelo costuma integrar frotas de empresas e de locadoras, isso acaba elevando o índice de sinistralidade do modelo.
O seguro do Fiat 500 também torna o custo do carro mais pesado depois. Apesar de o modelo ter sido nacionalizado, mais de 70% das peças de reposição são importadas. Por isso, a seguradora pode gastar muito mais mais para reparar um carro como esse do que gastaria em um carro nacional. Além disso, pelo fato de ser compacto, mesmo uma batida frontal que seria de menor gravidade pode ocasionar perda total.
Carros fora de linha
Os carros que saem de linha podem custar caro por dois motivos. O primeiro deles é que, com a produção descontinuada, sua demanda diminui significativamente e eles acabam sofrendo uma depreciação mais elevada do que os carros que ainda são produzidos.
E o segundo motivo são de novo os custos de reposição e reparo. Como os carros não são mais fabricados, as concessionárias encontram mais dificuldade em buscar as peças para reposição, do que com os carros ainda produzidos em larga escala. E além disso, o valor das peças originais será balizado pelo valor do carro original. Assim, um motorista que comprou o carro usado por 40.000 reais, por exemplo, pode ter que pagar o valor da peça equivalente ao preço original do carro, de 80.000 reais.
“A manutenção do carro que sai de linha fica tão cara que o motorista não faz questão de fazer o conserto na concessionária, ele faz em uma oficina particular, no segmento paralelo. A peça fica cara e é muito comum, mesmo no mercado original, que a concessionária use peças piratas”, afirma Amos Lee Harris Júnior.
Carros que não possuem itens básicos
Comprar um carro sem alguns itens básicos, como direção hidráulica, o ar condicionado e os vidros elétricos, é o perfeito exemplo do barato que pode sair caro. Em primeiro lugar, se o motorista decidir instalar os itens depois, o custo será mais elevado do que se o carro já tivesse sido comprado equipado, conforme mostra um levantamento realizado por EXAME.com.
E na hora da revenda, o carro também será menos valorizado. O que levará o motorista a gastar mais dinheiro se o objetivo for vender o carro usado para usar como entrada no pagamento de um zero quilômetro. “Acaba ficando muito mais caro depois colocar ar condicionado e direção hidráulica do que já ter comprado esses itens de fábrica incialmente. E na hora de revender, se não tiver ar e direção de fábrica, fica mais difícil vender, então o carro precisará ser vendido por um valor mais baixo. E por mais que o motorista coloque esses itens fora da autorizada, quando ele vender o carro, isso não vai agregar valor”, explica o diretor da Uniauto.
Carros com câmbio manual
Segundo Harris, o carro automático acaba sendo mais econômico do que o manual por possuir uma inteligência para a troca de marchas que o câmbio manual não tem. “O carro automático troca de marcha na velocidade certa, enquanto no manual, muitas vezes o motorista vai forçar mais o motor e pode não fazer a troca de forma correta, o que acaba desgastando mais a embreagem”, afirma.
Além disso, ele acredita que com a maior tendência de automatização dos carros, a preferência geral será pelo câmbio automático. Se isso ocorrer, os câmbios manuais sairão caros porque, sem muita procura, o carro poderá ter uma maior desvalorização.
Carros de luxo
Assim como seus preços de compra, a manutenção dos carros de luxo também é das mais caras do mercado. Mesmo o que há de mais rotineiro, como a troca de óleo, sairá mais caro do que a manutenção usual de um carro mais popular.
São carros que possuem peças mais caras e costumam exigir combustíveis e outros tipos de fluídos, como o óleo, diferenciados. É claro que um motorista que consegue pagar um carro desses provavelmente conseguirá arcar com a sua manutenção. Mas, como os carros luxuosos são dos mais caros de se manter, não poderiam faltar na lista.
Os carros luxuosos também possuem a depreciação mais alta do mercado, conforme explica Joel Leite, diretor da agência AutoInforme. “A depreciação desses carros é muito alta porque é difícil encontrar compradores para esses modelos e também porque quem compra um carro desse tem muito dinheiro e vai preferir comprar o carro zero. Com baixa procura, esses carros são os que mais perdem valor na revenda”, diz.
Para dar um exemplo, um Maserati Granturismo, motor 4.7, se desvaloriza 24,4% no primeiro ano de uso, segundo dados do último levantamento feito pela Agência AutoInforme, com base nos dados da Tabela Molicar de preços de veículos usados. A mesma pesquisa mostra que um dos carros com menor depreciação, o Celta, perde 10,8% do seu valor no primeiro ano de uso.